A Munai, startup brasileira de tecnologia em saúde, foi selecionada para um programa de aceleração da Fundação Bill & Melinda Gates, com o objetivo de desenvolver uma ferramenta de Inteligência Artificial (IA) para combater o uso excessivo de antibióticos. O projeto da healthtech foi um dos 51 escolhidos pela entidade filantrópica dentre mais de mil inscritos em todo o mundo. A instituição do fundador da Microsoft, Bill Gates, e de sua ex-esposa, Melinda Gates, selecionou propostas de impacto social para questões globais que utilizam tecnologia de Large Language Models (LLM), como ChatGPT.
Segundo a startup, o projeto selecionado é um assistente virtual que pretende automatizar protocolos hospitalares e integrar a tecnologia de conversação por IA, como o GPT-4, da OpenAI, à plataforma de inteligência clínica da Munai. O objetivo é dar suporte à decisão clínica de médicos para o uso racional de antibióticos. Com isso, o programa deseja combater três desafios relacionados ao tema: a resistência antimicrobiana (AMR), o uso desnecessário de antibióticos e a falta de adesão ao Programa de Gestão de Antimicrobianos (ASPs).
Fundada em 2019 pelos empreendedores Cristian Rocha e Hugo Morales, a empresa oferece serviços em saúde com o uso da IA para otimizar os processos que envolvem os períodos pré e pós-consulta para hospitais, operadoras e secretarias de saúde. A seleção garantirá à Munai um investimento de US$ 85 mil – o equivalente a quase R$ 400 mil.
Segundo Rocha, a grande base de dados mantida pela startup e sua capacidade de integração com os sistemas dos hospitais fazem com que a empresa esteja preparada para desenvolver o projeto. “Para a criação de soluções que usam IA e ChatGPT, a quantidade e a qualidade de dados é fundamental para informações mais precisas. Na Munai, temos mais de 15 milhões de dados e 6 milhões de pacientes únicos, o que nos garante uma das bases de dados de maior valor do setor”, afirma.
No momento, a Munai está na fase de coleta das informações que darão base para o treino do assistente virtual. O objetivo é que o mecanismo de IA esteja apto para responder todas as questões médicas referentes a protocolos hospitalares. Segundo estimativa da startup, os primeiros resultados deverão sair em outubro.
Texto: Shagaly Ferreira