O consumo está sendo cada vez mais impactado no sentido de “quem faz e como faz”. É o que sugere um estudo da agência de pesquisa norte-americana Union + Webster, divulgado pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). De acordo a pesquisa, 87% dos consumidores entrevistados dão preferência a empresas com compromisso socioambiental.
A análise também mostra que 70% dos entrevistados, inclusive, não se importam em pagar um pouco mais por produtos ou serviços de corporações atentas à questão socioambiental.
Paralelamente, um levantamento conduzido pela Nielsen Holdings revelou que 62% das pessoas preferem trabalhar e 59% priorizam investir em negócios com responsabilidade social. A sondagem, realizada em 50 países, também descobriu que 66% dos consumidores preferem comprar produtos e serviços de empresas que tenham programas que contribuam com a sociedade.
Luiz Otávio Goi Junior, especialista que faz parte do FestQuali, acredita que a facilidade de informação tem motivado esse olhar mais preocupado da sociedade sobre as marcas que consome. “Hoje, é muito mais fácil ter acesso a dados sobre os problemas ambientais e sociais do que no passado, assim como sobre suas causas”.
Para Goi Jr., elementos como a fragilidade social, que foi potencializada com a chegada da pandemia de Covid-19, e a indignação do público geral com os escândalos de corrupção em empresas e instituições de renome também trouxeram a sociedade para “a roda de conversa”.
Com isso, prossegue o especialista, também veio à tona a necessidade de discussão sobre os impactos das empresas e marcas e sobre a opção de escolha de quem busca não fazer parte de impactos negativos da ESG (Environmental, Social e Governance, na sigla em inglês – Ambiental, Social e Governança, em português). A abordagem é utilizada para avaliar e nortear ações de corporações em prol de objetivos sociais e práticas voltadas ao meio ambiente.
Empresas devem se posicionar
Goi Jr. chama a atenção para o fato de que o comportamento de uma sociedade cada vez mais consciente exige uma resposta assertiva por parte das corporações. “As empresas devem criar programas estratégicos internamente para que possam se alinhar a essas demandas no mercado, que são crescentes”.
Segundo o especialista, a ação principal nas empresas deve estar conectada a entender quais são os impactos gerados junto às partes interessadas, denominados “stakeholders”, e oferecer uma resposta a esses impactos de forma proativa. “As empresas, principalmente no Brasil, esperam muito a regulação pública para agir e, diante da atual demanda do mercado, existe uma necessidade de proatividade que antecede essa visão”.
ESG merece atenção
Neste ponto, Goi Jr. destaca que é comum que uma organização se pergunte como implementar o ESG em suas atividades: “Antes de tudo, é necessário ter sua missão, visão e valores muito claros. Se você não tiver o ESG na sua visão, não será possível implementá-lo. Portanto, o processo ideal é rever e entender onde a empresa deseja estar em determinado tempo quanto às agendas ESG”.
Depois disso, acrescenta, é preciso desenvolver um processo de aculturação interna, onde os valores da empresa e dos colaboradores devem estar conectados, para que seja possível gerar propósito e reduzir os impactos da mudança cultural.
“Com empresa e colaboradores alinhados, fica fácil partir para o próximo estágio, que é verificar seus riscos, escutar os stakeholders e elaborar as ações que atendam às demandas ambientais, sociais e de governança”, explica Goi Junior. “Vejo muitas empresas começando pelo último passo, e essas, provavelmente, serão as que não terão uma agenda ESG duradoura”, complementa.
Para concluir, o especialista informa que “ESG no AGRO” está entre as pautas do FestQuali Paraná, que irá ocorrer entre os dias 7 e 9 de novembro, em Curitiba (PR).
Para saber mais, basta acessar: https://festquali.com.br/
Por: Terra