Elas podem ser reutilizadas e são biodegradáveis

Quando uma turbina eólica chega ao fim de sua vida útil, após duas ou três décadas, suas imensas hélices, em geral, acabam em aterros sanitários. Isso acontece, principalmente, devido aos materiais utilizados.

“[As hélices são] uma espécie de ‘sanduíche’ de diferentes materiais, todos unidos com cola”, explica Tom Siekmann, CEO da Voodin Blades, startup alemã que desenvolveu uma versão em madeira para substituir as hélices tradicionais.

“Mesmo que seja possível reciclar cada componente individualmente, é extremamente difícil desmontá-los”, conta Siekmann. O nível de dificuldade aumenta ainda mais quando consideramos o tamanho das hélices, que podem chegar a ser maiores do que um campo de futebol.

Além disso, o processo de reciclagem é tão caro que geralmente não é viável. Quando ocorre, as hélices são transformadas em produtos de qualidade inferior, como cimento.

Crédito: Kiel Oliver Maier/ Voodin Blade Technology

Há alguns anos, Siekmann estava reunido com amigos que trabalhavam na indústria de energia eólica e a conversa se voltou para esse problema. “Pensamos: ‘o que mais podemos fazer? Que material é mais sustentável e fácil de reciclar?’” Então, começaram a considerar madeira. Após cálculos iniciais indicarem a viabilidade do design, eles construíram pequenas amostras e, mais tarde, um protótipo.

A Voodin Blades utiliza madeira laminada de alta tecnologia – um material muito resistente e com características semelhantes à fibra de vidro – unida por uma cola desenvolvida para interagir bem com a madeira.

A startup, que fez parte do mais recente grupo da iniciativa de aceleração de design sustentável Circular Valley, está focada em encontrar alternativas que evitem que as hélices acabem em aterros sanitários.

Crédito: Kiel Oliver Maier/ Voodin Blade Technology

Se uma turbina eólica com estas hélices de madeira for desmontada, elas podem ser reutilizadas na construção civil ou em outros produtos. Caso contrário, também podem ser queimadas – um processo neutro em carbono, já que a madeira contém CO2 capturado da atmosfera pelas árvores. E, se por algum motivo forem descartadas, há a vantagem de serem biodegradáveis.

Como o processo de fabricação consome muito menos energia do que a produção de uma hélice tradicional e por não utilizar componentes feitos de combustíveis fósseis, a pegada de carbono é 78% menor. O design também permite mais automação na fabricação – a empresa estima que o processo seja 20% mais barato.

Crédito: Kiel Oliver Maier/ Voodin Blade Technology

Recentemente, a Voodin Blades desenvolveu um protótipo que será testado em uma pequena turbina eólica, após obter aprovação regulatória. Em breve, também começará a trabalhar com um fabricante de turbinas eólicas para projetar hélices personalizadas muito maiores para turbinas de última geração.

Os fabricantes já sabem há muito tempo do problema do fim da vida útil. Mas, como uma turbina pode durar 35 anos, esperaram para resolvê-lo. No entanto, essa questão está se tornando mais urgente. Globalmente, 14 mil hélices podem ser desativadas a cada ano, e esse número continuará a crescer. Até 2050, esse cenário pode resultar em até 43 milhões de toneladas de resíduos.

Texto: Adele Peters