A corrida para salvar a biodiversidade do planeta é tão urgente quanto a crise climática.
De acordo com dados da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, um quarto das espécies de plantas e animais está ameaçado de extinção e o Fórum Econômico Mundial calcula que mais da metade do PIB global depende da natureza.
O desenvolvimento sustentável e integrado só é possível a partir do envolvimento da sociedade civil na discussão que, neste caso, deve estar baseada nos interesses e demandas das comunidades e povos amazônicos. Nesse sentido, os Diálogos Amazônicos permitem a participação ativa e propositiva da sociedade civil, que tem a oportunidade de pautar a formulação de novas estratégias para a região.
“Essa agenda também chama atenção para a urgência da preservação do bioma da Amazônia e incentiva a união de esforços rumo à contenção dos efeitos dos impactos causados pela mudança climática no Brasil e no mundo.”, afirma o coordenador de Políticas Socioambientais do IDS, Marcos Woortmann.
“O desenvolvimento sustentável dos oito países amazônicos passa pelo combate ao desmatamento e pela criação de alternativas para geração de emprego e renda, viabilizando a manutenção da floresta em pé. A mensagem é destaque de uma carta aberta enviada pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura as representantes das nações da região, como ministérios e embaixadas”, relata a ambientalista Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios.
Esta carta ressalta a urgência do fortalecimento da rastreabilidade das cadeias produtivas, que ganhou novos contornos após a aprovação de legislações no exterior que proíbem a importação de commodities produzidas em locais com ocorrência de desmatamento. Atacar este problema, segundo a Coalizão, demandará investimentos em tecnologias de rastreamento e o georreferenciamento de diversas commodities, que têm peso expressivo na balança comercial brasileira.
Os presidentes que se reuniram nos dias 8 e 9 de agosto em Belém (PA) na Cúpula Amazônica, 4a Reunião dos Chefes de Estado das Partes do Tratado de Cooperação Amazônica, com a missão de chegar a uma visão comum de desenvolvimento sustentável para os povos que habitam o bioma. Para quase 300 líderes e especialistas de mais de 100 organizações dos nove países da Pan Amazônia, isso não é possível sem colocar a bioeconomia no centro de um novo modelo de desenvolvimento para a região.
Segundo a gerente adjunta para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da TNC Brasil, Juliana Simões, por abrigar a maior parte da Floresta Amazônica (58%), o Brasil pode ser protagonista na implementação da Cúpula da Amazônia, com ações que estimulem a produção e os negócios sustentáveis na floresta, promovendo assistência técnica específica, valorizando o conhecimento e a cultura dos povos indígenas e comunidades tradicionais, contribuindo para a inovação e verticalização das cadeias produtivas da sociobiodiversidade, agregando tecnologia, valor e melhorando a renda do campo.
“A floresta amazônica está perigosamente perto de seu ponto de colapso. Em algumas regiões, ela já se degradou. Ainda estamos em tempo de impedir a imensa perda de biodiversidade que isso acarretaria e promover as economias lideradas pelas comunidades que são os atores principais de sua conservação. A próxima década será crucial para a sobrevivência, ou não, da floresta e do modo de vida e cultura de seus povos”, alerta Rachel Biderman, da Conservation International.
“Preservar a Floresta Amazônica é um grande desafio. Manter a biodiversidade da Amazônia e as áreas ricas em carbono depende de proteção e respeito aos ecossistemas”, conclui Vininha F. Carvalho.