Um paciente com esclerose lateral amiotrófica (ELA) que perdeu a capacidade de locomoção e fala se tornou o primeiro, nos Estados Unidos, a receber o dispositivo cerebral da Synchron, startup de interface cérebro-computador concorrente da Neuralink, de Elon Musk. Com o implante, a expectativa é que o homem possa navegar na internet e se comunicar por e-mail e texto a partir do pensamento.

Fundada em 2016, a Synchron chamou a atenção no campo da interface cérebro-computador (BCI) porque seu equipamento, conhecido como estentrodo, pode ser inserido sem cortar o crânio. O procedimento é semelhante ao implante de um stent coronário e leva apenas alguns minutos.

Para inserir o dispostivio, médico faz uma incisão no pescoço do paciente e alimenta o estentrodo via um cateter pela veia jugular até um vaso sanguíneo aninhado no córtex motor. À medida em que o cateter é removido, o implante de 1,5 polegada de comprimento – e que conta com 16 eletrodos -, se abre e começa a se fundir com as bordas externas do vaso sanguíneo.

Em uma segunda etapa, o stentrode é conectado através de um fio a um dispositivo de computação implantado no tórax do paciente. Para fazer isso, o cirurgião precisa criar, sob a pele da pessoa, um “túnel” para o fio e um “bolso” para o equipamento. O implante, então, lê os sinais quando os neurônios disparam no cérebro.

Do outro lado, o dispositivo de computação amplifica esses sinais e os envia para um computador ou smartphone via Bluetooth – a força do sinal melhora com o tempo, à medida que o dispositivo se funde mais profundamente no vaso sanguíneo e se aproxima dos neurônios.

Empresa pretende melhorar a performance no futuro

Imagem de como estentrodo da Synchron se conecta ao cérebro (Foto: Reprodução/Synchron)
Imagem de como estentrodo da Synchron se conecta ao cérebro (Foto: Reprodução/Synchron)

A Food and Drug Administration (FDA), agência de saúde norte-americana, levou anos para aprovar o trabalho da Synchron nos Estados Unidos. A empresa planeja implantar o dispositivo em mais cinco pessoas no país, como parte de estudo de US$ 10 milhões, financiado pelo National Institutes of Health (NIH) e liderado por Douglas Weber, professor de engenharia mecânica da Carnegie Mellon University, e David Putrino, diretor de inovação em reabilitação do Mount Sinai.

A tecnologia permanece em seus estágios iniciais de desenvolvimento, e, de acordo com a startup, o teste deve se concentrar mais em como o corpo humano reage ao implante e quão claros são os sinais cerebrais nas funções que uma pessoa pode realizar a partir dele.

Embora muitos dos primeiros dispositivos tenham sido destinados a pacientes com ELA, acredita-se que eles também devam beneficiar pessoas que sofreram derrames e lesões na medula espinhal ou têm esclerose múltipla. Para médicos e pesquisadores, a inovação da Synchron pode levar a grandes avanços na forma como as pessoas com deficiências graves vivem suas vidas cotidianas.


No futuro, para melhorar a performance, a Synchron pretende reduzir o tamanho dos implantes e, ao mesmo tempo, aumentar o seu poder de computação. Caso os planos deem certo, a empresa poderá colocar vários estentrodos em cada paciente em diferentes partes do cérebro, permitindo que eles executem mais funções.

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