segunda-feira,25 novembro, 2024

Por que a pista de corrida das Olimpíadas de Paris é roxa?

uem assistir às competições de atletismo das Olimpíadas de Paris pode se surpreender. Em vez do habitual tom avermelhado, os espectadores vão encontrar uma pista roxa. E não é só a cor que é diferente. A pista é feita com conchas recicladas mirando a sustentabilidade. A informação é da Smithsonian Magazine.

A nova cor será o cenário para os corredores competindo no Stade de France, o maior estádio do país, localizado em Saint-Denis, ao norte de Paris, e foi uma escolha estética, pois roxo, azul e verde compõem a paleta para os locais de competição dos jogos deste ano. O design incorpora três cores distintas: lavanda para a pista em si, roxo escuro para as áreas de serviço e cinza para as curvas externas em cada extremidade.

Até mesmo a cola utilizada para fixar a pista à base de asfalto—2.800 potes no total—é roxa, caso alguma parte fique visível. A pista é feita pela Mondo, uma empresa baseada em Alba, Itália, que fabrica todas as pistas usadas nas Olimpíadas desde 1976. E esta é a primeira vez que uma pista olímpica é roxa.

Mas além da cor, a pista de Paris é única por incorpora conchas de moluscos bivalves, como mexilhões e amêijoas. Antes dos jogos, a fabricante da pista começou a fazer parceria com uma empresa de cultivo e pesca de mexilhões chamada Nieddittas para dar uma segunda vida às conchas usadas.

A mineração de calcário e mármore para obter carbonato de cálcio produz emissões de carbono, além de resíduos de mineração. Segundo a Mondo, a construção de uma pista usando carbonato de cálcio biogênico compensa as emissões de um veículo a diesel Euro 4 percorrendo 60 mil quilômetros, informou a Wired.

Além da estética e da sustentabilidade, o design e os materiais da pista também podem ajudar os atletas. Pesquisadores da Mondo aprimoraram o novo material polimérico introduzido pela primeira vez nas Olimpíadas de Tóquio, quando os atletas estabeleceram três recordes mundiais e 12 recordes olímpicos.

Eles também usaram algoritmos de computador para refinar ainda mais a forma e o tamanho ideais das bolhas de ar na camada inferior da pista, que ajudam a absorver e depois recuperar a energia do pé do corredor ao tocar o chão.

A borracha vulcanizada proporciona boa aderência e resistência para atletas paralímpicos que usam cadeiras de rodas e próteses. A pista também foi especialmente projetada para complementar a última geração de tênis de corrida.

Em Tóquio, a parte superior da pista era composta por grânulos de borracha 3D que trabalhavam em conjunto com um sistema de polímeros colocados na camada superior. Com isso, esperava-se que os atletas alcançassem maior velocidade—e, de fato, foi o palco onde a atleta jamaicana Elaine Thompson-Herah ganhou o ouro na corrida feminina de 100 metros com um tempo de 10,61 segundos, tornando-se a segunda mulher mais rápida da história. No total, oito recordes olímpicos de pista foram quebrados nos jogos de 2020.

A nova pista de atletismo mede 17 mil m², custou aproximadamente 3 milhões de euros (cerca de R$ 18,5 milhões) e tem uma vida útil de 10 anos.

Fabricação

Os funcionários colhem, limpam e preparam as conchas, que são feitas principalmente de carbonato de cálcio. Então, elas são moídas e o pó é incorporado ao material da pista. As conchas, que seriam levadas para um aterro, podem assim ser reutilizadas. Isso também reduz a necessidade de mineração, que é como os fabricantes geralmente conseguem o carbonato de cálcio.

O uso de materiais naturais reciclados está alinhado com os objetivos do Comitê Olímpico Internacional, que prometeu fazer os jogos em Paris os mais sustentáveis até agora. Outras tentativas de sustentabilidade incluem estacionamento para bicicletas em diversos locais, mais opções de alimentos à base de plantas para quem for aos jogos, 100% de energia renovável de origem local, um sistema de resfriamento geotérmico na Vila Olímpica e assentos no centro aquático feitos de tampas de garrafas plásticas recicladas.

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