Pesquisadores da Universidade do Texas (UTD), nos Estados Unidos, desenvolveram uma tecnologia capaz de extrair água do ar. A nova técnica publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences apresenta uma maneira eficiente de coleta, inspirada em uma planta carnívora.
Segundo os cientistas, a ideia ainda precisa percorrer um longo caminho antes de estar pronta para utilização humana, mas o objetivo é criar um dispositivo portátil e fácil de manusear, permitindo que as pessoas possam ter acesso à água potável durante longos períodos de escassez.
“Em Guerra nas Estrelas, Luke Skywalker cresce num planeta desértico chamado Tatooine e sua família possui uma fazenda de umidade que usa dispositivos que ficaram conhecidos como vaporadores para extrair água potável do ar. Simplificando, é isso que pretendemos fazer no futuro”, explica o professor de engenharia mecânica Xianming Dai, autor principal do estudo.
Coletando gotículas
De acordo com os pesquisadores, esse novo sistema de coleta pode fornecer água sem a necessidade de estações de tratamento ou reservatórios gigantescos espalhados pela cidade. Todo o processo de obtenção da água se baseia na condensação ou liquefação — transição do estado gasoso para o estado líquido.
Quando se tem um copo de água fria em um dia quente, por exemplo, pequenas gotas se formam na borda do recipiente. Com isso, o vapor de água quente presente no ar é atraído para o vidro frio, esfriando e condensando para formar as gotículas que podem ser aproveitadas.
“Nos sistemas atuais, as gotas de água que se formam na superfície não têm para onde ir, retardando o processo de formação de novas gotículas. Para contornar esse problema, fomos buscar uma inspiração na natureza, criando um sistema de coleta semelhante à forma como plantas carnívoras devoram insetos”, acrescenta Dai.
“Armadilha” para água
Se um inseto desavisado pousa na borda escorregadia de uma planta carnívora, ele cai até o local onde é digerido. A equipe do professor Dai desenvolveu uma espécie de armadilha, capaz de conter as gotículas de água em canais com diâmetros menores que um fio de cabelo.
Durante o processo de coleta de água, as gotas que se formam no topo dessa armadilha revestida com um lubrificante escorregadio, deslizam até os canais onde permanecem guardadas. Segundo os cientistas, essa superfície de coleta consegue encher um copo de água em aproximadamente sete minutos.
“Nosso sistema precisa manter a superfície fria para extrair vapor de água quente para condensação. Isso requer muita energia quando pensamos em escalas maiores. A tecnologia também depende de vapor no ar para produzir água, o que pode ser mais difícil em climas mais quentes e secos. Se pudermos solucionar essas questões, nosso dispositivo pode reduzir drasticamente a escassez de água global”, encerra o professor Xianming Dai.
Por: Gustavo Minari