Houve em média 86 dias de altas temperaturas que ameaçam a saúde no período entre 2018 e 2022, de acordo com o relatório da Lancet

A dependência mundial por combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão, tem deixado múltiplos impactos não apenas no meio ambiente, mas na saúde das pessoas. Grupos considerados mais vulneráveis correm maior risco de sofrer graves consequência da emergência climática. Segundo um estudo global da revista científica The Lancet, as mudanças climáticas deverão causar um aumento de 4,7 vezes nas mortes relacionadas com o calor até meados do século se os governos nada fizerem em relação ao aquecimento global.

A exposição ao calor extremo afeta diretamente a saúde, exacerbando condições problemáticas como doenças cardiovasculares e respiratórias, e causando insolação, complicações na gravidez, piora dos padrões de sono e da saúde mental, além do aumento da mortalidade relacionada a lesões. Idosos estão entre os grupos mais afetados. De acordo com a pesquisa, as mortes relacionadas com o calor entre os idosos poderão aumentar em 370% até meados do século se o clima aquecer 2 graus Celsius.

O mundo está no caminho para atingir 2,7°C de aquecimento até 2100, a menos que sejam tomadas medidas rápidas para reduzir as emissões, de acordo com o relatório anual Lancet Countdown on Health and Climate Change. Houve em média 86 dias de altas temperaturas que ameaçam a saúde no período 2018-2022, e as mudanças climáticas causadas pelo homem aumentaram a probabilidade de ocorrência de mais de 60% desses dias, mostrou a análise.

O relatório destaca ainda que as temperaturas globais mais quentes em mais de 100.000 anos foram registadas em 2023, com o planeta atualmente a 1,14°C de aquecimento global, comparado aos níveis pré-industriais. As mudanças drásticas vividas pelo mundo — como o aumento das temperaturas globais, degelo das calotas polares, secas e ondas de calor, furacões e incêndios florestais mais intensos — são mais do que apenas preocupações ecológicas. Eles também impactam significativamente a saúde humana, enfatizaram os pesquisadores.

Texto: Um só Planeta