A partir das imagens captadas pelo Curiosity, cientistas da agência espacial norte-americana estão especulando sobre, em algum momento do passado, ter havido condições propícias para a vida no planeta vermelho.
O planeta vermelho, Marte, há muito tempo tem intrigado a humanidade com suas paisagens áridas e mistérios cósmicos.
Agora, o rover Curiosity da NASA desencadeou uma nova onda de emoção científica ao revelar indícios concretos de que, em tempos remotos, Marte abrigava condições climáticas propícias ao surgimento da vida.
Ao explorar a vasta cratera Gale Crater e suas camadas de sedimentos desde 2012, o Curiosity desencavou pistas surpreendentes de um passado distante.
Sinais claros de ciclos sazonais úmidos e secos, datados de cerca de 3,6 bilhões de anos atrás, apontam para um Marte que já experimentou variações climáticas semelhantes às da Terra.
Os cientistas sugerem que o planeta vermelho, outrora gélido, pode ter passado por uma transformação vulcânica que repentinamente aqueceu a atmosfera, desencadeando a formação de água líquida.
A época em que rios e lagos fluíam abundantemente em Marte agora parece distante, com a aridez prevalecendo. Porém, rachaduras fossilizadas revelam um passado rico em ciclos sazonais, essenciais para a formação da vida.
Enquanto a Terra é marcada por uma constante renovação geológica, a superfície marciana preserva características antigas, oferecendo uma janela única para o passado.
Um fenômeno particularmente intrigante observado pelo Curiosity é a presença de cristas poligonais em um trecho da cratera.
Tais padrões são revelados como rachaduras criadas por inundações seguidas por períodos secos. Esse ciclo, conhecido por ser propício à vida na Terra, deixa sua marca distintiva nas camadas antigas de Marte.
(Imagem: NASA/JPL-Caltech/MSSS/IRAP/Reprodução)
O estudo, recentemente publicado na revista Nature, revela que as rachaduras fossilizadas, formadas há bilhões de anos, poderiam ter gerado um clima semelhante ao da Terra, proporcionando ambientes superficiais favoráveis à evolução pré-biótica.
A pesquisa, liderada por William Rapin da Universidade de Toulouse III, em conjunto com colegas norte-americanos e canadenses, destaca que a análise desses vestígios oferece uma visão inédita sobre o passado climático do planeta.
Os especialistas concordam que as características observadas fornecem um ambiente potencialmente ideal para a formação de moléculas orgânicas complexas, fundamentais para a vida como a conhecemos.
Patrick Gasda, coautor do estudo, ressalta que os períodos de umidade promovem a união de moléculas, enquanto os períodos de seca incentivam reações para formar polímeros, componentes essenciais de biomoléculas como proteínas e RNA.
Tais processos repetidos ao longo do tempo podem ter sido fundamentais para a evolução bioquímica em Marte.
Embora a pergunta sobre a existência passada ou presente de vida em Marte permaneça em aberto, as descobertas do Curiosity desvendaram um capítulo crucial na história do planeta vermelho.
A busca por indícios de vida extraterrestre continua, alimentando a curiosidade humana e desvendando os segredos do vasto universo que nos rodeia.
Texto: Rebeca Bondioli