Seca deste ano está ligada ao forte El Niño, um padrão climático que muitas vezes gera estiagem na Amazônia
A Amazônia, a floresta tropical que abriga o maior rio do mundo, entrou no quinto mês de uma seca severa que afeta especialmente os arredores de Manaus.
A seca na Amazônia
- O Rio Negro, um afluente do norte da Amazônia, caiu para os níveis mais baixos da história em outubro.
- Incêndios florestais avançaram onde os cursos de água recuaram.
- Os efeitos da seca estão se espalhando pela floresta, enquanto viagens e comércio ao longo do sistema fluvial já desaceleraram.
- As cidades e vilas ribeirinhas estão racionando água e peixes como o boto cor-de-rosa, ameaçado de extinção, lutam para sobreviver.
- A seca deste ano também está ligada ao forte El Niño, um padrão climático que muitas vezes gera condições mais secas na Amazônia.
O aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas também está provavelmente intensificando a estiagem. Antes, as grandes secas atingiam raramente a Amazônia, mas, devido às alterações climáticas, têm vindo com mais frequência, alertam especialistas.
Floresta amazônica pode virar savana?
O desastre deste ano, combinado com o desmatamento e o aumento das temperaturas, são fatores que dificultam a capacidade da Amazônia de se recuperar, aumentando os riscos da floresta tropical se tornar uma grande savana no futuro, destaca o The Washington Post.
“A floresta pode se recuperar de uma seca e ser atingida por outra”, disse Chris Boulton, do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter. “Se isso acontecer, pode demorar mais para voltar ao normal e, eventualmente, chegar a um ponto em que não será possível voltar à normalidade”.
Uma Amazônia degradada também teria grandes consequências para o clima em todo o planeta, já que a antiga floresta retira milhões de toneladas de carbono da atmosfera todos os anos.
À medida que a estação das chuvas começa, os níveis dos rios devem começam a se recuperar. Ainda assim, os cientistas já projetam chuvas abaixo da média que poderão deixar a região novamente em alerta no próximo ano.
Texto: Gabriel Sérvio