O Brasil já mudou de moedas algumas vezes. Por isso, quem tem um pouco mais de idade pode lembrar de ter usado diferentes cédulas ao longo da vida. Mas ainda há quem se pergunte quem é aquela misteriosa figura que aparece nas cédulas do real, moeda corrente no país desde o ano de 1994.
O Plano Real foi instituído no Brasil no ano de 1994, época em que o país ainda enfrentava uma inflação gigantesca. A ideia deste plano foi elaborada pela equipe do então ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso, e transformava o valor de 2.750 cruzeiros em 1 único real.
A estratégia visava revitalizar a economia do país e controlar a inflação – o que, de fato, aconteceu. Em parte por conta do sucesso da mudança, Fernando Henrique Cardoso acabou eleito e reeleito presidente do Brasil em seguida, e o plano econômico estabelecido por ele continua vigente até hoje.
Logo, com o surgimento das novas cédulas, surgiram algumas especulações sobre quem estaria representado na intrigante figura das notas de real. Entre as suposições, estaria a de que a inspiração poderia ter vindo de mulheres revolucionárias que lutaram pelo direito ao voto.
O desenho, na verdade, foi feito pelo designer Benedicto Rodrigues nos anos 1970. Havia ainda o rumor de que sua musa inspiradora para o desenho teria sido a atriz Tônia Carrero. Rodrigues nunca confirmou essa versão, mas seus parentes disseram que havia sim uma influência.
A identidade “real” da figura nas cédulas
Mas há uma resposta definitiva para o mistério. O desenho trata de uma efígie (nome dado a uma representação de uma pessoa numa moeda, pintura ou escultura, geralmente feita a partir de alguém que já morreu) e foi criada a partir de uma escultura grega de nome Marianne, que foi feita durante a Revolução Francesa, no século XVIII.
Na verdade, Marianne é o nome dado à escultura por soldados franceses da época, mesclando dois nomes populares: Marie e Anne. A estátua foi vista desde então como um dos principais símbolos da liberdade pelos movimentos republicanos.
Quando o Plano Real foi lançado, o Brasil há havia convivido com cinco moedas diferentes no período de apenas 10 anos. Por isso, o Banco Central teve a ideia de lançar uma cédula ilustrada que agradasse a todos e que não fosse mais mudada. Assim, resolveu-se adotar a figura da efígie francesa.
Diferente de outros países, como os Estados Unidos (cujas cédulas figuram imagens de ex-presidentes), aqui o nosso dinheiro era ilustrado pela figura de uma mulher com louros na cabeça. O louro, vale lembrar, é uma planta associada à riqueza e à abundância.
E se você prestar atenção, verá que, além da coroa de louros, a mulher usa uma espécie de touca na cabeça. É também um elemento simbólico: trata-se do barrete frígio (da Frígia, na atual Turquia), outro símbolo republicano.
Há ainda quem diga que o rosto da efígie tem inspiração indireta na pintura “A Liberdade Guiando o Povo”, feita em 1830 pelo artista Eugène Delacroix, que é provavelmente a imagem mais fortemente ligada à Revolução Francesa.
Fonte: Mega Curioso