A aproximadamente 87 milhões de quilômetros de distância, a sonda InSight da NASA pode ter enviado para casa sua última mensagem diretamente de Marte.
Desde que iniciou um processo de coleta de dados, no início de 2019, a sonda revolucionou nossa compreensão sobre o interior do planeta vermelho. Agora, depois de três anos, seus painéis solares estão cobertos de poeira, sua energia está acabando e é apenas uma questão de tempo até que a InSight desligue para sempre.
Como mostrou o portal Science Alert, entretanto, esse momento já era esperado. A NASA anunciou em maio que as operações científicas da InSight provavelmente cessariam até o final do ano.
Em um tuíte recente, feito dia 19 de dezembro, a agência espacial revelou o que provavelmente será a última imagem que veremos da InSight, já que sua energia está muito baixa para realizar grandes transmissões de dados.
Ao contrário de outros laboratórios robóticos que exploram Marte, como o Curiosity e o Perseverance, a InSight não é um rover. A sonda, uma vez implantada, se manteve fixa em um ponto específico do planeta, na fronteira entre as crateras das terras altas do Sul e as planícies do Norte. Lá, equipada com um conjunto de instrumentos projetados para monitorar a atividade planetária interna, descobriu que Marte não está tão “morto” como era esperado. Em vez disso, o interior do planeta vermelho vibra com atividade sísmica e, possivelmente, vulcânica.
Toda essa atividade interna produz ondas acústicas sísmicas que se movimentam dentro de Marte, dando aos especialistas as informações necessárias para criar o primeiro mapa detalhado da estrutura interna do planeta.
Seus instrumentos também são sensíveis o suficiente para detectar meteoritos que os cientistas conseguem rastrear por meio de crateras recentes. Esta informação pode ajudar os profissionais a entender melhor algumas das características geológicas e atmosféricas de Marte.
Além disso, a atividade vulcânica tem algumas implicações incríveis. Marte é muito frio e sua atmosfera, muito fina para que a água líquida se acumule em sua superfície, o que significa que a vida como a conhecemos não seria capaz de sobreviver lá.
Mas, se houver atividade vulcânica dentro do planeta vermelho, esse aquecimento interno pode impedir que os lagos subterrâneos congelem, criando um ambiente no qual a vida microbiana poderia teoricamente sobreviver.
Portanto, embora tenha funcionado apenas por menos de quatro anos, a InSight nos mostrou um planeta muito diferente da bola de poeira estéril e congelada que parecia ser na superfície.
InSight não estará sozinho
O rover chamado de Opportunity da NASA experimentou o mesmo destino em 2019, quando a espessa camada de poeira que revestia seus painéis solares não podia ser limpa.
Felizmente, não precisamos nos preocupar com o Curiosity e o Perseverance: ambos os rovers são movidos pelo decaimento radioativo do plutônio e continuarão ligados até que seus geradores desliguem, não importa o quanto a poeira de Marte cubra sua estrutura.
O InSight ainda não foi totalmente desligado, já que a NASA continuará mantendo contato pelo maior tempo possível. Mas está se aproximando rapidamente o dia em que o módulo de pouso se juntará às espaçonaves aposentadas e aos exploradores robóticos que vieram antes, no desolado cemitério de sondas espaciais de Marte.
Por: Júlia Souza