A roxinha nunca foi tão roxa. Na última semana, o Nubank – um dos bancos digitais mais valiosos do Brasil – entrou na onda da nostalgia e celebrou os 30 anos de Friends com ninguém menos que Matt LeBlanc, o eterno Joey Tribbiani.

A campanha viralizou instantaneamente: em três dias, o vídeo no YouTube já tinha alcançado 20 milhões de pessoas. E, claro, junto com o sucesso vieram os milhares de “How you doin’?” aparecendo nas transferências de Pix e até empresas rebatizando-se de “Central Perk” para surfar na onda.

Para quem é fã da série, o vídeo parecia um episódio perdido de Friends: Joey, sempre ele, com problemas financeiros, decide criar seu próprio banco “perfeito”. E o roteiro? Nas mãos de Jeff Astrof, roteirista original de Friends, a narrativa fica impecável, cheia de referências que cutucam aquela memória afetiva dos fãs – a frase icônica, o pato… tudo no lugar certo.

Hackeando a campanha

Confesso que sendo fã da série – a grande culpada é a Lara, minha noiva – , fui pego em cheio pelo roteiro e expectativa gerada. A nostalgia é um trunfo poderoso. Reviver momentos do passado é um caminho direto para o coração – e para o bolso – do público. 

Quando um anúncio desperta aquela sensação de “eu vivi isso”, não estamos só vendendo um produto; estamos criando uma ponte emocional. E o Nubank acertou ao fazer isso com Friends. Afinal, poucos elementos são tão eficazes em aproximar uma marca de seu público quanto reviver boas lembranças.

Seth Godin chamaria isso de “vaca roxa”. Imagine: você numa estrada, paisagem bucólica, até que, entre as vacas comuns, surge uma vaca… roxa. Você tiraria uma foto, claro. Porque, no meio de um mar de coisas iguais, algo extraordinário sempre atrai os olhares. E o Nubank, com sua ousadia em abraçar a cultura pop e “hackear” a nostalgia, sabe bem como ser essa vaca roxa. Num mercado onde os bancos tentam se diferenciar oferecendo taxas ou cartões bonitos, a Nubank entrega emoção e surpresa – o que, convenhamos, é bem mais memorável.

Por que campanhas nostálgicas funcionam tanto?

A nostalgia é a conexão direta com a autenticidade, um remédio contra o cansaço digital. É o que sites como BuzzFeed exploram com maestria, com listas do tipo “28 coisas que só quem viveu em BH nos anos 90 vai entender” ou “Você cresceu no Canadá se lembra de McCain Cakes”. Parece simples, mas é exatamente esse resgate do passado que faz com que o conteúdo ressoe – e leve a marca junto.

O Nubank capturou isso. E fez mais. Usou o que todo mundo conhece (e ama) para reforçar que, se existe um banco feito para gente de verdade, um banco que entende o que faz sentido pra vida das pessoas, é ele. A campanha não só fala com fãs de Friends, ela se conecta com quem valoriza autenticidade, quem busca algo fora do padrão. E essa, no fim das contas, é a verdadeira vaca roxa de que o marketing precisa: uma marca que entende o que a gente sente.