A pecuária brasileira é tão extensa quanto o território nacional. De acordo com um estudo da Embrapa, 80% das pastagens do Brasil apresentam um certo grau de degradação. Porém, a cada dia que se passa, a pecuária tem se profissionalizado e investido em tecnologia para obter mais produtividade. 

AgriBrasilis entrevistou Xisto Alves de Souza Jr., CEO e Fundador da Startup JetBov, que propõem soluções em pecuária de corte via aplicativo. Xisto é especialista em planejamento estratégico e engenharia de software, é graduado em administração de empresas com ênfase em comércio exterior e pós graduação em engenharia de software e em planejamento e gerenciamento estratégico, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

AgriBrasilis: Como funciona o app em relação a cria, recria e engorda? E em relação a gestão da propriedade?

Xisto: Somos uma plataforma para gestão completa. Atendemos as etapas de cria, recria e engorda. Nos diferenciamos bastante no mercado por nosso posicionamento de ajudar o produtor a gerenciar a fazenda como uma empresa. Para isso, facilitamos a coleta de dados em campo através do nosso app que funciona off-line e conversa com outros dispositivos como balanças eletrônicas e sensores. Integramos esses dados zootécnicos, que chegam a todo momento do campo, ao acompanhamento da lotação das pastagens utilizando imagens de satélite. Como um diferencial relevante da solução, o sistema calcula todo o custeio da produção, de forma que o pecuarista tenha em mãos, a qualquer o momento, qual o custo que teve com cada animal e dessa forma projetar melhor o desempenho do gado, lotação para otimização do uso da terra buscando o melhor resultado econômico e financeiro. Na prática, implantamos em nossos clientes o que chamamos de pecuária de precisão, derivando dos conceitos da Agricultura 4.0, habilitando as propriedades para realizar uma pecuária mais moderna, com decisões mais baseadas em dados que busca otimizar ao máximo a lucratividade de forma sustentável.

AgriBrasilis: A mesma tecnologia pode ser empregada para produção de outros tipos de animais?

Xisto: Somos especializados em bovinos de corte. Nosso propósito é promover o empoderamento do pecuarista através da tecnologia da informação. Dessa forma, estamos totalmente focados em conhecer profundamente nossos clientes, e assim continuamente evoluir nossos serviços para cada vez mais agregar valor a eles.

AgriBrasilis: Quais são os principais impeditivos de implementação de novas tecnologias no Brasil?

Xisto: Acreditamos que as barreiras de conectividade no campo são o principal entrave, que gera grande atraso para o desenvolvimento da economia no campo. Considerando que, não apenas no que se refere diretamente ao uso de tecnologias digitais, mas também em relação à própria qualificação da mão de obra, que cada vez mais precisará dominar o uso destas novas tecnologias para aplicação nas fazendas.

AgriBrasilis: Quais as diferenças entre a pecuária tradicional e a nova pecuária, como modelo de negócio profissionalizado e lucratividade?

Xisto: Um estudo apresentado pela consultoria Athenagro, que promove o Rally da Pecuária, comparando as fazendas mais lucrativas, no que se refere a Lucro/Ha, temos um potencial no Brasil de produzir até 8 vezes mais. E, entendemos que um dos fatores fundamentais que diferenciam a pecuária tradicional desta nova, altamente lucrativa, estão diretamente relacionados a profissionalização na gestão. As decisões sobre investimentos em genética, intensificação nas pastagens, suplementação, sanidade, questões ambientais, etc. Precisam ser melhor controlados e acompanhados para tomar decisões em tempo real, cada vez mais baseados nos dados. E, considerando que pecuária é uma atividade extremamente complexa no que tange a variedade de informações e toda a dinâmica envolvida, não usar uma tecnologia digital como ferramenta vai diferenciar um bom gestor e um mau gestor na nova pecuária.

Fonte: AgriBrailis