sexta-feira,22 novembro, 2024

Startups de economia verde: onde estão as oportunidades para as cleantechs brasileiras

A nossa geração tem o enorme desafio de mudar a rota do desenvolvimento econômico. Temos de deixar pra trás urgentemente o modelo baseado em combustíveis fósseis e abraçar a economia verde. Nessa jornada, as startups verdes cumprem um papel importante, pois podem funcionar como aceleradoras da cadeia da inovação, desenvolvendo soluções capazes de resolver – ou minimizar – inúmeros problemas, seja no campo energético, na agricultura, na mobilidade urbana ou na indústria. Mas onde estão exatamente as oportunidades para as cleantechs e o ecossistema de investimentos em startups de impacto no Brasil?

O primeiro passo ao refletir sobre essa questão é entender que a combinação de crise ambiental com transformação digital abre um campo enorme de oportunidades para a economia verde. Isso porque a aceleração digital provocada pela pandemia criou um ambiente favorável para o desenvolvimento e a aceitação de tecnologias voltadas à sustentabilidade.

Só para dar uma dimensão das oportunidades à vista, a adoção de tecnologias verdes no período pós-pandemia pode gerar dois milhões de empregos e acrescentar à economia brasileira R$ 2,8 trilhões até 2030, segundo o estudo “Uma Nova Economia para uma Nova Era”, feito pela ONG WRI Brasil e pela New Climate Economy. O trabalho também mostra que a rápida transição para uma economia de baixo carbono e climaticamente resiliente poderia adicionar R$ 19 bilhões em produtividade agrícola e reduzir em 42% as emissões de gases de efeito estufa até 2025 em comparação aos níveis de 2025.

Transição de modelos

O Brasil tem boas condições, por exemplo, de impulsionar a produção de ônibus elétricos, o que poderia dar um salto na inovação da indústria brasileira. Outro exemplo é o setor florestal. O desenvolvimento econômico dessa atividade, com o plantio em larga escala de espécies nativas (silvicultura de espécies nativas), pode posicionar o país como um dos líderes mundiais na exportação de madeira tropical, além de propiciar novas frentes de negócios por meio de mercados de créditos de carbono e outros serviços ambientais, de acordo com a pesquisa. O estudo argumenta, no entanto, que em nenhum setor no Brasil as condições para uma economia de baixo carbono são tão favoráveis quanto na agropecuária.

Já o estudo “A Onda Verde”, desenvolvido pela Climate Ventures e a Pipe.Labo, procurou detalhar os setores econômicos com maiores chances para empreender e investir com impacto ambiental no país. Segundo a pesquisa, as principais oportunidades são as seguintes:

Agropecuária:

  • Negócios que aumentem a resiliência dos produtores rurais diante dos impactos das mudanças climáticas, como soluções baseadas na natureza.
  • Assistência técnica para produtores rurais e agroflorestais, como ensino de técnicas agroecológicas que estimulem a redução de insumos químicos.

Florestas e uso do solo:

  • Negócios para rastreabilidade dos produtos florestais, como sistemas de rastreamento a partir de blockchain e Internet das Coisas.
  • Desenvolvimento de equipamentos e maquinário adaptados para

Indústria:

  • Soluções industriais baseadas em modelos de comércio justo ao longo do ecossistema das grandes empresas.
  • Serviços que reduzam o descarte de resíduos.

Energia e biocombustíveis

  • Tecnologia para aumento da eficiência energética.
  • Criação de instrumentos financeiros para projetos de energia renovável, como fundos de investimento e green bonds.

Logística e mobilidade

  • Tecnologia para a infraestrutura de apoio a veículos elétricos, como postos de recarga.
  • Serviços de transporte de baixo carbono, tanto de cargas como de pessoas.

Água e saneamento

  • Técnicas para aumentar o reúso de água na indústria, agropecuária e habitação.
  • Equipamentos de saneamento básico para regiões de baixa renda, especialmente de acesso à água potável e tratamento de esgotos.

Gestão de resíduos

  • Soluções para fortalecer a logística reversa.
  • Sistemas de substituição de materiais descartáveis.

Como se vê, as oportunidades se espalham por diferentes setores e atividades. Os desafios para os empreendedores, porém, ainda são inúmeros. A participação das startups de tecnologia verde no Brasil, por exemplo, ainda é modesta dentro do ecossistema de inovação. O Mapeamento Cleantech 2021, realizado pelaAssociação Brasileira de Startups em parceria com a EDP, registra que, das 102 startups mapeadas, apenas 33% receberam investimentos. O futuro para as cleantechs é promissor, mas os investimentos ainda patinam. Está na hora de desatar esse nó e impulsionar as startups verdes no país.

Por: Exame

Redação
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