Uma nova tecnologia baseada na anatomia das centopeias pode ser uma solução eficaz para socorro às vítimas de desastres naturais, como terremotos. Desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos EUA, a ideia se baseia em um princípio básico: a de que, diferentemente do movimento humano, o dos artrópodes não é dominado pela inércia.
De acordo com o principal autor do estudo, Daniel Goldman, “se elas [as centopeias] pararem de mexer suas partes do corpo e membros, elas basicamente para de se mover instantaneamente. Elas habitam um mundo diferente do nosso mundo de movimento”, conclui em comunicado à imprensa.
A vantagem disso, segundo a pesquisa realizada, é que locomover-se em terrenos acidentados — tanto para seres humanos como robóticos – demanda um feedback detalhado que permita correções tempestivas dos agentes de forma a “compensar rachaduras, inclinações ou mudanças na composição da superfície”.
Por que centopeias?
As centopeias, também conhecidas como lacraias, são artrópodes primitivos, parentes dos insetos. Recebem esse nome porque algumas delas têm realmente 100 pares (ou mais) de pernas, ou seja, um corpo longo e segmentado, com um par de patas em cada um desses segmentos.
Publicado dia 4 de maio na revista Science, a pesquisa apresenta como hipótese um paralelo entre a característica de ter várias pernas conectadas em um robô biomimético e instalar vários protocolos de sinal que minimizem os erros na transmissão. No caso, o “sinal” transmitido seria a soma do corpo do robô.
Como foram testados os robôs centopeia?
Os pesquisadores partiram de um princípio segundo o qual aumentar o número de pares de pernas a um robô aumentaria sua capacidade de se locomover firmemente em superfícies irregulares. Batizado como redundância espacial, o princípio afirma que, se uma perna vacila, a “fartura” de pernas a mantém em movimento de qualquer maneira.
Para o primeiro autor do artigo, Baxi Chong, embora robôs bípedes precisem de muitos sensores para serem controlados, “em aplicações como busca e salvamento, exploração de Marte ou mesmo microrrobôs, é necessário controlar um robô com capacidade de sensoriamento limitada”.
Para testar a hipótese, os pesquisadores criaram terrenos que imitam ambientes naturais desnivelados e foram avaliando robôs à medida que adicionavam mais pares de pernas de cada vez. Começando com seis e chegando a 16, eles comprovaram que assim que o número de pernas aumentava, o robô passava a se mover de forma mais ágil no terreno. Testes posteriores, em terrenos reais, obtiveram os mesmos resultados.
Fonte: Tec Mundo