Com o valor, a Esporte Educa quer atender mais de 3 mil crianças em 12 meses e pretende criar o “Fies dos esportistas”
A startup Esporte Educa, de educação focada em atletas acaba de anunciar a captação de R$ 1,675 milhão. O valor recebido veio do Fundo Amazônia Ventures e deve ser usado para o desenvolvimento de novos produtos, investimento em marketing e contratação de novos funcionários. A empresa também conecta esportistas a bolsas de estudo compatíveis.
Lançada em 2020, a edusportech surgiu da experiência de Ivan Ballesteros, 31 anos, como jogador de futebol profissional. “Os meus colegas de time não estudavam porque não tinham dinheiro ou porque o clube não estava nem aí. Muitas vezes, eles só querem saber se vão vender a gente por milhões”, conta Ballesteros que tem passagens pelos clubes paulistas Nacional e Matonense.
Aos 21 anos, devido a uma lesão, ele precisou parar de jogar — e decidiu que empreenderia na área. Antes de abrir a startup, ele trabalhou com marketing esportivo e em uma faculdade, onde conseguiu entender melhor como o mundo da educação funcionava.
O foco inicial da Esporte Educa foi no ensino superior, mas um ano após a fundação, o empreendedor pivotou para o ensino básico. “Do ponto de vista econômico é um mercado maior, enquanto do ponto de vista social é mais fácil ajudar uma criança do que um jovem de 20 anos que acredita que não tem mais espaço no esporte”, explica Ballesteros.
Para que a solução funcione, a empresa conta com um marketplace que permite que crianças e adolescentes tenham acesso a bolsas de estudos em escolas privadas — o público-alvo varia dos 10 aos 23 anos. Os esportistas podem conquistar os benefícios individualmente, mas também são feitas parcerias com clubes. As bolsas variam de 10% a 100% de acordo com o perfil do aluno.
A Esporte Educa também vende cursos específicos para atletas, com conteúdos como oratória, inglês básico no esporte, noções contratuais e inteligência artificial. A plataforma funciona sob demanda, possibilitando que os alunos assistam às aulas quando quiserem. O plano anual para ter acesso aos materiais custa R$ 39,90 ao mês. O mesmo produto é vendido para clubes.
Durante quase três anos de funcionamento, a startup recebeu R$ 150 mil entre investidores-anjos e Venture Capital, que contribuíram para os estudos de 540 atletas — sendo 80 deles já formados no ensino básico. Com os resultados, a startup já gerou um lucro de R$ 3 milhões para as instituições parceiras e deu mais de 4 milhões em bolsas, segundo o empreendedor.
Com o dinheiro do aporte recente, Ballesteros conta que terá capacidade para abrir mais de 3 mil matrículas nos próximos 12 meses e expandir a atuação territorial, atualmente predominante no Sudeste, para o Nordeste e Amazonas. Para que esse crescimento seja possível, pretende aumentar a equipe de 8 para 13 funcionários ainda em 2023 e investir em marketing. “Existe um paradigma de que atleta não estuda, vamos fazer ações de branding para mostrar que é possível estudar e ter alto desempenho no esporte”, esclarece o fundador.
Também há planos para o desenvolvimento de novos produtos, como o financiamentos. “Mesmo com os descontos das bolsas, alguns pais não conseguem pagar todo o valor. Criar um ‘Fies dos atletas’ seria um caminho interessante para atingirmos um público maior”, pontua.
Texto: Bianca Camatta