O pesquisador e professor do curso de engenharia florestal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Alexandre dos Santos, explica sobre nascimento e funcionamento do projeto de pesquisa que se tornou um modelo de produto inovador para o setor agro. O profissional atua na área de geotecnologia aplicado ao monitoramento de testes de pragas.
O Forest Cloud consiste em uma plataforma digital que monitora a presença de pragas nas plantações. Esse monitoramento é feito via satélite com auxílio de uma inteligência artificial desenvolvida pelos próprios pesquisadores do estudo. A pesquisa tem sido realizada no campus de Cáceres.
O professor explica que com o cadastramento no site é possível que o produtor tenha acesso aos locais onde estão ocorrendo os eventos com pragas. “Nosso produto é voltado para indústria florestal. Hoje no Brasil existem mais de 10 milhões de áreas plantadas, é praticamente impossível observar toda essa área. Não há pessoas suficientes para monitorar os problemas que estão acontecendo nessas áreas. Existem equipes que andam esporadicamente procurando encontrar problemas. Mas isso é feito ao acaso, quando esse problema é visto ele já está instalado. Isso demanda muito mais produtos químicos e recursos humanos para resolver do que se o problema fosse detectado precocemente”, explica o pesquisador.
A detecção antecipada e de alta precisão favorece uma tomada de decisão rápida, diminuindo as perdas na produção e o uso de agentes químicos, fazendo com que a empresa esteja em sintonia com os Objetivos Sustentáveis da Agenda 2030 da ONU. A ferramenta utiliza as imagens feitas pelo satélite. Segundo o pesquisador, as áreas das empresas que estão fazendo parte do projeto são previamente marcadas e semanalmente é feita uma visita desse satélite por meio de uma inteligência artificial. Ela mostra onde estão os espaços com problemas sem que haja necessidade de uma verificação presencial. Dessa forma, os produtores não precisam mais ficar procurando, só vão até o local para a resolução daquele problema.
Logo que o cadastro no site é feito, a empresa já tem acesso aos mapas que mostram as áreas de infestação, áreas de prioridade e áreas que precisam ser monitoradas. O produto ainda não está disponível no mercado oficialmente, pois está passando por uma fase criteriosa de testes para ver como o sistema se comporta, mas já se encontra em um estágio bem maduro do processo.
“Nós pegamos uma tecnologia desenvolvida pelo IFMT com a fonte de recursos da pró- reitoria de pesquisa do Instituto, da agência de inovação tecnológica e também captamos recursos de empresas parceiras. Hoje nós temos um produto de alto grau tecnológico em fase de validação”, relata.
A criação já foi premiada também. De acordo com Alexandre, o projeto ficou em 1° lugar no Force Inside, sendo considerada a tecnologia mais disruptiva do setor no ano de 2021. O evento é promovido por 12 das maiores empresas de engenharia florestal da Universidade Federal de Viçosa (MG). O projeto também foi destaque na feira do Ministério da Educação (MEC) na área da agricultura.
Alexandre reforça sobre a importância da pesquisa para o fomento da inovação em Mato Grosso.
Por: Victória Oliveira.