Em junho deste ano, a diferença média entre o preço anunciado por um imóvel e o valor que ele é vendido, foi de 18,46%, de acordo com o levantamento Índice de Preço Real, realizado pelo grupo Loft. O dado simboliza uma reclamação frequente entre corretores e empresas que atuam no setor: a falta de informações claras. Em resposta a esse contexto, startups adotam inovação e apostam em transparência para se destacarem.
“O mercado imobiliário é cheio de oportunidades, mas a falta de organização dos dados prejudica o avanço”, afirma Maria Eduarda Herriot, Co-Fundadora e CCO da Bel, startup que usa inteligência artificial para tornar a procura por imóveis mais intuitiva e eficiente.
Fundada em 2022, a companhia atua como um buscador semelhante ao Google, agregando anúncios de imóveis e tornando possível encontrá-los via linguagem natural. Ou seja, ao invés de preencher os tradicionais filtros presentes em marketplaces do segmento, o usuário pode apenas digitar suas preferências e a própria plataforma organiza as informações para entregar resultados mais assertivos. Além disso, a startup se propõe a agregar os anúncios disponíveis em outros sites, mas retirando informações repetidas, substituindo fotos ruins e trazendo dados claros.
“O usuário tem a experiência prejudicada quando vê 10 mil anúncios de um mesmo imóvel em portais diferentes e com dados dissonantes. Também conseguimos identificar os anúncios que são ‘iscas’ – quando o comprador coloca um valor muito menor do que o praticado para atrair compradores”, explica Maria Eduarda. Além disso, ela complementa que a empresa também mostra aos vendedores se o preço anunciado por um imóvel está adequado à região.
Jornada física e com obstáculos
A ideia de tornar o mercado imobiliário mais transparente e acessível para os consumidores também é a base do SuaQuadra. Criada em 2022, a startup se propõe a agilizar o processo de locação de imóveis comerciais. Para isto, a companhia consolida dados de diversas fontes do imóvel e da região na qual ele se encontra para que o comerciante tenha mais clareza na hora de tomar a decisão.
Na prática, a pessoa interessada na locação tem acesso a dados como fluxo de pedestres na rua, densidade populacional da região e condição do imóvel, além de verificar o mapa e a planta do imóvel. “A jornada para encontrar o local ideal para um negócio ainda é muito física. Atualmente, o interessado sai batendo perna na rua e olha placas de anúncio”, diz o CEO da SuaQuadra, Pedro Donato.
Outro ponto relevante, segundo Donato, é a localização. Ele cita como exemplo os imóveis que são anunciados em sites de aluguel, que dificilmente têm o endereço exato. “Quando uma marca de chocolate vai abrir uma loja, não basta que o imóvel esteja disponível. O empresário precisa saber se as chances dele ter sucesso naquele ponto são altas ou não. Qual é a renda de quem mora ali? Como é a vizinhança? E o movimento de carros?”, questiona.
Para o CEO, a proposta de trazer transparência e tecnologia para um mercado visto como tradicional tem agradado o público. “Conhecemos empresários que negociaram uma locação para, só depois de assinar o contrato, descobrir que a lei de zoneamento não permitia alugar uma empresa lá”, exemplifica. “Com dados, economizamos pela metade o tempo que os comerciantes passariam procurando.”
Fonte: Estadão Imóveis