Mais de 55% das empresas paranaenses possuem redes sociais ou sites com a finalidade de divulgar produtos, fortalecer relacionamento com os consumidores e ganhar competitividade. O dado faz parte de um levantamento inédito, realizado pelo Sebrae, que confirmou as mudanças pós-pandemia e demonstra que a presença digital dos pequenos negócios está cada vez mais forte.
Segundo o levantamento, na hora de oferecer serviços e produtos, por exemplo, os meios digitais são utilizados por 65% dos empreendedores. Além disso, reservas ou vendas on-line são realizadas por 45% das empresas ouvidas.
A pesquisa Transformação Digital nos Pequenos Negócios – Edição 2022, entrevistou 6.345 donos de pequenos negócios de todas as regiões do Brasil entre 25 de julho e 27 de setembro de 2022. Nesse universo estão microempreendedores individuais (MEI), além de donos de micro e pequenas empresas (MPE) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) que atuam nos setores do comércio, serviços e construção.
“O avanço na transformação digital tem permitido, e até forçado, as empresas a entrarem nas redes sociais ou websites, muito pela forma com que o cliente consumidor passou a se comportar. Quando os hábitos de consumo mudam, as pessoas passam a buscar comodidade, facilidade e experiências diferentes. Isso faz o mercado se movimentar e exigir que as empresas se adequem, seja por oportunidade, seja pela necessidade de sobrevivência”, indica o consultor do Sebrae/PR, Willian Braga Tomaz.
Aumento nas vendas
Um dos exemplos é a empresária Mariza Baldissera, de Guarapuava, região centro-sul do Estado, que atua no ramo de perfumaria de importados. No início, segundo ela, as redes sociais da empresa, a exemplo do Instagram, misturavam conteúdos pessoal e profissional, não atingindo de forma impactante o público-alvo.
“A pandemia foi um divisor de águas na história da Perfumari Guarapuava. Diante de todas as restrições impostas pela Covid-19, optamos pela contratação de um profissional para gerenciar nossas redes sociais. Com isso, demos um salto de 150% nas vendas com uma presença digital fortalecida”, conta.
Ela relata que 85% das vendas efetuadas são provenientes da visibilidade através do Instagram e, com um pouco menos de efetividade, por meio do Facebook.
“O primeiro contato acontece pelas redes sociais e, por lá mesmo, disponibilizamos três números de WhatsApp para finalizar a venda. Também utilizamos esse canal para o pós-venda e para fidelizar a carteira de clientes”, comenta.
Viralizar para vender
A loja de roupas femininas Cor de Pimenta, de Maringá, noroeste do Paraná, seguiu outra estratégia. Com presença digital desde a fundação do negócio, em 2009, a empresa conseguiu obter 60% do faturamento, em 2022, por meio de vendas feitas por canais como Facebook, Instagram e WhatsApp. Mas a observância às novas tendências do mundo digital fez com que a loja tomasse outro rumo.
Michele Carraschi, que está no negócio com a mãe, Neusa Carraschi, ao perceber que o TikTok, rede social de vídeos curtos, tem público diverso, e não apenas infantil ou adolescente, decidiu apostar em dicas simples de como combinar peças e montar looks diferentes. Aproveitando o cenário da loja para gravar as publicações, o negócio atingiu milhões de visualizações. Um vídeo sobre como usar calça modelo envelope teve 5,1 milhões de visualizações.
“Começamos, em janeiro deste ano, no TikTok. Eu via que minha tia, minha avó, todos tinham TikTok. Vi como uma rede em potencial, já que todos estão ali dentro. Deu certo. Isso se soma a ajustes de gestão, que fizemos buscando conhecimento em fontes como o Sebrae”, comemora Michele.
Redes sociais e vendas digitais
Assim como Mariza, Michele e Neusa, outros empreendedores também apostam nas redes sociais. No levantamento, em todo o Paraná, o WhatsApp foi apontado como a principal ferramenta de vendas digitais para 76% das empresas ouvidas. Em segundo lugar, com 40% estão as redes sociais, seguidas pelo site próprio, com 21%.
Ainda segundo a pesquisa, o Facebook está presente em 78% dos negócios, enquanto o Instagram já faz parte da rotina de 92% das empresas entrevistadas que possuem algum tipo de rede social para os negócios. Em relação a outras redes e plataformas, os empreendedores paranaenses, segundo o levantamento, continuam investindo em site próprio (31%), mas outras redes ficam em segundo plano (apenas 10% possuem conta no Twitter; 21% possuem conta no LinkedIn e 18% possuem canal no YouTube).
Mesmo diante do cenário oportuno, não basta criar uma rede ou um site e esperar retorno. É preciso ver os espaços digitais com a mesma seriedade que se vê os espaços físicos. Isso quer dizer que, na prática, a inserção digital demanda estratégia e planejamento.
Confira algumas dicas:
O atendimento deve ser um diferencial
Se você ficar ausente de sua empresa física, o cliente vai bater na porta e não terá ninguém para atendê-lo. No digital, a lógica é a mesma: se a ideia é entrar no universo digital, é preciso abastecer os canais com conteúdo e ter formas específicas de atendimento para que o cliente não fique sem informação, desatualizado ou desamparado.
Atualize-se
Cuidar das suas redes sociais é posicionar a sua marca, sua imagem, seus produtos, serviços e diferenciais. Se isso não está legal ou organizado, é esse o cenário que o seu cliente irá enxergar. Para que isso seja minimizado, procure imediatamente se atualizar, conhecer sobre as ferramentas que auxiliam na administração das redes sociais. É preciso estar em constante movimento de melhoria.
Planeje
Planejamento é essencial para manter uma rotina de atualização semanal. Compartilhe aquilo que há de melhor da sua empresa, aproveite para interagir com seu público on-line, peça opinião, entregue informações para ele saber como, quando e quem pode aproveitar os seus produtos ou serviços da empresa. Seja uma oferta, uma novidade, uma mensagem de agradecimento – e explore as datas comemorativas.
Procure as ferramentas gratuitas
Ao contrário do que muitos pensam, o ingresso ao universo digital não precisa ser, necessariamente, custoso. Existem várias redes gratuitas e que permitem a inserção sem investimento algum. Esse é o melhor caminho para iniciar, utilizando ferramentas que não oneram o seu caixa. À medida em que se aprende a usar e consegue identificar o que funciona melhor, ou não, dentro das redes, aí sim se pode buscar ferramentas pagas de marketing – seja para otimizar processos, aumentar a equipe ou contratar um serviço terceirizado que gerencie as redes pela empresa.
Fonte: Jornal do Oeste