Startup chilena que fatura US$ 40 mi com bioplásticos chega ao Brasil

Startup fabrica embalagens e sacolas plásticas com um tipo de matéria-prima que promete desintegrar-se rapidamente — e, assim, aliviar a pressão sobre aterros sanitários e lixões

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A lixarada extra gerada por gente trancada dentro de casa durante a pandemia, e vivendo na base de delivery de itens básicos como comida, virou uma oportunidade de negócio para o empreendedor chileno Ignacio Parada.

Parada é fundador da BioElements, uma startup de Santiago do Chile dona de uma tecnologia de resina apelidada de BioE-8 e com uma formulação mantida em segredo pela empresa.

O que são os bioplásticos

A BioE-8 serve de matéria-prima para embalagens de plástico com uma pegada mais sustentável — também conhecidos pelo jargão bioplásticos.

Na lista de produtos da startup estão sacolas plásticas comuns a supermercados, além de caixas e envelopes para acomodar produtos comprados pela internet.

Quem são os clientes

Entre os mais de 30 clientes da BioElements estão grandes varejistas com operações na América Latina como Falabella, Mercado Livre, Sodimac e Adidas.

“O diferencial do bioplástico da BioElements é que o material é renovável e biodegradável no meio ambiente em até 20 meses, sem liberação de qualquer resíduo tóxico”, diz Parada, cofundador e CEO da BioElements.

“O plástico é um material importante para todos os setores da economia e, em algumas situações, não tem substituto adequado. Entretanto, sua decomposição no ambiente leva pelo menos 400 anos, o que vem causando problemas ambientais relevantes, especialmente nos oceanos.”

Expansão acelerada

A inovação da BioElements, aliada à pressão extra por plásticos criada pelo isolamento social, fez com que a empresa tenha sido uma das startups que mais cresceram na América Latina nos últimos anos.

Fundada em 2014, a empresa atua em oito mercados: Estados Unidos, México, Colômbia, Peru, Chile, Paraguai e El Salvador.

“Entre 2019 e 2020, nosso faturamento dobrou e, no período seguinte, o crescimento foi de 160%”, diz Adriana Giacomin, diretora de vendas da BioElements no Brasil.

Em 2021, a startup foi selecionada pela Endeavor Chile para ser parte da rede global líder em apoio ao empreendedorismo de alto impacto. Além disso, venceu o prêmio PwC Chile Innovación, que reconhece e incentiva práticas inovadoras.

Entrada no Brasil

Em 2022, a empresa prevê receita de 40 milhões de dólares, alta de 54% sobre o ano passado.

Em boa medida a expansão virá de clientes no Brasil, um mercado recém-aberto pela BioElements.

“O Brasil é um dos maiores mercados de plástico do mundo e nossa expectativa é que o país seja a nossa maior operação na América Latina”, diz Parada.

A entrada no Brasil coincide com parcerias feitas pela empresa com um laboratório de ponta da Universidade Federal do Rio de Janeiro para acelerar pesquisas sobre novos usos para a resina já desenvolvida pela BioElements — e de outras matérias-primas a serem desenvolvidas pela startup.

O problema do plástico

O uso excessivo de plástico é uma das maiores ameaças ao meio ambiente. Um estudo global publicado na revista Nature Sustainability em 2021 mostrou que 80% do lixo encontrado nos oceanos é composto por plástico, sobretudo sacolas e garrafas. Entre os efeitos nocivos do material para a fauna marinha estão o emaranhamento de animais, a ingestão, o sufocamento e o aparecimento de parasitas.

Dados do Banco Mundial apontam que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, descartando quase 80 milhões de toneladas por ano. O país fica atrás apenas de EUA, China e Índia.

O uso de bioplásticos biodegradáveis contribui tanto para a diminuição da produção de lixo plástico quanto para o aumento da capacidade dos sistemas de manejo do lixo, uma vez que o material se decompõe no ambiente.

Só 1% de bioplásticos

Os bioplásticos ainda respondem por menos de 1% dos 359 milhões de toneladas de plásticos fabricados anualmente no mundo, segundo a associação European Bioplastics, que representa o setor. A produção, no entanto, cresce ano a ano.

Entre 2018 e 2019, a expansão da capacidade instalada foi de 5%, chegando a 2,1 milhões de toneladas. A expectativa da associação europeia é que esse número continue evoluindo e chegue a 2,4 milhões de toneladas em 2024.

Fonte: exame.com

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