A maior parcela da população brasileira enxergava a ida aos supermercados como um destino protocolar para abastecer suas casas. Com a chegada da pandemia, o setor supermercadista foi tomado pelas novas tecnologias e se reinventou para atender os novos perfis de clientes que surgiram durante e depois desse período.
Como todos os setores, os supermercados se tornaram mais digitalizados. Para quem se acostumou com a conveniência de fazer compras sem sair de casa, os aplicativos das redes supermercadistas oferecem promoções e descontos através de notificações personalizadas que foram baseadas em seu histórico de pedidos. É possível, ainda, acompanhar lives e fazer compras pelo WhatsApp.
Os supermercados físicos não ficaram para trás e adotaram tecnologias que utilizam o CRM e a inteligência artificial para monitorar os hábitos dos consumidores e oferecer experiências de compra cada vez mais personalizadas.
“Nossos olhos estão voltados para a erradicação das filas. A tecnologia para isso existe, mas precisa ganhar escala. Opino que daqui há 5 anos teremos uma loja totalmente modificada”, afirma Fábio Queiróz, presidente da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj).
Com o chamado “varejo de dados”, é possível alterar todo o ponto de venda da unidade baseado na frequência com que cada produto é vendido ou devolvido às gôndolas. Parte dos supermercados também adotaram robôs que escaneiam as prateleiras para encontrar produtos fora da validade ou baixo estoque.
“É um varejo mais dinâmico. O setor sempre teve o dinamismo como característica e ouvia-se muito o consumidor. Agora, é ouvir e monitorar. Em até dez compras, a inteligência artificial detecta todo o seu hábito de consumo e consegue prever se o cliente tem filho, se mora sozinho, etc. Tudo isso é refletido nas gôndolas”, explica.
Jornada de compras
Com inúmeras possibilidades de compras, a jornada de consumo se torna cada vez mais dinâmica e o omnichannel vai além do momento da compra. “A tecnologia serve para duas coisas no varejo: aprimorar a logística do negócio e a experiência de compra do consumidor. O setor tem que estar presente no físico e no digital e, além disso, oferecer todos os meios de pagamento possíveis. O futuro é a omnicanalidade completa”, afirma.
Mais do que o abastecimento das casas, a convergência entre o físico e o digital transformou as unidades em espaços que oferecem experiências. Ainda distante de ser um formato difundido, existem lojas 100% autônomas. Nas redes Zaitt, o cliente entra no estabelecimento através de um código oferecido pelo aplicativo da marca e pode escolher até a música que toca entre os corredores. Lá, as tecnologias retêm informações sobre produtos comprados ou itens que foram abandonados ao longo da jornada.
“O varejo é rei em inventar, reinventar e extinguir formatos. Além disso, tem consumidor para tudo. Cada vez mais vemos a diminuição do número dos hipermercados e, ao mesmo tempo, vemos a proliferação de unidades express e mercados de bairro. Há consumidores que preferem realizar suas compras em 40 minutos e aqueles que andam pelos corredores e levam uma, duas horas”.
Diferente de filmes de ficção científica e, ao mesmo tempo, distante dos formatos de pré-pandemia, as novas versões dos supermercados são moldados para serem digitalizados, omnicanalizados e personalizáveis.
“A tecnologia vai transformar o supermercado físico em um espaço cada vez mais interessante. O consumidor vai frequentar as unidades como quem vai ao shopping e experimentará as tecnologias que facilitam a vida dele. O supermercado do futuro será o resultado da aplicação de todas as tecnologias em larga escala. Quem manda na loja é o consumidor, e ele exige essa evolução”, finaliza.
De Gabrielly Mendes