Washington Silva atua com inovação há 17 anos, construindo sua trajetória no Poder Executivo com foco em empreendedorismo social e público, acreditando no potencial transformador do empreendedorismo. Atualmente, ele ocupa o cargo de Superintendente de Governo Digital e Inovação em Práticas Públicas de Mato Grosso, onde tem promovido a cultura do empreendedorismo entre servidores públicos.
Com sua expertise na área, Washington tem recebido convites para apresentar iniciativas e compartilhar práticas implementadas em Mato Grosso em diversas regiões do Brasil. Paralelamente, ele é um participante ativo no ecossistema de empreendedorismo e inovação, marcando presença em eventos voltados para startups e iniciativas transformadoras. Sua trajetória profissional, desde os primeiros passos após a formação acadêmica até o título de mestre em inovação, sempre esteve pautada por essas áreas.
Para ele, inovação é uma ferramenta essencial para transformar instituições e gerar impacto positivo na sociedade. Sua atuação é guiada pelo compromisso de integrar inovação e estratégia em práticas públicas, trazendo soluções efetivas para o setor público. O 360 News convidou Washington Silva para compartilhar suas experiências e perspectivas sobre o impacto do empreendedorismo e da inovação no setor público. Confira!
360 News: De que forma a transformação digital no setor público pode impactar positivamente o ecossistema de inovação e os pequenos empreendedores?
Washington: Imagine um grande navio mudando de rota: o esforço necessário é imenso, tornando a inovação desafiadora. É aí que entram os pequenos barcos — pequenos negócios e empreendedores que colaboram para promover grandes mudanças. Esse é o conceito de inovação aberta: unir o setor público, privado e terceiro setor para transformar desafios em soluções ágeis e eficientes.
Essa colaboração permite resultados que o governo, sozinho, dificilmente alcançaria. Além disso, o setor público, com seu grande poder de compra, pode usar essa força para apoiar pequenos negócios inovadores e impulsionar a transformação digital. Ao adotar esse modelo, aceleramos a inovação e promovemos um desenvolvimento econômico mais inclusivo e sustentável.
Milena: Como a colaboração entre governo, empresas privadas e startups pode acelerar a adoção de tecnologias inovadoras e beneficiar a sociedade?
Washington: As instituições perceberam que é muito mais rápido e econômico trazer mentes inovadoras de fora para colaborar com seus negócios do que formar equipes internas exclusivamente para desenvolver inovações. Isso vale tanto para grandes empresas quanto para o governo. No entanto, acredito em um fluxo múltiplo: é essencial ter pessoas pensando em inovação dentro da organização, promovendo uma cultura que incentive a criatividade e a fluidez nos processos.
É importante criar espaços onde ideias possam ser compartilhadas, transformadas em projetos e experimentadas. Para isso, temos laboratórios de inovação que cumprem esse papel. Contudo, também é fundamental manter as portas abertas para ideias externas.
360 News: Como o governo tem incentivado a busca por soluções inovadoras para resolver problemas públicos?
Washington: A legislação brasileira permite que governos realizem chamamentos públicos para buscar soluções inovadoras. Essa prática já acontece em lugares como São Paulo, Espírito Santo e Florianópolis, envolvendo diferentes poderes, como o Executivo e o Judiciário. O processo começa com o governo identificando um problema e lançando um edital para que startups e outras organizações apresentem soluções.
Esses editais atraem startups que podem atuar sozinhas ou em consórcios com grandes empresas, acadêmicos ou inventores. Projetos selecionados passam por avaliação e experimentação no ambiente governamental para validar suas ideias e cumprir exigências de licitações futuras.
Essa dinâmica cria uma ponte entre startups, pesquisadores e o setor público, transformando pesquisas acadêmicas em soluções práticas. Grandes empresas também adotam editais para identificar inovações, investindo em startups ou adquirindo participações. Esse modelo tem acelerado a inovação no Brasil, conectando setores e moldando o futuro de forma colaborativa.
360 News: Como a ideia de celebrar inovação e colaboração transformou o significado do mês de outubro para o serviço público de Mato Grosso?
Washington: Outubro é o mês do servidor público, mas queríamos ir além das tradicionais placas de homenagem. Decidimos celebrar inovação e colaboração, construindo um novo serviço público conectado ao futuro.
Na época, havíamos acabado de criar a área de inovação. Tínhamos poucos recursos e uma equipe reduzida. Então, com apenas três pessoas na equipe, incluindo um estagiário, lançamos a primeira edição do Outubro Movimente. O nome foi uma sugestão do próprio estagiário, o que foi muito simbólico, pois mostrou que a inovação pode vir de qualquer lugar, seja de um estagiário ou de alguém com 30 anos de carreira.
O evento foi realizado 100% com voluntários de todo o Brasil. Tivemos mais de 30 lives e promovemos um grande desafio. Foi uma experiência que mostrou como a colaboração e a criatividade podem superar limitações de recursos e trazer impacto real. O Outubro Movimente não é apenas um evento, mas um marco de como podemos reinventar e celebrar o serviço público.
Lançamos um desafio revolucionário: “Servidor público, saia de um problema, passe por uma ideia e entregue um protótipo em 30 dias.” Em um setor público acostumado a planejamentos anuais, isso foi uma quebra de paradigmas. No primeiro ano, formamos 10 times que, com mentorias e metodologias ágeis, transformaram ideias em soluções. Ao final, realizamos uma banca de pitch com premiações, tudo organizado sem uso de recursos públicos.
Impactamos quase 3 mil servidores. O sucesso foi reconhecido no ano seguinte, quando o Outubro Movimente ganhou o Prêmio Espírito Público, colocando Mato Grosso em destaque nacional. Mostramos que, com atitude, criatividade e colaboração, é possível transformar o setor público.
360 News: Como a expansão do Outubro Movimente para diferentes poderes e o envolvimento de instituições estaduais contribuiu para sua consolidação como um movimento estadual?
Washington: Este ano aconteceu a quarta edição do Outubro Movimente, um projeto que, ao longo dos anos, ganhou força e relevância. Durante o mês de outubro, oferecemos oficinas que expandiram a mentalidade dos servidores públicos em temas como inovação, governo digital e inteligência artificial, promovendo a construção de um novo serviço público. O desafio prático, onde os participantes transformaram ideias em protótipos, continuou sendo uma das principais atrações.
Ao longo desses quatro anos, protótipos nascidos no Outubro Movimente ganharam prêmios nacionais, trazendo reconhecimento e recursos aos servidores que os desenvolveram. Nesta edição, o evento se consolidou como um movimento estadual, envolvendo não apenas o Poder Executivo, mas também a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Nosso próximo objetivo é expandir para os municípios, promovendo ainda mais cooperação e impacto.
Além disso, outro marco foi o Acelera MT, o primeiro programa de aceleração de startups públicas no Brasil. Nele, servidores colaboraram com empreendedores privados para desenvolver projetos inovadores, utilizando metodologias ágeis e um ambiente estruturado com mentorias e capacitações. Este ano, 30 times atuaram como startups internas do governo, trazendo agilidade e inovação para projetos públicos. Esses avanços mostraram que o serviço público pode ser transformado com eficiência e impacto real na sociedade.