A SpectraX, uma startup brasileira de soluções para inteligência territorial, está transformando o cenário agrícola com o uso de inteligência artificial (IA) e dados de satélites. Especializada no monitoramento da cultura da soja, safras agrícolas e florestais, a deep tech utiliza ferramentas tecnológicas avançadas para fornecer informações sobre vegetação, solo e clima, permitindo decisões mais conscientes e sustentáveis. O objetivo é apoiar agricultores na preservação do meio ambiente e no combate às mudanças climáticas, tendo em vista também que a SpectraX está sediada em Sinop (MT), cujo bioma é 100% Amazônia.
O professor Carlos Antonio da Silva Junior, CEO da deep tech, é engenheiro agrônomo com mestrado e doutorado em sensoriamento remoto aplicado. Com uma extensa trajetória acadêmica e profissional, que inclui sua atuação na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e a coordenação do laboratório de Geotecnologia Aplicada em Agricultura e Floresta (GAAF), Carlos é o responsável pelo desenvolvimento de modelos espectrais avançados que atraíram grande interesse no mercado de Sinop, impulsionado principalmente pelo trabalho acadêmico que já vinha realizando desde a sua pós-graduação.
A SpectraX desenvolve soluções específicas para o agro, como o Monitoramento da Soja, que mapeia a safra no Brasil com precisão, e está criando uma ferramenta de Validação Automática do Cadastro Ambiental Rural (CAR). A empresa lançará uma plataforma ESG (Environmental, Social, and Governance), que fornecerá dados de clima, carbono e desmatamento, beneficiando agricultores, engenheiros, empresas do agronegócio, bancos, ONGs e prefeituras.
A Plataforma ESG será oficialmente inaugurada em Oslo, na Noruega, durante o seminário “Fórum do Futuro”, um evento focado em soluções sustentáveis, que acontecerá em novembro. Este seminário reunirá especialistas e líderes globais para debater e apresentar inovações que promovam a sustentabilidade, sendo o palco ideal para o lançamento da plataforma, que promete revolucionar a gestão de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG).
A ideia de fundar a SpectraX surgiu da demanda crescente por informações territoriais desenvolvidas por Carlos para atender às necessidades de produtores rurais. O nome “SpectraX” é uma referência ao espectro eletromagnético, fundamental para o sensoriamento remoto, e o “X” sugere uma abordagem futurista, já que a startup produz dados inteligentes que são aplicáveis tanto no setor agrícola quanto em centros urbanos, provando tratar-se de uma inovação escalável e muito útil.
A empresa oferece um serviço pioneiro de Monitoramento de Carbono da Propriedade em Tempo Real, essencial no contexto atual de ESG. Com dados precisos sobre o uso da terra e tendências de expansão agrícola, a SpectraX possibilita que agricultores e empresas possam tomar decisões embasadas em ciência e tecnologia, ajudando a reduzir o impacto ambiental alinhada a uma produção sustentável.
“Desenvolvemos cálculos de emissão, capacidade de absorção e fluxo de carbono, dependendo das áreas onde essa soja é cultivada. Inclusive, temos artigos científicos prioritários para a identificação por satélite das variedades cultivadas, ou seja, a genética da planta que está sendo cultivada. Esse é um produto que planejamos lançar no mercado em aproximadamente um ano e meio”.
Com uma infraestrutura robusta, a empresa conta inicialmente com dois servidores de alta performance, 80 terabytes de armazenamento e 40 núcleos de processamento, que permitem a análise de grandes volumes de dados em tempo real. Esse diferencial tecnológico atraiu um investimento inicial de R$ 4,2 milhões, validando a robustez científica dos dados produzidos. O aporte financeiro aplicado à startup por investidores é considerado histórico no contexto brasileiro, que consegue em média R$ 1,2 milhão. Em Mato Grosso essa média de investimento em startups é de R$100 mil.
A deep tech tem planos de expansão tanto no Brasil quanto no exterior e busca tornar suas soluções acessíveis para diversos profissionais e setores, principalmente para compliance.
O professor Carlos Silva Junior enfatiza que a inovação está firmemente alicerçada em ciência, um ponto que ele considera essencial para o sucesso de qualquer solução tecnológica. Ele também destaca que a SpectraX se diferencia por sua validação científica rigorosa.
“Todo o nosso conjunto de dados está armazenado em nossos servidores, e conseguimos comercializar também esses dados via API (Application Programming Interface). Para acessar os dados de satélite, utilizamos algoritmos próprios, desenvolvidos por nós, ou seja, não dependemos de dados públicos. Esse é o nosso diferencial, pois enquanto algumas empresas utilizam dados públicos, nossos dados são gerados e processados internamente e validados em publicações por revistas científicas”.
Com o lançamento de novos produtos em breve e a contínua expansão de sua atuação, a SpectraX está posicionada como uma referência em inovação tecnológica no agronegócio e em práticas sustentáveis para o futuro da agricultura global.