Um entusiasta do bitcoin no Brasil levou o maior blockchain do mundo para o espaço. Mauricio Cessere, gerente de produtos da Ledn e cidadão venezuelano, estabeleceu no Brasil o que provavelmente é o primeiro nó completo da rede Bitcoin via satélite.
Um nó da rede Bitcoin é um software que monitora continuamente o blockchain e seu histórico completo de transações. Atuando como um validador, um nó proíbe transações fraudulentas e impede tentativas de gasto duplo na rede. Cessere explica que os nós “oferecem a seus proprietários acesso descentralizado à única rede monetária não censurável que conhecemos até hoje”.
O nó que Cessere estabeleceu faz o download do blockchain do bitcoin diretamente da Blockstream Satellite Network, eliminando a necessidade de uma conexão confiável à internet para isso. É um pequeno passo para a rede de nós do bitcoin, que tem milhares de computadores fazendo isso simultaneamente no mundo todo, mas é um salto importante para a consolidação da rede, pois permite até que pessoas em áreas remotas ou de difícil acesso possam executar nós.
Até 2020, a configuração de um nó de bitcoin dependia totalmente dos provedores locais de internet. Graças às atualizações na Satellite Network da empresa de Blockstream, os defensores do bitcoin em todo o mundo podem baixar um nó completo sem precisar de uma conexão com a Internet.
Mas qual importância disso? Cessere explica: “Os nós completos via satélite são o próximo passo para uma maior descentralização da rede Bitcoin”. E acrescenta: “O caso de uso para o Satellite Full Nodes não poderia ser mais brilhante. Alguns pontos de acesso offline podem conectar totalmente comunidades remotas ao bitcoin, mesmo aquelas sem acesso à internet.”
Há ainda mais um argumento convincente a favor dos nós via satélite, particularmente em países que vivem turbulências políticas, conexões de internet não confiáveis e infraestrutura digital frágil. De fato, um nó completo via satélite pode ajudar mais países emergentes e indivíduos sem conexões à internet a contribuir e, eventualmente, participar da rede Bitcoin.
“Bitcoin Gandalf” (nome fictício), que atua na mineradora Braiins Bitcoin, explicou ao que “o uso do satélite Blockstream adiciona um nível adicional de segurança caso os métodos de conectividade mais tradicionais sejam interrompidos”.
A Venezuela, onde Cessere nasceu, é uma nação cada vez mais pró-cripto, convivendo com altos níveis de inflação desde 2016. Do lado de cá da fronteira, no Brasil, a adoção também tem ganhado enorme tração, principalmente a partir de um novo projeto de lei que propõe proteções para chaves privadas, além da legalização do uso de criptomoedas para pagamentos. A capacidade de executar um nó de satélite nesses países, como um ponto de conexão offline, é um benefício para a adoção e a resiliência da rede.
O nó completo via satélite brasileiro construído por Cessere está conectado da casa de um membro de sua família em Santos, no litoral de São Paulo. Caso o nó funcione com sucesso, a intenção é “levar o equipamento para a Fundação Parque Tecnológico de Santos”, parque de tecnologia e inovação onde estará permanentemente conectado como ponto de conexão offline.
O sinal espacial do bitcoin, no entanto, tem algumas limitações. Cessere explica que é uma “via de mão única, pois só se pode baixar dados dela, mas não é capaz de enviar” e que “portanto, eles não são capazes de transmitir transações para a rede”.
No futuro, a Blockstream pode introduzir uma versão ainda mais avançada de seu equipamento de satélite para permitir que aqueles com acesso extremamente limitado à Internet — como empresas de mineração de criptomoedas em localizações remotas — se conectem à rede Bitcoin via satélite, sem conexão à Internet.
Por: Cointelegraph Brasil