Brasil recebeu destaque especial no primeiro dia do Expand North Star, evento para startups que integra o GITEX Global, realizado nesta semana na cidade
Pelo segundo ano, a brasileira Onii, de tecnologia para lojas autônomas, participa do Expand North Star, evento com foco em startups que integra a programação do GITEX Global, feira de tecnologia realizada em Dubai. Mas, desta vez, tem um elemento diferente: escritório aberto nos Emirados Árabes Unidos. A oportunidade da internacionalização veio com um lead gerado na primeira ida à conferência.
Menos de um ano após participar do evento, Victor Azouri, fundador da startup, decidiu arrumar as malas e se mudar para Dubai com a família para apostar no mercado árabe. “Continuamos mantendo contato com um cliente que conhecemos, mas o árabe gosta do olho no olho. Foi uma decisão pela empresa, me mudei em julho. Agora saíram todas as nossas documentações e vamos começar a operação com uma startup daqui”, conta.
Organizado pelo Dubai World Trade Center, o GITEX Global receberá 1.800 startups expositoras, palestrantes de mais de 100 países e 1.000 investidores até quarta-feira (18/10), no Dubai Harbour. O Brasil ganhou um espaço especial no primeiro dia do Expand North Star deste ano porque a América Latina será a região de destaque da próxima edição – vista com bons olhos para fazer negócios.
Por isso, quem esteve na feira neste domingo (15/10) foi recebido por música brasileira já na entrada. O evento contou com outras ativações brasileiras, como grupo de percussão circulando entre os estandes, fitinhas coloridas remetendo ao Nosso Senhor do Bonfim e açaí.
Em um estande especial, 20 startups brasileiras selecionadas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) vão expor seus trabalhos e entrar em contato com potenciais investidores e clientes. Trê delas estão competindo no SuperNova Challenge, batalha de pitches com empresas de diferentes países: Altave, software de inteligência artificia para monitoramento, B2Brazil, plataforma de marketplace para pequenas e médias empresas fazerem trade internacional, e Medkan, ecossistema integrado de pacientes, médicos e empresas de saúde.
Na edição de 2022, cinco startups brasileiras chegaram à semifinal do desafio, e a Biosolvit, startup de biotecnologia, saiu vencedora na categoria ‘Overall Industry Pioneer’ (Pioneira da Indústria, em tradução livre).
Interesse brasileiro
Das 20 startups brasileiras participando do Expand North Star neste ano, MetaAmazônia, Onii e 4RevOps (antiga Market4Edu) já abriram escritórios em Dubai e estão atendendo clientes locais. Segundo Tatiana Riera, chefe do escritório da ApexBrasil na cidade, os Emirados Árabes Unidos têm investido para ser o Vale do Silício do Oriente Médio. “Eles têm esse foco de trazer e atrair startups para usarem Dubai como um hub para alcançar outros países e regiões do Oriente Médio e do sudeste asiático”, conta.
Apesar de muitos fundadores buscarem o caminho da internacionalização pela América Latina, Europa ou Estados Unidos, Riera afirma que Dubai é propícia para a abertura de empresas de base tecnológica. “Existe uma estratégia de governo para atrair esse público e o Brasil, definitivamente, está dentro. Há um entendimento cada vez maior de que é um país que também tem força na tecnologia e é mais do que agricultura”, acrescenta.
Uma das frentes que atuam com essa atração de empresas é a Câmara de Economia Digital de Dubai, que facilita a abertura de novos negócios de base tecnológica na cidade para atrair talentos especializados. Em uma ação realizada ao longo do Expand North Star, a instituição vai resolver questões burocráticas de fundadores interessados na internacionalização, como vistos de trabalho, abertura de CNPJ e moradia.
“A economia digital é o terceiro setor que mais contribui para o PIB de Dubai. Há um desejo da cidade de focar nesta indústria para que ela cresça, porque permite que Dubai se diversifique da economia mais tradicional, como construção e serviços financeiros”, declara Saeed Algergawi, vice-presidente da Câmara, que tem 25 escritórios espalhados pelo mundo, incluindo um em São Paulo.
A importância do setor de ciência, inovação e tecnologia na economia fez parte do discurso de Sidney Leon Romeiro, embaixador brasileiro nos Emirados Árabes Unidos. “Essa área é importante não só porque ajuda no nosso desenvolvimento, mas porque dá uma ideia do futuro que teremos. Vemos que é uma aposta correta quando temos tantos brasileiros com ideias em um evento como esse. Nós queremos fortalecer a agenda e parceria com os Emirados porque esse é o Brasil que a gente quer: criativo, sustentável e que inspira as novas gerações”, diz.
Texto: Rebecca Silva