sexta-feira,22 novembro, 2024

Ser preso, enriquecer, ir a shows, comprar imóvel: o que já é possível fazer no metaverso

O que é real? Qual é a diferença entre o real e o virtual? De cunho filosófico, esse questionamento aumenta à medida que o avanço e a popularização do metaverso crescem. Definido como um novo formato de plataforma que serve para criação de aplicativos e ferramentas de interação social, o metaverso funciona como um ambiente virtual que simula o mundo real, onde as pessoas são representadas por seus avatares. 

Para a diretora de tecnologia (CTO, na sigla em inglês) da EXAME e professora do Master em Digital Manager em Metaverso, Izabela Anhollet, “o metaverso envolve a internet se libertando dos objetos em nossas mãos e nossas mesas. É uma convergência muito profunda de nossas vidas físicas e digitais.” 

Essa extensão da vida física para a digital tem se tornado cada dia mais complexa e profunda. Em junho, a justiça brasileira cumpriu – pela primeira vez na história – um mandado de busca e apreensão no metaverso. O episódio, apesar de preocupante pela natureza criminal, evidencia o quanto a interação entre virtual e real tem evoluído rapidamente. 

Além da busca e da possível prisão, o metaverso permite experiências cada vez mais próximas das que acontecem no mundo físico. Alguns exemplos citados pela especialista são:

  • a participação em shows de cantores globalmente reconhecidos, como a Ariana Grande; 
  • a possibilidade de sofrer uma ação judicial e, talvez, até ser preso;
  • ganhar dinheiro dentro da economia digital estruturada no metaverso;
  • comprar imóveis, terrenos e quaisquer outros itens (de uma casa a uma Coca-Cola). 

Apesar da evolução, o metaverso ainda está no seu início. Segundo Anhollet, para que tudo se desenvolva ainda mais são necessários profissionais qualificados, que entendam a tecnologia e como aplicar o seu conhecimento nela – seja ele qual for. Com 15 anos de experiência em tecnologia, a especialista é professora da matéria de Tecnologia da Informação para Produtos Digitais no metaverso. 

Em nível de pós-graduação, o Master em Digital Manager em Metaverso é fruto de uma parceria entre a EXAME e o Ibmec com o objetivo de formar profissionais especializados no metaverso para suprir a demanda das empresas que já atuam – e das que querem entrar – no mundo virtual. 

Para que os interessados possam conhecer o conteúdo antes de comprá-lo, as quatro primeiras aulas da formação serão disponibilizadas de maneira 100% gratuita a partir do dia 11 de julho. O conteúdo será entregue de forma online, e todos que participarem terão direito a um certificado de participação – independentemente de decidirem, ou não, fazer o curso completo. Para participar, basta realizar a inscrição na página do curso clicando aqui. 

Mas, antes, para exemplificar na prática o que está acontecendo no metaverso, separamos uma lista com (quase) tudo o que já é possível fazer por lá. Confira a seguir:

Sofrer ações judiciais (ser preso) 

Oferecendo experiências cada vez mais próximas das que ocorrem no mundo físico, o metaverso precisa se adaptar, em todos os âmbitos, para lidar com as situações que já ocorrem na “vida real”. Esses episódios podem ir desde a compra de qualquer coisa até a prática de crimes. O Ministério da Justiça e Segurança Pública realizou um ato inédito cumprindo um mandado de busca e apreensão no metaverso no âmbito da Operação 404 que tem como alvo a pirataria digital. 

Segundo o coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), Alessandro Barreto, os criminosos criavam mapas e eventos no metaverso para cooptar interessados nos serviços de plataformas ilegais de conteúdos audiovisuais ou musicais.

O processo corre em segredo de Justiça e, por isso, não foi possível obter mais detalhes da operação, mas o episódio mostra que com o avanço do metaverso conceitos e instituições como a Justiça precisam ser desenvolvidos também para este novo ambiente que se apresenta como uma extensão da vida física. Com essa evolução da vida virtual, é possível que em pouco tempo já ocorram prisões e julgamentos no metaverso. 

Comprar imóveis, terrenos e iates 

Além do desenvolvimento de órgãos e ações judiciais, o metaverso já possui um sistema econômico estruturado e com um alto nível de complexidade. “O metaverso já é uma nova economia digital impulsionada pelo uso de criptomoedas e pela produção e compra de NFTs (non-fungible token, ou Token não fungível em português)”, explica a especialista Anholett. 

