Tornar-se “demitarista” garante baixas emissões de gases de efeito estufa e é simples de seguir

Não é nenhuma novidade que o consumo de carne afeta diretamente o aquecimento do planeta. Dados da ONU estimam que a pecuária representa 14,5% das emissões de gases de efeito estufa ao redor do mundo, uma contribuição considerável para a urgência climática. Para aqueles que desejam adotar hábitos alimentares mais amigos do planeta, a dieta “demitarista” surge como um caminho promissor – e você não precisará abrir mão de todos os derivados animais como em uma dieta vegana.

O estudo recém-lançado da ONU, Appetite For Change, indica que a redução do consumo de carne e de laticínios pode ter um enorme impacto na mitigação da poluição por nitrogênio, gás de efeito estufa que é cerca de 300 vezes mais potente que o dióxido de carbono e é amplamente emitido na pecuária pela adubação das pastagens e do esterco dos animais.

O relatório propõe soluções para reduzir pela metade a poluição por nitrogênio proveniente da agricultura e do sistema alimentar como um todo na Europa. Produzido por um grupo de investigadores coordenado pelo Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido (UKCEH), pela Comissão Europeia, pela Copenhagen Business School e pelo Instituto Nacional de Saúde Pública e Ambiente (RIVM) dos Países Baixos, o estudo também propõe reduzir pela metade o consumo médio do europeu de carne e laticínios e passar para uma dieta mais baseada em vegetais para reduzir a poluição e melhorar a saúde humana.

Segundo os pesquisadores, o sistema alimentar na Europa, especialmente a pecuária, é responsável por 80% das emissões de nitrogênio do continente. Já o cultivo de vegetais e de outros produtos vegetais é mais eficiente do que a pecuária, exigindo menos terra e fertilizantes. Para contribuir com essa transição para dietas plant-based, o estudo sugere o fornecimento de incentivos financeiros para alimentos que tenham produção de baixo impacto no ambiente.

É indicado que haja uma combinação coerente de políticas que abordem a produção e o consumo de alimentos para melhor apoiar a transição para sistemas sustentáveis. O estudo também propõe uma melhor gestão na utilização de fertilizantes e no armazenamento de estrume, principal fonte de liberação de nitrogênio. Além disso, é indicado a melhoria no tratamento de águas residuais para capturar o nitrogênio dos esgotos – o que também reduziria as emissões e permitiria que os nutrientes reciclados fossem utilizados nos campos.

A análise conclui que um amplo pacote de ações, incluindo uma abordagem “demitarista” (reduzir pela metade o consumo de carne e laticínios), teve a pontuação mais elevada na tentativa de reduzir pela metade a liberação de nitrogênio até 2030. Segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde em relação ao consumo de carne, uma dieta equilibrada com menos carne e laticínios também pode melhorar a nutrição e tornar as pessoas mais saudáveis, reduzindo a procura de serviços por problemas de saúde.

Texto: Um só Planeta