sexta-feira,15 novembro, 2024

Revolução tecnológica e a velocidade da inovação

Em abril de 1965, Gordon E. Moore, um dos visionários cofundadores da Intel, apresentou ao mundo uma previsão que mudaria para sempre a forma como encaramos a evolução tecnológica. Escrevendo um artigo na revista Electronics Magazine, Moore estipulava que o número de transistores em um chip dobraria aproximadamente a cada 18 meses, impulsionando a capacidade de processamento e conduzindo a uma constante busca por inovação. Essa previsão, apelidada de Lei de Moore, pode ter sido feita despretensiosamente na época, mas acabou servindo para ditar o ritmo vertiginoso de muitas das transformações tecnológicas que vivenciamos desde então.

Para que uma nova solução seja de fato aceita pelo público, o impulso trazido pelo avanço tecnológico conta muito, mas não é o único aspecto importante. Na nossa indústria, temos observado que a janela de tempo entre a introdução de uma nova tecnologia e sua ampla aceitação pública tem se tornado cada vez mais curta. Os chips que hoje estão presentes em
praticamente todos os cartões foram introduzidos no início da década de 1990. É possível perceber essa aceleração na adoção de novas tecnologias no pagamento por aproximação no Brasil, o intervalo de tempo que esse modelo levou para se ‘popularizar’ é muito menor: o primeiro pagamento por aproximação no Brasil foi realizado em 2008, uma ação da Visa e parceiros completando em 2023, 15 anos. Hoje as operações por aproximação já representam mais da metade das transações presenciais no país.

A trajetória de sucesso do pagamento por aproximação serve para refletirmos sobre o processo de adoação de uma nova solução e o necessário processo de maturação pelo qual ela deve passar até se integrar, quase que de forma imperceptível, ao cotidiano das pessoas. Esta tecnologia teve início com uma proposta de valor clara: proporcionar mais conveniência e segurança aos consumidores. Inicialmente concebido para pagamentos de pequeno valor, a solução trouxe uma experiência de pagamento ágil e com fricção mínima.

O ponto de inflexão crucial ocorreu em 2019, quando a adoção do pagamento por aproximação acelerou significativamente. Vários fatores contribuíram para esse crescimento, incluindo a adesão em massa por parte de grandes players bancários e a substituição natural dos cartões antigos por versões compatíveis com a solução. Com a pandemia de Covid, essa modalidade de pagamento ganhou novo impulso, tendo em vista as restrições sanitárias que desencorajaram o uso de dinheiro físico e o toque em equipamentos utilizados por várias pessoas. Vale ressaltar a importância do desenvolvimento de toda infra-estrutura de aceitação para o uso do pagamento por aproximação, etapa fundamental pela padroninação e abrangência do uso dessa solução.

O pagamento por aproximação, além de suas melhorias contínuas, também recebeu investimentos substanciais em comunicação e aprimoramento de políticas de segurança. Quando foi lançado, o valor máximo para transações sem senha era de R$ 50. Hoje, vemos que a segurança e os limites de transação continuam a evoluir para atender às necessidades
dos consumidores modernos. A articulação desses fatores, somada à evolução tecnológica que segue o ritmo ágil decifrado pela Lei de Moore, nos ajudam a compreender o caminho perseguido pelos produtos e modalidades de pagamento que apresentamos ao mercado.

Como parte da indústria de pagamentos, vejo que não estamos sozinhos nessa construção; reconhecemos que a interoperabilidade e a colaboração de todos os players são fundamentais para o sucesso dessas transformações. Isso é o que chamamos de “revolução silenciosa”, pois envolve a construção de uma base sólida antes que o público em geral perceba a mudança. Voltando novamente ao pagamento por aproximação para ilustrar esse processo: primeiro, tivemos todo um trabalho dedicado à troca dos terminais de pagamento para modelos adaptados à nova tecnologia. Em paralelo, os cartões dos consumidores foram substituídos por outros preparados para essa modalidade à medida que chegavam ao término de sua validade. Essa é a fase equivalente ao preparo do terreno e construção das fundações antes de erguer a edificação.

Enquanto celebramos o sucesso do pagamento por aproximação, nos vemos diante de uma nova revolução representada pelas transações tokenizadas, que atingiram um número considerável de operações em um período ainda mais curto. Depois de cinco anos de implementação, 40% das transações online no Brasil já contam com a tecnologia do token. Em relação ao ano passado, essa tecnologia apresentou um crescimento de 200%.

A busca incessante por soluções convenientes, seguras e inovadoras é o motor que impulsiona a indústria de pagamentos. Estamos comprometidos em continuar essa jornada, aproveitando a visão de inovadores como Gordon Moore para criar um futuro de pagamentos ainda mais eficiente para todos.

Fernando Amaral é vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil.

Fonte: Com informações de Valor Investe, InMagazine

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