Levantamento da FIA com mais de 200 mil funcionários de empresas mostrou que a parcela 50+, que também é uma boa parte da liderança, está menos interessada em novas oportunidades
Uma pesquisa feita pela FIA com mais de 200 mil funcionários de 293 empresas aponta que os funcionários com mais de 50 anos formam o grupo mais estável, fiel e satisfeito com seu trabalho. Enquanto 3% das pessoas que têm até 39 anos afirmam estar procurando emprego, entre o público com mais de 50 esse percentual cai para 1%. A faixa etária corresponde a 10% dos entrevistados no geral – e a 13% dos cargos de liderança.
Parte da satisfação da maturidade, portanto, tem a ver com a remuneração e a posição de status nas companhias. Daí também vem o fato de os mais velhos se importarem mais (22%) com salários e benefícios, já que ganham mais, do que aqueles que têm até 22 anos de idade (17%). Mas esse não é o único motivo da permanência. “De forma geral, eles têm um vínculo mais forte com a empresa em termos de valores e compreendem melhor ‘o outro lado’”, diz a pesquisadora Lina Nakata, uma das responsáveis pelo estudo.
Estão felizes com salários
As queixas dessa parcela de entrevistados mais maduros estão ligadas ao desenvolvimento e aprendizado informal. Ter avaliações de desempenho mais estruturadas e mais trocas são pontos de melhoria, na visão desses profissionais. “Eles querem mais aprendizagem informal, que pode ser por meio de colegas e também pelo feedback com seu gestor imediato”, diz Nakata.
Quando o assunto é remuneração, o indicador é 14% mais bem avaliado pelos colaboradores seniores se comparado aos outros mais jovens (até 22 anos de idade). Outros pontos bem avaliadas pelo público mais veterano perante os mais jovens são: carreira, inovação e autonomia, e qualidade de vida no trabalho.
Diferentemente dos funcionários de até 22 anos, os seniores se sentem atraídos pelo alinhamento com os valores da empresa (20% vs. 7%) e pela identificação com o job description (20% vs.12%). Para eles, é importante que as empresas promovam a perspectiva de crescimento de carreira (20% versus 38%). O grupo mais propenso a buscar esse crescimento de carreira como um fator de ingresso na empresa é aquele que tem entre 27 e 32 anos. “Entendemos que a maturidade gera essa percepção mais positiva spbre a carreira e a relação com o trabalho.”
Quando questionados sobre os fatores de permanência, os mais velhos valorizam menos (25%) oportunidades de aprendizado e desenvolvimento do que os jovens (43%). Pouco mais de um terço deles tem um sentimento de satisfação com o trabalho, o que não é tão forte para aqueles que têm de 23 a 26 anos (13%).
Por fim, quando falamos sobre possíveis motivos de demissão voluntária, os profissionais mais jovens entendem que a falta de oportunidades de crescimento e de políticas salariais sejam os principais fatores. Já o grupo 50+ tende a sair da empresa por motivos pessoais e também quando a proposta de valor da empresa é incoerente com a prática.
Texto: Gabriela Guido