A robótica invadiu definitivamente o campo das cirurgias, trazendo inúmeras vantagens, como menor invasividade e maior precisão, favorecendo a recuperação pós-cirúrgica dos pacientes. No entanto, um alerta do renomado jornal The New York Times revela que muitos cirurgiões estão adotando essa plataforma inovadora sem o devido preparo, baseando-se em vídeos veiculados pelos fabricantes de robôs, postados no YouTube ou em grupos de WhatsApp, para realizar técnicas avançadas, como a cirurgia de hérnia.
Em particular, a técnica conhecida como “separação posterior de componentes,” desenvolvida há uma década pelo Prof. Yuri Novitsky da Universidade de Columbia, é uma das mais lucrativas técnicas de reparo de hérnias nos Estados Unidos. No entanto, a matéria do The New York Times aponta que muitos médicos a praticam sem efetiva necessidade, chegando até a desfigurar os pacientes.
O cirurgião brasileiro Rodrigo Galhego, um dos maiores especialistas em cirurgia de hérnia, comenta a matéria e destaca a importância de seguir procedimentos adequados ao realizar cirurgias de hérnia.
“A técnica é de extrema complexidade e muitas vezes a única forma de tratar pacientes com hérnias volumosas, gigantes ou com perda de domicílio (quando os órgãos não podem mais voltar para o abdome). Dada a complexidade, é reservada para os casos citados e demanda extremo domínio pelo cirurgião. Essa técnica pode ser feita por via aberta/convencional ou robótica/minimamente invasiva. A técnica trouxe esperança para pacientes cujas hérnias não possuíam tratamento, mas deve ser realizada por médicos com o devido preparo,” afirma Galhego.
Segundo o cirurgião, não existe técnica melhor do que essa para tratar hérnias grandes, mas quando ela é aplicada em hérnias menores, se for realizada erroneamente, pode destruir a parede abdominal.
“São raros os cirurgiões dedicados a hérnias da parede abdominal no Brasil, portanto em geral não há quem faça técnicas que resolvam hérnias complexas definitivamente,” afirma Galhego.
A matéria ressalta a necessidade de conscientização sobre o uso da cirurgia robótica e a importância de assegurar que apenas profissionais qualificados realizem procedimentos complexos, como a cirurgia de hérnia, a fim de garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes.