Entre quatro e oito bilhões de toneladas de areia e outros sedimentos foram extraídos nos mares e oceanos a cada ano, entre 2012 e 2019
Cerca de seis bilhões de toneladas de areia marinha e outros sedimentos são extraídos dos oceanos todos os anos, disse a ONU nesta terça-feira, 5, alertando sobre as graves consequências desta atividade sobre a biodiversidade e os recursos pesqueiros.
Esta é a primeira vez que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) consegue coletar esses dados por meio de Inteligência Artificial (IA).
Os especialistas utilizaram o sistema de identificação automática (AIS) das embarcações – que permite sua localização – e depois programaram a IA para distinguir as embarcações que extraem areia, graças ao seu modo de deslocamento.
Os sinais emitidos pelos navios permitem “o acesso aos deslocamentos de todas os navios do planeta“, disse à AFP o diretor do centro de análise de dados do PNUMA, Pascal Peduzzi, que depois desmembra os dados graças à IA. A análise ainda está em fase inicial, e apenas 50% das embarcações são rastreadas.Mas a ONU estima que entre quatro e oito bilhões de toneladas de areia marinha e outros sedimentos foram extraídos nos mares e oceanos a cada ano entre 2012 e 2019.
“Isso representa uma média de 6 bilhões de toneladas por ano, o que equivale a mais de um milhão de caminhões por dia”, explicou Peduzzi.
A ONU espera publicar os números do período 2020-2023 este ano. Mas os dados mostram que esta atividade não para de crescer e “começa a tomar proporções gigantescas”, acrescenta Peduzzi, lembrando que os rios transportam entre 10 e 16 bilhões de toneladas de sedimentos para os mares e oceanos todos os anos.
Os navios extratores são como “aspiradores” que “destroem o fundo do mar” e o “esterilizam”, fazendo desaparecer os microrganismos oceânicos e colocando em perigo a biodiversidade e os recursos pesqueiros, observa o especialista.
Medida de urgência
Além da publicação dos números, a ONU espera dialogar com as empresas do setor para que sejam mais respeitosas com o meio ambiente, melhorando suas práticas de extração.
Segundo as Nações Unidas, as práticas internacionais e os marcos regulamentares variam consideravelmente.Alguns países – incluindo Indonésia, Tailândia, Malásia, Vietnã e Camboja – proibiram a exportação de areia marinha nos últimos 20 anos, enquanto outros não têm legislação, ou programas eficazes de monitoramento.
O PNUMA insta a comunidade internacional a estabelecer regulamentações internacionais para, entre outros pontos, melhorar as técnicas de dragagem. Também recomenda a proibição da extração de areia das praias, devido à sua importância para o litoral, o meio ambiente e a economia.
Fonte: Exame