Tanto que já ocorreram centenas de compras e vendas de itens como imóveis, terrenos e iates em valores milionários no metaverso. Em maio, uma das maiores transações em criptomoedas já realizada aconteceu para a compra de um terreno virtual pelo equivalente a R$ 1,6 bilhão. A compradora foi a empresa Yuga Labs, criadora da Bored Ape Yacht Club, a famosa coleção de artes de macacos em NFT.  

Essa não foi a primeira, muito menos a última compra no metaverso. Em novembro de 2021, terrenos virtuais, NFTs e até um iate foram vendidos por valores bilionários nos metaversos Decentraland e The Sandbox. Todos esses exemplos são apenas uma amostra da potência econômica desta nova tecnologia. 

A imagem mostra o Megaflower Super Mega Yacht, iate virtual negociado em 149 ether, o equivalente a R$ 3,65 milhões (Republic Realm/Reprodução/YouTube)

A imagem mostra o Megaflower Super Mega Yacht, iate virtual negociado em 149 ether, o equivalente a R$ 3,65 milhões (Republic Realm/Reprodução/YouTube)

Enriquecer

É exatamente por esse ecossistema econômico autônomo que outra possibilidade para quem está no metaverso é a do enriquecimento. Um dos principais exemplos é a venda de NFTs, que já é a fonte de receita de muitas empresas, dentre elas o Yaak Studio. 

Com DNA brasileiro, a startup criada no metaverso cria coleções de arte em NFTs. A empresa já movimentou cerca de 20 milhões de reais desde a fundação, em maio de 2021, e a expectativa de receita para este ano é de R$ 3 milhões. 

Para a professora do Master em Metaverso, as oportunidades existentes dentro do metaverso são inúmeras, tanto para empresas quanto para as pessoas que utilizam. “As oportunidades vão desde a criação de experiências completamente imersivas e divertidas para seus consumidores até a criação de produtos e serviços que serão comprados e consumidos apenas para o mundo virtual”, explica a especialista. 

E além da possibilidade de criar empresas no mundo virtual e lucrar a partir de um CNPJ (será que vai existir CNPJ no metaverso? Por que não?), também é possível lucrar como pessoa física. Por ser uma tecnologia nova em questão de uso prático, o metaverso ainda tem muito o que ser desenvolvido. Para isso, são necessários profissionais de milhares de áreas diferentes que entendam da nova tecnologia e saibam aplicar seu conhecimento nela. Desta demanda também surge a necessidade de qualificações como o Master em Digital Manager e Metaverso. Saiba mais sobre o curso aqui.  

“Teremos também artistas e designers gráficos criando soluções tridimensionais cada vez mais realistas e imersivas. Teremos novos profissionais de marketing, comercial e finanças que deverão aprender como gerenciar seus negócios criados nos mundos digitais. Também existirão oportunidades para desenvolvedores, engenheiros e cientistas de dados, que continuamente aplicarão soluções de inteligência artificial, transformando o mundo virtual em algo mais próximo ao mundo real”, esclarece a diretora de tecnologia da EXAME. 

Também é possível se tornar um milionário dentro do metaverso. Em 2006, a empresária chinesa Ailin Graef tornou-se a primeira milionária do mundo virtual com o avatar Anshe Chung. A fortuna veio do aluguel de centenas de servidores e ilhas dentro do Second Life e da prestação de serviços de câmbio de moedas do jogo. 

Ir a shows

Além do potencial econômico, o metaverso é também uma plataforma que pode elevar o entretenimento a outro patamar de experiência. Para se ter uma ideia, em agosto do ano passado, a cantora pop Ariana Grande fez um show no metaverso Fortnite. (Confira o vídeo ao final do texto)

A apresentação era parte de um grande evento chamado Turnê da Fenda. A performance da cantora americana foi assistida por nada menos que 27,7 milhões de usuários únicos e bateu a marca de 12,3 milhões de usuários em acesso simultâneo. 

Além do potencial da experiência de entretenimento, o metaverso abre caminhos para uma dimensão de shows e eventos que seriam quase que impossíveis no mundo físico. Afinal, onde caberiam 12 milhões de pessoas para um show? Esse número é maior do que a população de países como a Bélgica e a Bolívia, por exemplo. 

Seja com a instauração de um sistema judicial, com consolidação de um sistema econômico autônomo, com produção de entretenimento ou com um potencial enorme para novos negócios, fato é que o metaverso já é uma realidade e vai mudar o mundo como o conhecemos. “A única certeza que temos é que ele vai mudar o mundo como é hoje, só não sabemos quando nem como”, conclui Anhollet.

Por:  Beatriz Correia

Redação
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