Nesta quarta-feira (22), foi comemorado o Dia Mundial da água. O Brasil vive uma relação hídrica confortável, comparado com outros países, detendo até 12% da água do planeta, segundo dados da Agência Nacional de Água (ANA). Nos últimos anos, a porcentagem vem diminuindo drasticamente. Essa é uma conclusão obtida pelas imagens de satélite de todo o território nacional entre 1985 e 2020 feita pela equipe do MapBiomas. Desde o começo dos anos 1990, o país vem perdendo 15% da superfície de água.

Mesmo com a alta porcentagem, muitas regiões sofrem com a escassez de água, devido à má distribuição geográfica. Hoje, são mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada e cerca de 100 milhões sem acesso à coleta de esgoto, resultando em doenças que poderiam ser evitadas. Ainda nesse caminho, a Unicef levantou que 14,3% das crianças e dos adolescentes não têm acesso à água no Brasil, fato que prejudica a escolaridade e o aprendizado escolar.

A estatística sensibilizou empreendedores da área que, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e com o Centro Internacional de Referência em Reuso de Água (Cirra – UPS), investiram em uma solução prática, eficiente, inovadora e, sobretudo, com um bom custo-benefício.

A PWTech
Assim surgiu a PWTech, startup voltada para a purificação de água contaminada. O equipamento portátil é capaz de transformar, diariamente, 5 mil litros de água suja da chuva, de rios, poços, represas, açudes e lagos em água potável.

“É fato que no Brasil há sérios problemas de saneamento que perduram há séculos. Mas, a falta de acesso à água de qualidade afeta não só a saúde da população mais pobre, como também gera problemas sociais.”
Fernando Silva, sócio-fundador da startup.


Com quatro anos de mercado, a companhia já possui em seu currículo diversasações de cunho social. Em março de 2022, enviou 50 equipamentos para a Ucrânia, onde 10 mil pessoas foram atendidas. O país sofre promovida pela Rússia desde o início do ano passado.
Em junho, a empresa foi responsável por garantir água potável em Tonga — país localizado na Oceania —, que foi devastado por uma sequência de desastres naturais que incluíram erupção vulcânica, tsunami e terremoto.
No Haiti, onde um terremoto deixou 1,2 mil mortos, os purificadores da PWTech garantiram água para 150 mil pessoas.
A startup também foi escolhida pelo PMA – ONU para remediar um estado de calamidade em Madagascar após o país ser devastado por quatro ciclones em um mês.

“Nós desenvolvemos um sistema de purificação de água que transforma água contaminada em potável. Esse equipamento tem características muito específicas. É portátil, leve, de fácil instalação, fácil operação, baixo custo e opera com diferentes fontes de energia — placa voltaica, energia elétrica, geradores e até inversores veiculares.
Maria Helena Cursino da Rocha, sócio-fundadora da PWTech, em entrevista ao Olhar Digital.

Por Bruno Capozzi