Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, desenvolveram uma pulseira inteligente que consegue rastrear toda a postura corporal em três dimensões em tempo real, graças a uma rede neural profunda e a um sistema de câmeras miniaturizadas.
Segundo os cientistas, o dispositivo batizado como BodyTrak pode ser utilizado em aplicações de realidade virtual (RV) no metaverso, ou para monitorar a mecânica do corpo humano durante a realização de atividades físicas de uma maneira muito mais precisa e confiável.
“Como alguns smartwatches já possuem uma câmera, tecnologias como a BodyTrak podem entender a pose do usuário e dar um feedback mais fiel em tempo real. Isso é prático, acessível e não limita a área de movimentação do usuário”, explica o professor de ciência da informação Cheng Zhang, coautor do estudo.
BodyTrak
Ao contrário dos sistemas atuais de monitoramento, que dependem de câmeras externas e sensores distribuídos por todo o corpo, a BodyTrak permite que o usuário se movimente livremente pelo ambiente usando apenas uma pulseira, sem todo o emaranhado de fios e detectores ao redor.
O segredo do gadget não se restringe apenas ao tamanho da câmera — menor do que uma moeda de dez centavos —, mas também à rede neural profunda utilizada na construção do sistema. Esse dispositivo consegue processar imagens rudimentares de partes do corpo em movimento, recriando 14 poses completas em 3D.
“Em outras palavras, o modelo preenche e completa com precisão imagens parciais, mostrando que não precisamos que nossos corpos estejam totalmente dentro do campo de visão da câmera. Se formos capazes de capturar apenas uma parte de nossos corpos, isso já é suficiente para reconstruir o corpo inteiro”, acrescenta o doutorando em ciência da informação Hyunchul Lim, autor principal do estudo.
Privacidade
Mesmo que a câmera permaneça o tempo todo ligada, os pesquisadores dizem que não é preciso de preocupar com a privacidade das pessoas ao redor porque o dispositivo fica apontado apenas para o corpo do usuário, captando somente imagens parciais de quem está utilizando o aparelho.
Essa característica permite que a BodyTrak seja usada livremente em locais públicos durante a realização de atividades físicas, ou em hospitais para o monitoramento de pacientes com deficiências físicas, mobilidade reduzida ou com risco de queda.
“Os relógios inteligentes atuais ainda não possuem câmeras pequenas ou poderosas o suficiente, nem sequer uma duração de bateria adequada para integrar nosso sistema de detecção de corpo inteiro, mas é apenas questão de tempo para que essa tecnologia faça parte de equipamentos vestíveis no futuro”, encerra Hyunchul Lim.
Por: Gustavo Minari