No Reino Unido, pesquisadores estão usando uma tecnologia baseada em inteligência artificial (IA) para identificação e monitoramento em larga escala de animais na natureza. A ideia tem como um dos principais objetivos ajudar especialistas em conservação ambiental a lidar com a diminuição da biodiversidade por lá.
Essa tecnologia, promovida pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL), é composta por câmeras e microfones alimentados por um sistema de aprendizado de máquina do Google. Ela captura sons e imagens e, além de identificar os animais, mapeia o ambiente, fornecendo aos profissionais milhares de dados e horas de áudio essenciais para os trabalhos de preservação.
Identificação e monitoramento abrangente de animais
Diversas aves foram reconhecidas por seus cantos, enquanto raposas, veados, ouriços e morcegos foram identificados por análise de inteligência artificial. Detalhe: não há participação de observadores humanos no processo in loco.
O enorme volume de operação e geração de dados é um ponto crucial destacado pelos pesquisadores. Segundo Anthony Dancer, especialista em conservação da ZSL, essa grande escala só foi possível através do uso da IA, já que seria inviável realizar o mesmo trabalho somente com observadores humanos.
Testes bem-sucedidos
Os locais de teste escolhidos para o projeto foram terrenos próximos a linhas ferroviárias em Barnes, Twickenham e Lewisham, em Londres. Essas áreas foram cercadas para evitar o acesso de pessoas. Apenas equipes de manutenção podem entrar nos locais, que pertencem à Network Rail, parceira do projeto.
Para Neil Strong, gerente de estratégia de biodiversidade da empresa pública de rede ferroviária, essas áreas são muito importantes na proteção da vida animal e vegetal do país. São mais de 52.000 hectares de terra próximos às linhas de trem servindo de moradia para as mais diversas espécies.
Com a IA, foi possível obter dados muito importantes de animais como o sabiá-laranjeira, o melro e o chapim-real (aves que, na natureza, precisam de bons suprimentos de bagas e nozes). A tecnologia capturou sinais acústicos a partir de sensores em todos os locais de teste.
Agora, o projeto pretende expandir a atuação no Reino Unido, para além das áreas da Network Rail. Conforme explica Dancer, a expectativa é que a tecnologia dê informações sobre como as espécies estão se movendo em resposta às mudanças climáticas e como devemos administrar a vegetação, não apenas ao lado das ferrovias, mas também nas margens das estradas e em outros lugares.
Fonte: Olhar Digital