A participação feminina no mercado de Tecnologia da Informação vem crescendo, no Brasil e em outros países, ao longo dos últimos anos. As ações afirmativas das empresas têm se mostrado essenciais para enfrentar a disparidade de gênero nesse segmento e promover mudanças. Neste sentido, a diversidade e a inclusão devem ser temas prioritários de todas as organizações, grandes companhias e startups principalmente, pois são indispensáveis para potencializar a participação das mulheres não apenas em TI, mas em outros setores.
Os números confirmam que há um longo caminho a percorrer para alcançar um patamar de equidade, como mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que indicam que apenas 20% dos profissionais de TI são mulheres, e isso em um país em que o público feminino corresponde a 52,2% da população.
Aqui mesmo no Brasil, um bom exemplo de como contribuir com a equidade no setor de Tecnologia da Informação é a plataforma MaisMulheresTech, que visa capacitar 100 mil mulheres para vagas em TI. A iniciativa da Microsoft, em parceria com a WoMakersCode, oferece cursos online gratuitos em áreas como computação em nuvem, infraestrutura, segurança da informação, desenvolvimento, e inteligência artificial, com todos os cursos ministrados por mulheres.
Além de ações como essa, vale destacar que o número de mulheres se candidatando a cargos em TI também está aumentando, e a América Latina lidera esse impulso. É o que aponta um estudo da BairesDev, companhia norte-americana de outsourcing de TI. Analisando cerca de 1 milhão de candidaturas entre 2015 e 2021, a empresa descobriu que a proporção de candidatas foi de 11% para 41% na América do Sul e, no Brasil, de 16% para 40%.
Como a tecnologia pode ajudar
A própria tecnologia é ferramenta para estimular a participação de mulheres em processos de seleção para posições em TI. Sistemas baseados em inteligência artificial podem ser utilizados para que a seleção de candidatos considere fatores como gênero, além de idade e nacionalidade, como faz o Stafffing Hero.
Ainda segundo o levantamento da BairesDev, a Argentina está à frente com a maior participação feminina, com 46% de candidatas para as vagas da companhia. Na sequência vêm Uruguai, Honduras, Jamaica e República Dominicana, com o Brasil em oitavo lugar. Sinal de que, por aqui, o desafio é maior e, por isso, a agenda da equidade das mulheres no mercado de TI precisa estar no radar dos executivos de recursos humanos e empresas de recolocação, indispensáveis, na prática, para a abordagem e promoção desse tema.
Os pontos de atração
Esse mesmo estudo também identificou que o SharePoint é a tecnologia que mais atrai mulheres, que se candidatam até três vezes mais a vagas envolvendo a plataforma. E as profissionais mostraram um aumento de interesse por vagas de desenvolvimento para dispositivos móveis. Conhecer os principais interesses do público feminino em Tecnologia da Informação faz toda a diferença ao pensarmos em planos estratégicos para ampliar as oportunidades de inclusão e, com isso, aumentarmos a participação das mulheres.
Segundo o relatório Women in Tech, de 2022, cerca de 40% das candidatas estão na faixa dos 20 anos, enquanto para os cargos de supervisão e liderança, a faixa de 40 a 49 representa 37% das candidaturas. A questão da faixa etária e dos cargos almejados pelas mulheres nos leva, por fim, a duas importantes conclusões.
A primeira está relacionada às possibilidades de atuação no mercado de TI para mulheres, que devem contemplar diferentes perfis de idade e experiência, incentivando o ingresso desde cedo e a qualquer momento. A segunda conclusão nos leva à certeza de que não basta apenas que as empresas promovam a capacitação e a inclusão, nem que o público feminino tenha interesse em ingressar no setor, sejam quais forem os pontos de atração e conexão. Para além de tudo isso, é indispensável que as mulheres alcancem cargos de liderança, em que serão responsáveis pelo direcionamento de estratégias, tomada de decisão e, efetivamente, poderão garantir a representatividade de gênero no setor de tecnologia no longo prazo.
Por: Patricia Rechtman