quinta-feira,28 novembro, 2024

Plataformas digitais, o motor de transformação consumo e do varejo

Não é novidade para ninguém que o ambiente de negócios está passando por uma profunda transformação e disrupção. O setor de mídia e comunicação foi profundamente impactado por empresas como TikTok, Instagram e WhatsApp. O segmento de entretenimento, por empresas como Spotify, YouTube e Netflix. Já no segmento de serviços temos Uber, Airbnb e iFood. E claro que o segmento de consumo e o varejo também está nessa lista.

O que une essas empresas e faz com que elas tenham esse potencial de transformação é que todas são plataformas digitais.

O que são plataformas digitais

Os modelo tradicionais se baseiam no conceito “um para muitos”. Uma loja de um varejista é um ótimo exemplo, no qual há a oferta de um único agente para um grande número de consumidores.

Já uma plataforma permite a facilitação e o encontro da oferta e da demanda no conceito “muitos para muitos”. No mundo físico, poderíamos usar como exemplo uma feira livre, com muitos agentes ofertando para muitos consumidores.

A digitalização da nossa sociedade e das nossas economias permitiu a aplicação do conceito de plataforma em todos os segmentos do nosso cotidiano, inclusive em muitos nos quais nem imaginávamos ser possível há pouquíssimo tempo.

Plataformas digitais valem-se das fortalezas do digital para escalar o modelo e derrubar as fronteiras de sua aplicação. Nesses negócios não há estoque. O principal ativo é a plataforma, as interações e os dados dentro dela.

Performance

É um modelo de negócio desenhado para performance e escala. Atualmente, das 500 maiores empresas nos EUA, 21 delas são negócios digitais (4% do índice), mas representam incríveis 20% do faturamento.

Esse modelo de negócio que privilegia a escalabilidade e margens superiores também é demonstrado pela valorização dessas empresas na bolsa americana. Nos últimos 5 anos, mesmo com a queda recente das bolsas e das companhias de tecnologia, essas empresas apresentaram valorização cinco vezes superior à média do índice e 20% superior à das empresas de tecnologia.

Fortalezas

O que torna essas plataformas digitais tão poderosas são 3 fatores-chave:

  • São empresas leves em ativos, que não precisam empregar capital para crescer as suas operações nem construir mais lojas para entrar em outras regiões, por exemplo.
  • Possuem custo marginal baixo. O crescimento do seu faturamento não depende de um aumento de custo proporcional.
  • Usam o efeito de rede para crescer exponencialmente. Quanto mais clientes na plataforma, mais negócios são atraídos para ela, o que por consequência atrai mais clientes e mantém o crescimento acelerado dela.

Exemplos de plataformas digitais no consumo e no varejo

Urbanic:

Sediada na Inglaterra e fundada em 2018, a empresa se posiciona como uma retailtech e tem como público-alvo as consumidoras da geração Z de países emergentes, como Brasil e Índia. A jovem empresa já tem faturamento global anualizado superior ao das maiores varejistas de moda do Brasil (Renner, Riachuelo, C&A, etc.). Sua proposta de valor é usar a tecnologia para antecipar tendências, reduzir custos na cadeia e oferecer moda com qualidade superior a preços extremamente competitivos. Recomendo a visita no site ou app da empresa para conferir.

Por meio do seu algoritmo, conseguem fazer gestão e recomendação correta dos produtos para seus consumidores, além de usar os padrões de busca para antecipar a demanda, que se conecta pela plataforma de tecnologia com a rede de fábricas e fornecedores no sudeste asiático, que passam a produzir as peças “sob demanda”.

O CEO da empresa, em palestra para o Latam Retail Show, em setembro de 2022, em São Paulo, reforçou que a empresa simplesmente não tem estoque, o que reduz dramaticamente os custos de operação e rebaixa de preços. Esse fator também permite com que a empresa trabalhe com uma gama muito maior de peças e tamanhos que gradam e fidelizam o público-alvo.

Zé Delivery:

Esse exemplo é particularmente interessante, pois coloca a indústria no centro da transformação do varejo. Nascida como uma startup dentro da operação brasileira da gigante Ambev, a plataforma digital conecta milhares de bares em todo o Brasil diretamente com os consumidores.

Com a proposta de valor de entregar bebida gelada em questão de minutos diretamente na casa dos consumidores com o mesmo preço do supermercado, a plataforma rapidamente cresceu, atingindo o patamar de 61 milhões de pedidos em 2021 (crescimento de 125% versus 2020), 4,1 milhões de consumidores e 4.300 bares parceiros.

Já presente em 13 países, o principal diferencial da plataforma é o seu modelo de negócio único.

A Ambev usa sua estrutura já instalada e acessos aos melhores bares para convertê-los em parceiros (têm exclusividade em um raio de 5km). Tal estrutura mantém os bares abastecidos com o sortimento e estoque corretos, já contemplada a demanda da plataforma.

Ao receber um pedido do consumidor, o Zé Delivery repassa a demanda para o bar parceiro que prepara o pedido e que também é responsável pela entrega, remunerada pela taxa paga pelo consumidor. Todo o valor da compra – incluindo a taxa de entrega – é pago direta e integramente para o estabelecimento. Não há nenhuma taxa de serviço ou comissão para a plataforma.

O preço dos produtos é estabelecido pela Ambev dentro da plataforma e condiz com aquele praticado nos supermercados. A Ambev, por sua vez, recompõe a margem do bar que atendeu ao pedido, garantindo, assim, uma margem mínima previamente acordada.

A plataforma, por sua vez, é remunerada internamente pela própria margem da indústria.

Futuro do consumo através das plataformas 

As plataformas digitais estão transformando o ambiente de negócios, pois jogam um jogo diferente, com regras e modelos de negócios não usuais, permitindo assim diferenciais competitivos impossíveis de serem alcançados pelos modelos tradicionais.

A proliferação e aumento da presença das plataformas digitais acelerando o ritmo da transformação do ambiente de negócios é inexorável. Cabe aos players tradicionais acompanharem o passo da mudança com o risco de perderem mercado ou até mesmo com a pena de serem forçados para fora do jogo.

Imagens: Shuttersctok e Reprodução

Por: Eduardo Yamashita

Redação
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