Consultoria Robert Half relaciona os cargos que irão moldar essa nova realidade de uso contínuo de inteligência artificial
Mesmo com o avanço da inteligência artificial e o crescente interesse pela IA generativa, existe uma corrente de opinião que não acredita que ela substituirá humanos no mercado de trabalho. E, é claro, há os que pensam o contrário.
Para a consultoria global de recursos humanos Robert Half,, a IA tem o potencial de alterar significativamente o panorama do emprego. “De início, a tendência é que atividades mais operacionais e repetitivas, como tarefas de processamento de dados e automação de processos, sejam cada vez mais tocadas por inteligência artificial”, afirma Leonardo Berto, gerente da consultoria.
Ainda assim, o executivo lembra que, pela dinamicidade do mercado de trabalho, muitas profissões que estão hoje em destaque sequer existiam até alguns anos atrás, assim como algumas podem deixar de existir para dar espaço a novas.
Segundo Berto, a principal medida para reduzir o impacto da transformação digital sobre o mercado de trabalho é promover uma educação continuada que prepare e qualifique os profissionais para as novas funções que necessariamente serão criadas, ou para que possam supervisionar o trabalho da inteligência artificial.
As próprias empresas devem se adaptar às transformações, seja incorporando tecnologias em suas operações ou desenvolvendo estratégias para estudar e aproveitar seus benefícios. Mas, para Berto, a maior parte da responsabilidade está nas mãos dos profissionais. “Eles devem ser os protagonistas da própria carreira e investir em qualificação, tanto técnica quanto comportamental”, afirma.
QUESTÕES ÉTICAS E IA NO TRABALHO
A inserção dessas tecnologias no ambiente profissional e sua relação com diferentes cargos levantam questões éticas importantes que exigem reflexão e ações cuidadosas. “A privacidade dos dados de clientes e funcionários deve ser uma preocupação central. As empresas precisam garantir que estão coletando, armazenando e utilizando informações de forma ética e em conformidade com a LGPD”, afirma Berto.
MUITAS PROFISSÕES QUE ESTÃO HOJE EM DESTAQUE SEQUER EXISTIAM ATÉ ALGUNS ANOS ATRÁS, ASSIM COMO ALGUMAS PODEM DEIXAR DE EXISTIR PARA DAR ESPAÇO A NOVAS.
Outra questão relevante é a transparência no uso da IA. É essencial que as companhias sejam verdadeiras e transparentes sobre como a inteligência artificial é usada em suas operações. Isso pode incluir a divulgação de algoritmos e critérios usados pela IA na tomada de decisões, por exemplo.
O executivo também considera importante a equidade como uma preocupação ética a se considerar. “As organizações precisam trabalhar para que seus sistemas não perpetuem preconceitos e para que os algoritmos sejam treinados com dados justos e representativos.”
CARGOS EM ASCENSÃO NO RAMO DA IA
Tendo em vista os aspectos relacionados à inovação e ao uso de inteligência artificial, a Robert Half, destacou algumas carreiras que sofrerão mudanças ou serão mais demandas com a expansão da tecnologia.
Gerente de transformação digital
Será responsável por conduzir a transformação das organizações, adaptando processos, capacitando a equipe para trabalhar com novas tecnologias e garantindo uma transição suave e bem-sucedida para um ambiente de trabalho orientado por IA.
Engenheiro de prompt
Essa especialidade ainda não conta com um curso específico, mas seu papel será crucial na interação entre humanos e máquinas. O profissional deverá ter profundo conhecimento técnico do aplicativo de IA em questão, aliado a habilidades analíticas apuradas, para monitorar e interagir com a IA de modo a extrair o melhor resultado possível da simbiose homem-máquina.
Jurídico/ Governança
A implementação concreta da IA ainda enfrenta lacunas regulatórias, tornando-se um desafio interdisciplinar para as empresas. Muitos profissionais, de diferentes áreas, estarão envolvidos no desenvolvimento e operação de soluções de IA. Por isso, haverá um sistema de governança específico para o uso da inteligência artificial, que demandará especialistas no assunto.
Especialista em cibersegurança de IA
Vai se concentrar em proteger os sistemas de IA de ataques, garantindo a integridade, confidencialidade e disponibilidade dos dados e algoritmos, além de prevenir o uso malicioso de tecnologias de inteligência artificial.
Analista de dados avançados
A IA pode coletar, processar e analisar grandes volumes de dados em tempo real, fornecendo insights valiosos para as empresas. Esse profissional terá que aprimorar suas habilidades para trabalhar em conjunto com a IA, interpretando resultados complexos, identificando padrões ocultos e tomando decisões estratégicas com base nas informações fornecidas.
Engenheiro de manufatura com automação inteligente
A automação inteligente, impulsionada por IA e robótica avançada, terá um impacto significativo na produção de manufaturados. O profissional deverá se qualificar para projetar, implementar e supervisionar sistemas automatizados, além de trabalhar em colaboração com robôs e outras formas de IA para otimizar processos de produção.
Consultores
Uma tendência é que surjam consultores com perfil técnico aguçado, especializados em entender, desenvolver e implementar soluções de IA. Esses profissionais provavelmente terão formação em matemática, ciência da computação, estatística ou áreas relacionadas. Mas há também oportunidade para consultores de aplicação, cujo papel será tornar os sistemas de IA utilizáveis em diversas disciplinas.
Texto: Rafael Teixeira