Projeto desenvolvido na UFSCar permite a cuidadores que façam testes e protocolos de Fisioterapia nos pacientes mesmo à distância.
Pesquisadores brasileiros acabam de desenvolver um protocolo que pode melhorar bastante a vida de pacientes idosos com demência.
Quem conhece alguém com esse quadro sabe que essas pessoas precisam de acompanhamento médico frequente. E muitos passam com fisioterapeutas, que costumam aplicar testes de mobilidade funcional e de força muscular, para avaliar o processo de envelhecimento deles.
O problema é que a maioria desses testes é feito apenas em clínicas especializadas. Ou por profissionais que atendem a domicílio – e aí o preço sobe bastante.
Esses dois fatores costumam limitar o acompanhamento médico dos idosos. Primeiro, porque às vezes é difícil transportar esses pacientes. E segundo por causa dos valores – a realidade brasileira mostra que mais da metade da população vive apenas com até um salário mínimo, segundo informações recentes do IBGE.
Partindo dessa premissa, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram esse protocolo de atendimento remoto que pode resolver todos os problemas.
Atendimento a idosos por vídeo – e de qualidade
- A ideia é treinar cuidadores para que eles consigam realizar os testes de mobilidade funcional e de força muscular.
- Eles ficarão com os celulares ligados e, na outra ponta do vídeo, profissionais de saúde farão a supervisão online.
- Com o resultado desses exames rápidos, o fisioterapeuta poderá prescrever tratamentos e exercícios específicos em tempo real.
- A grande vantagem desse método é que o idoso não vai precisar se locomover.
- Além disso, os custos serão reduzidos.
“A grande contribuição deste trabalho está em conseguir acessar de modo mais amplo a população de idosos com demência, visto que a telessaúde traz facilidades práticas, tornando o atendimento mais frequente e o acompanhamento da pessoa idosa mais completo”, afirma Larissa Pires de Andrade, professora do Departamento de Fisioterapia da UFSCar e coordenadora do estudo publicado na revista Geriatrics, Gerontology and Aging.
Um experimento bem-sucedido
Além da criação do protocolo, os pesquisadores da UFSCar já o colocaram em prática – e a experiência deu super certo.
Ao todo, 43 idosos com demência participaram do experimento. Entre os testes realizados de forma remota estão:
- o Short Physical Performance Battery, que é uma série de avaliações para verificar fatores como velocidade de marcha, equilíbrio estático e força de membros inferiores;
- o 30 Seconds Sit to Stand, que avalia quantas vezes nesse intervalo o indivíduo consegue sentar e levantar de uma cadeira;
- o Time Up to Go, que consiste em levantar de uma cadeira, caminhar três metros de distância, virar, caminhar de volta e sentar-se novamente;
- e o Time Up Dual Task, que é igual ao anterior, mas o paciente precisa responder perguntas durante o trajeto.
Vale destacar que todos os voluntários tiveram acesso aos testes em suas próprias casas, por meio de uma plataforma on-line. Antes disso, os cuidadores receberam uma capacitação técnica. As avaliações foram feitas com participação online e em tempo real de um profissional de saúde, que ficava esclarecendo eventuais dúvidas. E, segundo os pesquisadores, os resultados foram satisfatórios.
O próximo passo do estudo é ampliar o número de participantes e buscar ainda mais alternativas para tornar a vida desses pacientes melhor.
As informações são da Agência Fapesp.
Fonte: Olhar Digital