No universo da tecnologia, os últimos meses têm sido dedicados a intensos debates sobre um único assunto: inteligência artificial generativa. A “corrida da IA” foi acelerada pelo sucesso do ChatGPT, lançado pela OpenAI em novembro do ano passado, e multiplicam-se as discussões sobre os prós e contras de seu uso. Para Flávia Verginelli, diretora-geral de produtos, inovação e privacidade para a América Latina do Google, a IA é e sempre será uma aliada.
“A inteligência artificial é a tecnologia mais impactante em que estamos trabalhando hoje. Ela é fundamental para entregarmos valor para nossos usuários e clientes, e para tornar todas as informações acessíveis e úteis para todos os usuários”, diz ela.
Um dos maiores nomes em tecnologia e inovação do Brasil, Flávia teve passagens pela Microsoft e pelo portal Terra antes de ser convidada para trabalhar no Google, em 2011. Hoje, sua principal função é desenvolver novos produtos e estratégias para acelerar a digitalização das empresas.
Para a executiva, recursos como machine learning e data science possibilitarão a criação de novos insights para o mercado e para os consumidores — da mesma maneira que aconteceu no auge da pandemia. “Naquele período, o Google enfrentou o desafio de responder à necessidade de digitalização das compras de forma muito rápida. Sem a IA, não teríamos tido avanços no mecanismo de busca e nas ferramentas para o marketplace.”
Apesar dos avanços trazidos pelo uso de inteligência artificial, a executiva ressalta que há aspectos que a tecnologia nem sempre consegue suprir. “O comércio, por exemplo, é uma atividade social, presente desde os primórdios da nossa vida coletiva. Assim, quando criamos ferramentas com foco em compras, elas precisam levar isso em consideração. Não é só tecnologia, é preciso remeter àquele sentimento de satisfação”.
Muitos dos novos insights coordenados por Flávia devem ser lançados ao longo de 2023. Para este ano, a executiva ressalta que o foco – além da IA – é transformar a interface de busca por produtos na plataforma. Para isso, filtros e vídeos serão utilizados para seguir a tendência de consumo do público, que adere cada vez mais “ao modelo TikTok” das mídias.
Índice avalia maturidade digital das empresas
Entre os projetos de maior relevância de sua jornada no Google, a executiva cita o desenvolvimento do gMaturity, índice que avalia a maturidade digital das empresas, e que é atualizado anualmente desde 2018 para acompanhar o dinamismo do ecossistema do marketing digital.
Flávia afirma que a edição mais recente do índice mostrou que a busca por eficiência no pós-pandemia ajudou empresas a avançarem em maturidade digital: pela primeira vez, o número de negócios no maior estágio de maturidade (Multimomento) supera o de empresas no menor estágio (Nascente).
“Esse projeto tem sido usado como parâmetro por mais de uma centena de grandes empresas brasileiras de diversos setores, como varejo e bens de consumo, para balizar sua estratégia de transformação digital. Além disso, o índice tem acelerado a adoção de inteligência artificial no marketing no Brasil”, explica.
Inovação envolve colaboração
Perguntada sobre sua definição de inovação, a executiva diz que “inovar é criar soluções de forma ágil, impactante, eficiente e colaborativa”. “Mas, para que a inovação aconteça, é preciso uma combinação de fatores, que envolve um time afiado, trabalhando em regime de intensa colaboração”, diz.
Flávia também destaca que a implementação de novidades precisa sempre acontecer de forma gradativa. “Precisamos focar em lançar ferramentas e recursos que sejam úteis para o consumidor. De nada adianta apenas disponibilizar inúmeras novidades vazias”.
“A forma como o Google é capaz de responder corretamente uma pergunta nunca feita antes em milésimos de segundos traz um desafio enorme: como antecipar a resposta se a pergunta nem foi feita ainda? Para resolver essas questões, preciso de mentes colaborativas pensando juntas”, afirma a diretora.
Fonte: Época Negócios
