Rondonópolis, situada no Sudeste de Mato Grosso, consolida-se como uma potência econômica e referência em políticas públicas para a inovação no estado. Com três distritos industriais e instituições de ensino como a Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), institutos técnicos e universidades particulares, o município se tornou um polo de desenvolvimento estratégico para os 18 municípios da região.
O marco inicial desse movimento inovador foi em 2004, com a gestão da primeira incubadora de empresas do município, ligada ao Instituto Tecnológico I-GEOS. Sob liderança de Ângela Márcia de Souza, parcerias estratégicas foram firmadas e projetos de relevância regional e nacional foram implementados.
Ao longo do tempo, esses esforços deram origem a marcos institucionais como a criação do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (COMCITI) em 2013, que se tornou peça-chave, com iniciativas pioneiras como o Fundo de Ciência, Tecnologia e Inovação e eventos como hackathons, feiras de tecnologia e encontros de startups, a Lei Municipal de Inovação sancionada em 2015 e, em 2019, a Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECITI).
Em 2022, Rondonópolis foi contemplada pelo projeto do Ecossistema Local de Inovação (ELI), em parceria com o Sebrae. Com isso, o município desenvolveu um plano estratégico coordenado, captou recursos para implementar um centro de inovação e atraiu parceiros de renome, como a FINEP. Esse projeto ampliou a maturidade do ecossistema, conectando o município às grandes tendências nacionais.
Hoje, a cidade reúne um ecossistema diversificado que conecta governo, academia, empresas, startups e a sociedade civil. Estruturas estratégicas como o Instituto Tecnológico de Gestão Estratégica e Organização Social Sustentável (I-GEOS), a incubadora I-deia e o laboratório de inovação Colaborama ajudam a consolidar o município como um dos principais polos emergentes de tecnologia e inovação no estado.
A incubadora I-deia, com apoio da Finep, está implementando o Centro de Inovação de Rondonópolis, projetado para ser um ponto de convergência para iniciativas tecnológicas. Além disso, o Colaborama, um espaço híbrido de inovação cedido por um empresário local, oferece serviços de propriedade intelectual e suporte a startups em fase inicial. Segundo Jackeline Garcia, interlocutora de inovação do SEBRAE, essas estruturas colocam Rondonópolis em uma posição privilegiada. “Temos uma infraestrutura relevante, mas precisamos engajar mais o empresariado local para que compreenda como a inovação pode trazer melhorias práticas e significativas”, destaca.
Jackeline ressalta que, apesar do forte envolvimento da academia e do governo, a adesão do setor privado ainda é um desafio. “Enquanto o empresário busca soluções imediatas, o ritmo acadêmico é voltado para pesquisa aprofundada, o que pode criar um descompasso na colaboração”, explica. Entretanto, iniciativas como as startups do agronegócio têm mostrado grande potencial, especialmente em um setor que é a vocação natural da cidade.
A Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) desempenha um papel central no desenvolvimento do ecossistema local. Além de oferecer cursos voltados para tecnologia e software, a universidade trouxe para a cidade um polo do Profnit, um programa de mestrado em propriedade intelectual e transferência de tecnologia. Roger Resmini, diretor do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da UFR e vice-presidente do COMCITI, enfatiza que a UFR está focada em atender às demandas do mercado local. “A resposta ao Profnit foi excelente, com grande adesão da comunidade acadêmica e empresarial”, ressalta.
Resmini também destaca o protagonismo de Rondonópolis como polo exportador de software, com destaque para o setor de gestão de recursos hídricos, cujos produtos são comercializados em estados como a Bahia. Contudo, ele alerta que a ausência de uma aceleradora de startups ainda é uma barreira significativa. “Editais e investidores-anjo são importantes, mas uma aceleradora poderia ser o impulso necessário para levar novas empresas ao próximo nível”, afirma.
O ecossistema de inovação, chamado Chuva do Caju, é outro pilar estratégico para o avanço de Rondonópolis. Com metas estabelecidas em um planejamento estratégico realizado pelo Sebrae em 2022, o ecossistema busca se consolidar até 2027 como um modelo integrado de geração de negócios inovadores e sustentáveis. “Queremos que o Chuva do Caju assuma um papel protagonista em 2025, com ações voltadas para engajar jovens empreendedores e ampliar o impacto das iniciativas existentes”, explica Resmini.
“Apesar de todos esses avanços, a cidade ainda enfrenta desafios, como a necessidade de atualizar sua legislação de CTI e implementar efetivamente o fundo de apoio à inovação. A meta para 2025 também é estruturar essa legislação em parceria com o governo municipal, alinhando-se às demandas locais e estaduais”, completa Ângela.
Com a expansão da ferrovia e o aumento das exportações, Rondonópolis se prepara para transformações econômicas significativas. Jackeline Garcia acredita que essas mudanças exigirão maior investimento em inovação. “O setor empresarial terá que inovar para se manter competitivo, especialmente com as novas demandas do mercado”, afirma. “Nossa missão é conectar as iniciativas existentes, fortalecer as bases e criar novas oportunidades para o crescimento sustentável da cidade”, pontua.
Os principais atores do ecossistema compartilham a visão de tornar Rondonópolis um lugar atraente para jovens talentos e profissionais qualificados.
Com esforços coordenados e um compromisso coletivo, Rondonópolis caminha para se consolidar como um dos grandes centros de inovação de Mato Grosso e do Brasil, garantindo um futuro promissor para as próximas gerações.