segunda-feira,09 setembro, 2024

Psicóloga cearense cria startup especializada em saúde mental no ambiente corporativo

Sediada no Ceará, a Amar.elo foi fundada em 2021 e já atendeu mais de 3 mil trabalhadores com programas de segurança emocional e prevenção ao suicídio no ambiente de trabalho

Para uma parcela da população, o ambiente de trabalho pode representar uma ameaça à saúde mental e ao bem-estar. De acordo com dados de 2022 do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, os transtornos mentais e comportamentais estiveram em terceiro lugar entre as maiores motivações para pedidos de afastamento do trabalho no Brasil. A posição representa mais de 190 mil trabalhadores afastados e demonstra a dimensão do problema, que pode resultar em consequências graves ao indivíduo, como o afastamento definitivo do trabalho ou até mesmo o suicídio.

O trabalho da cearense Lorena Soares tem como meta reverter esses números. A psicóloga de 49 anos é CEO da Amar.elo Saúde Mental, uma startup especializada em projetos de segurança emocional e prevenção ao suicídio no ambiente corporativo. Desde 2021, quando foi fundada por ela e pelo gestor empresarial Aleks Mesquita, a consultoria já atendeu cerca de 3,6 mil trabalhadores com programas que oferecem de diagnóstico da saúde mental a consultas periódicas com psicólogos.

O projeto mais recente do empreendimento, que tem sede em Fortaleza (CE), faz alusão ao Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, lembrado nesta segunda-feira (11/9). A startup lançou, neste mês, um guia que orienta empresas a lidar com o tema internamente, formando uma rede de apoio e de prevenção. De acordo com informações compiladas pela Amar.elo, a cada 45 minutos uma pessoa morre por suicídio no Brasil e, para cada morte, há outras 20 tentativas.

“Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos suicídios que acontecem ao redor do mundo poderiam ser prevenidos com uma rede de apoio em torno da vítima, e este apoio inclui o local de trabalho”, informa a publicação, que reúne informações direcionadas a funcionários da área de Recursos Humanos e colaboradores em geral. Dentre os direcionamentos estão evitar que o funcionário com intenção suicida fique sozinho no local de trabalho, além da criação de um plano de ajuda ao colaborador.

Experiência na pandemia

Mais do que dados gerais, a psicóloga percebeu que o público corporativo deveria ser o foco da sua atuação por experiência própria. A Amar.elo começou como um spin-off do Grupo Nosso lar, complexo de saúde mental localizado em Fortaleza. Durante a pandemia, o hospital psiquiátrico do grupo ficou repleto de pessoas em busca de internação. Muitas delas eram pacientes pela primeira vez. “Chegamos a ter uma fila de espera de 100 pessoas para cada vaga”, lembra Soares.

Para tentar amenizar a superlotação, ela passou atender de forma remota e percebeu, durante as sessões de terapia, que os problemas relacionados ao trabalho e à saúde mental eram um ponto comum entre os atendidos. “Vimos que a maioria das dores trazidas na terapia online tinha a ver com situações vivenciadas no momento de trabalho. As pessoas estavam em home office e se desorganizaram mentalmente”.

Os primeiros atendimentos apontaram, então, que somente a terapia não iria conseguir solucionar aquelas necessidades. As mudanças, segundo a psicóloga, precisariam ocorrer dentro dos formatos de gestão das empresas e deveriam promover medidas que garantissem a sustentabilidade emocional dos colaboradores. Daí então, o trabalho da startup passou a ser mais estrutural.

Diagnóstico nas empresas

Antes de começarem as consultorias, a Amar.elo realiza avalia e mapeia eventuais transtornos mentais nos funcionários. O dianóstico serve como base para o trabalho que será desenvolvido dentro da empresa. A pesquisa de segurança psicológica é feita por meio de uma plataforma online e, segundo Soares, consegue rastrear quais setores são mais afetados com sintomas de ansiedade e de depressão, por exemplo.

As empresas passam, então, por um acompanhamento mensal. Os serviços incluem também o acesso a uma plataforma educacional, com módulos que atendem às necessidades de cada cliente. Os valores de adesão ao programa variam por porte da empresa e custam a partir de R$ 180 mensais para o plano básico. Um grupo com 22 psicólogos está disponível para os atendimentos.

Soares, agora, pretende escalar o atendimento para outros lugares do Brasil. Para ela, a prevenção ao suicídio precisa ser coletiva, sendo todos responsáveis pela vida um do outro e trabalhando em rede para tornar a segurança emocional nas corporações uma realidade. “O nosso desejo é conseguir chegar a todo o país e levar esse novo olhar para dentro das companhias. Hoje as pessoas têm um olhar diferente sobre o que é melhor para elas e é importante que a empresa consiga enxergar isso e trabalhar junto”, defende a psicóloga.

Texto: Shagaly Ferreira

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