O dispositivo, chamado de Halo, parece uma tiara, vai emitir sinais de ultrassom focalizados e usar IA para “estabilizar sonhos lúcidos”
A Prophetic é uma startup de tecnologia, fundada em março de 2023 por Eric Wollberg e Wesley Berry, que atualmente desenvolve o que chama de “primeiro dispositivo vestível do mundo para estabilizar sonhos lúcidos“. E o aparelho vai usar inteligência artificial (IA) para isso.
Para quem tem pressa:
- A startup Prophetic, fundada em março de 2023, desenvolve um dispositivo vestível para estabilizar sonhos lúcidos por meio da inteligência artificial (IA);
- O dispositivo, chamado de “Halo”, se assemelha a uma tiara e vai emitir sinais de ultrassom focalizados;
- A empresa colaborou com a Card79, que também trabalhou com a Neuralink de Elon Musk, para criar o protótipo do dispositivo;
- O CEO Eric Wollberg e o diretor de tecnologia Wesley Berry planejam apresentar um protótipo funcional em breve, mas o teste completo está programado para “o terceiro ou quarto trimestre de 2024”;
- Sonhos lúcidos são experiências em que a pessoa percebe que está sonhando e pode controlar partes do sonho.
Sonhos lúcidos ocorrem quando uma pessoa que está dormindo percebe que está sonhando e, a partir daí, consegue controlar partes dos seus sonhos. Já o dispositivo em questão parece uma tiara e emite sinais de ultrassom focalizados.
Para criar o protótipo do dispositivo não invasivo, apelidado de “Halo”, a Prophetic se associou à Card79 – a mesma empresa que projetou e construiu hardware para a empresa de interface cérebro-computador de Elon Musk, a Neuralink.
O CEO da startup Wollberg e o diretor de tecnologia Berry planejam apresentar um protótipo semi-funcional do aparelho entre outubro e começo de novembro. Mas o teste completo do protótipo, afirmam, terá que esperar até “o terceiro ou quarto trimestre de 2024”.
A startup levantou uma rodada de financiamento de US$ 1,1 milhão (aproximadamente R$ 5,7 milhões) com a participação do Scout Fund da a16z e liderada pela BoxGroup, o fundo de capital de risco conhecido por ser o primeiro a investir na empresa de tecnologia financeira Plaid, segundo a CNBC.
Sonhos lúcidos num headset
Estudos neurocientíficos sobre sonhos lúcidos remontam à década de 1970, segundo pesquisas publicadas na Biblioteca Nacional de Medicina. Mas o interesse aumentou com a expansão do campo de neurociência cognitiva.
Wollberg teve seu primeiro sonho lúcido aos 12 anos. Embora ele não se lembre exatamente do que fez, ele o chamou de “uma das experiências mais profundas que já teve”. Na faculdade, ele começou a ter sonhos lúcidos duas vezes por semana e percebeu que queria criar uma maneira de usar a prática para explorar a consciência num nível mais profundo.
Enquanto isso, o co-fundador Berry tinha experiência em prototipagem de neurotecnologia – especificamente, alimentando dados de eletroencefalograma, ou EEG, em uma rede neural transformadora, um modelo de IA pioneiro do Google, para explorar o que as pessoas vêem em suas mentes.
Wollberg e Berry contam com os resultados do estudo de um ano do Instituto Donders para fornecer dados de treinamento suficientes para que sua IA funcione no dispositivo Halo. O tipo de dados cerebrais que buscam são as frequências gama – a banda mais rápida de frequências de ondas mensuráveis, que ocorrem em estados de profundo foco. Elas também são uma característica marcante de um córtex pré-frontal ativo – e acredita-se que são uma característica definidora de sonhos lúcidos.
O plano de Berry é usar uma rede neural convolucional para decodificar dados de imagem cerebral em “tokens” e, em seguida, alimentá-los no modelo transformador de uma forma que ele possa entendê-los.
O objetivo da Prophetic com o protótipo é usar ultrassons focados para estimular os córtex pré-frontais dos usuários durante o sonho. Pesquisas sugerem que a estimulação por ultrassom focalizado pode melhorar a memória de trabalho.
Berry compara isso, de certa forma, à ideia de não saber como você chegou a algum lugar enquanto está sonhando. É parte do motivo pelo qual ele acredita que há uma “muito, muito boa chance de que isso funcione”.
Texto: Pedro Borges Spadoni