quarta-feira,27 novembro, 2024

Quem define os nomes dos cometas? Como é feita a escolha?

Dar nomes aos cometas pode ser uma tarefa complicada. Existem algumas regras determinadas pela União Astronômica Internacional (IAU, sigla em inglês) em 1995 que devem ser observadas, mas os cometas podem ter mais de uma designação. Pior ainda, os nomes podem mudar à medida que os astrônomos descobrem mais sobre eles.

Como os nomes dos cometas são escolhidos

Normalmente, cometas podem receber duas nomenclaturas: uma oficial formada por letras e números, e outra informal para homenagear o astrônomo que o descobriu ou calculou sua órbita. Para entender melhor, vamos usar como exemplo o Cometa Hale-Bopp, designado oficialmente como C/1995 O1.

O motivo do “apelido” é simples de deduzir: o cometa foi descoberto por dois observadores independentes (ambos detectaram o objeto sem que um soubesse do trabalho do outro), Alan Hale e Thomas Bopp. A IAU pode homenagear até três pesquisadores ao corpo celeste.

O cometa 17P/Holmes, descoberto por Edwin Holmes (Imagem: Reprodução/Iván Éder/Wikimedia Commons)

Se os descobridores do cometa forem mais de três pesquisadores, a IAU pode escolher o nome da equipe envolvida, como foi o caso do 160P/LINEAR, descoberto pela equipe Lincoln Near-Earth Asteroid Research (LINEAR).

Por fim, um cometa também pode ser batizado pelo nome do instrumento científico utilizado na sua descoberta. Como existem muitas espaçonaves encontrando novos cometas com frequência, há vários deles com LINEAR, SOHO ou WISE em seus nomes.

Já o nome do cometa IRAS–Araki–Alcock é uma mistura dos dois critérios descritos acima — ele foi descoberto independentemente por uma equipe usando o satélite IRAS e pelos astrônomos amadores Genichi Araki e George Alcock.

Nomes formais dos cometas

(Imagem: Reprodução/Kid Candy/Pexels)

Os nomes formais são um conjunto de letras e números que podem parecer um pouco confusos para o público leigo (ainda bem que temos os nomes informais, bem mais fáceis de decorar). Essa “sopa de letrinhas” traz, na verdade, informações sobre a data de descoberta do cometa e outros detalhes.

Quando um cometa é descoberto e confirmado, o Minor Planet Center (MPC) o anuncia em nome da IAU. Em seguida, recebe uma designação de acordo com o seguinte padrão, nesta ordem:

  1. Um prefixo para informar o tipo de cometa, que pode ser:
    • P/ para um cometa periódico.
    • C/ para um cometa que não é periódico.
    • X/ para um cometa ainda sem uma órbita calculada.
    • D/ para um cometa periódico que não existe mais ou é considerado como desaparecido.
    • I/ para todos os objetos interestelares, sejam cometas ou asteroides.
  2. O ano da descoberta.
  3. Uma letra maiúscula identificando a quinzena de observação durante aquele ano
  4. Um número que representa a ordem de descoberta em uma quinzena.

Agora ficou mais fácil entender o nome oficial do cometa Hale-Bopp, C/1995 O1. A letra C significa que ele é um cometa não periódico, ou seja, foi não observado em mais de um periélio (aproximação máxima do Sol). O número 1995 é o ano em que foi descoberto.

Os dois últimos caracteres são um pouco mais confusos, mas fáceis de entender. A IAU dividiu cada um dos doze meses do ano em duas partes — primeira e segunda quinzena — e atribuíram uma letra do alfabeto a cada uma dessas metades. Portanto, são 24 quinzenas associadas a 24 letras, que vão de A a H e depois de J a Y (letras I e Z são excluídas).

Por fim, o último número indica sua posição nas descobertas daquela quinzena. Então, a presença do “O1” no nome do Hale-Bopp significa que foi o primeiro cometa descoberto durante a segunda quinzena de julho.

Trocando os nomes dos cometas

(Imagem: Reprodução/NASA)

Dissemos antes que os nomes dos cometas podem mudar com o tempo, e podemos entender isso olhando para a lista de tipos de cometas acima. Por enquanto, o Hale-Bope recebe o prefixo C/, porque é não periódico, mas quando os astrônomos observarem múltiplos retornos dele ao Sistema Solar interno, e puderem calcular sua órbita exata, ele receberá outro nome, com o prefixo P/ e um número para ordem de descoberta.

O Cometa Halley, por exemplo, foi o primeiro a ser identificado como periódico, por isso tem a designação 1P/1682 Q1. O segundo cometa identificado como periódico é o 2P/Encke, e assim por diante.

Quando o cometa recebe primeiro uma designação formal provisória (como é o caso dos cometas não periódicos), ele vem com o “apelido” incluído entre parênteses — como é o caso do C/2007 E2 (Lovejoy), notados com o nome sistemático provisório seguido pelo nome de seu descobridor.

Por outro lado, quando um cometa periódico recebe um número e uma designação permanente, usa-se o nome do descobridor após seu número e prefixo, sem os parênteses. Por exemplo, o cometa periódico numerado 67P/Churyumov–Gerasimenko.

Fonte: IAU

Por: Daniele Cavalcante

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