Análise abrange profissionais com ensino superior distribuídos em 126 profissões no setor privado
Médicos especialistas lideram o ranking das profissões mais bem pagas no Brasil, enquanto trabalhadores ligados à área de tecnologia chamam atenção pelo crescimento dos salários ao longo dos últimos anos, com variação de 39% nos valores. Os dados são do levantamento da economista e pesquisadora Janaína Feijó, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). A análise abrange profissionais com ensino superior distribuídos em 126 profissões no setor privado.
Além dos especialistas, médicos gerais, matemáticos, atuários; estatísticos; geólogos; geofísicos e engenheiros mecânicos também ocupam o top 5 dos profissionais que apresentam os maiores rendimentos no segundo trimestre de 2023. Médicos especialistas; matemáticos, atuários e estatísticos; médicos gerais; geólogos e geofísicos; engenheiros mecânicos, ocupam o top 5 dos profissionais que apresentam os maiores rendimentos no segundo trimestre de 2023.
No segundo trimestre deste ano, o rendimento médio real do trabalho dos médicos especialistas foi estimado em R$ 18.475. Entre os matemáticos, atuários e estatísticos, a renda média cresceu 50% ante igual trimestre de 2012. Nos outros casos, houve redução dos ganhos: médicos gerais (-37%), geólogos e geofísicos (-20%) e engenheiros mecânicos (-7%). O levantamento foi elaborado a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, algumas profissões também tiveram queda no salário médio. Engenheiros químicos, engenheiros civis e economistas, por exemplo, tiveram redução de 52%, 41% e 39%, respectivamente. Confira abaixo algumas das profissões e salários analisados.
Profissões com menores salários
- Professores do ensino pré-escolar R$ 2.285 3%
- Outros profissionais de ensino R$ 2.554 23%
- Outros professores de artes R$ 2.629 45%
- Físicos e astrônomos R$ 3.000 16%
- Assistentes sociais R$ 3.078 7%
- Bibliotecários, documentaristas e afins R$ 3.135 32%
- Educadores para necessidades especiais R$ 3.379 14%
- Profissionais de relações públicas R$ 3.426 23%
- Fonoaudiólogos e logopedistas R$ 3.485 28%
- Professores do ensino fundamental R$ 3.554 7%
- Outros professores de música R$ 3.578 35%
Outros dados do mercado de trabalho
A situação das mulheres negras no mercado de trabalho permanece preocupante, segundo outra pesquisa de Janaína Feijó. O levantamento apontou que taxas de desemprego e informalidade são mais altas entre mulheres negras do que nos demais grupos demográficos. No primeiro trimestre de 2023, o rendimento médio de todos os trabalhos das mulheres negras foi estimado em R$ 1.948, o que representa uma alta de 2,6% em relação aos três meses imediatamente anteriores.
A quantia, no entanto, é a menor entre os quatro grupos analisados pelo levantamento. As mulheres negras recebiam apenas 48% (menos da metade) do que os homens brancos e amarelos ganhavam em média com o trabalho no primeiro trimestre deste ano (R$ 4.078). Eles formam a camada com a maior remuneração, à frente também das mulheres brancas e amarelas (R$ 3.157) e dos homens negros (R$ 2.428).
Janaína Feijó é pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE. Atualmente desenvolve pesquisas na área de mercado de trabalho, educação e desigualdades sociais. Janaína é Doutora em Economia pela Universidade Federal do Ceará (CAEN UFC), Mestre em Economia pela Universidade Federal do Ceará (CAEN-UFC) e Bacharel em Ciências Econômicas (UFC).
Texto: Giovanna Campos