O marco financeiro de US$ 1 bilhão é apenas simbólico e não atesta a boa saúde de um negócio; mas oferece um bom recorte para entender o que acontece com startups que, em certo período de sua trajetória, conquistam a atenção dos investidores de venture capital

Começou com uma empresa tentando resolver a vida complicada de quem precisava pegar táxi nas grandes cidades brasileiras. A partir de 2018, mais de 20 empresas seguiram o caminho aberto pela 99 rumo à valoração na casa do bilhão de dólares. Esse marco financeiro é apenas simbólico e não atesta a boa saúde de um negócio. Mas oferece um bom recorte para entendermos o que acontece com startups que, em certo período de sua trajetória, empolgam muito os investidores de venture capital.

Atingir alto valor de mercado não garante sucesso para uma companhia. Um relatório da CB Insights de 2019 dava um alerta a respeito, usando um limite mais baixo, US$ 100 milhões: as startups que haviam captado acima desse valor num período de cinco anos tiveram, depois do IPO, resultados financeiros piores do que aquelas que haviam captado menos.

Empresas que recebem investimento excessivo para seu grau de maturidade podem sentir a ressaca, por fatores como excesso de expectativas e o descontrole de gastos. No Brasil, algumas das startups que sofreram depois de virar unicórnio, por motivos variados, foram Daki, Facily e WildLife. Globalmente, o caso mais extremo foi o do WeWork, que saiu em 2024 de um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.

A fim de entender melhor o que ocorre depois do status de unicórnio, Época NEGÓCIOS conversou com altos executivos de oito dessas empresas. Ainda que cada uma tenha seguido sua jornada, um aspecto as une – o caminho do crescimento não foi interrompido. Para exemplificar, podemos destacar três delas: EbanxHotmart e Wellhub.

O Ebanx, depois que se tornou unicórnio em 2019, atuou em várias frentes, como aquisições, expansão internacional e criação de novos serviços, no exterior e para o mercado interno. A empresa celebrou em 2022 o marco de 70 milhões de pessoas que já haviam em algum momento usado seus meios de pagamento.

Em 2025, esse número chega perto de 1 bilhão. João Del Valle, cofundador e CEO, lista alguns atributos menos agressivos e mais maduros para manter a empresa avançando: consistência e resiliência.

O Hotmart virou unicórnio em 2020 e reforçou sua posição como apoiador da economia criativa e dos criadores de conteúdo educativo digital. Em 2022, celebrava a superação de US$ 1 bilhão em vendas digitais pela sua comunidade de criadores. No ano passado, esse número passou de US$ 10 bilhões.

A empresa já vendeu para clientes em mais de 180 países. Ao longo do percurso, passou a oferecer produtos físicos ligados aos cursos, como livros. “Desde a fundação, todos os anos, crescemos pelo menos dois dígitos”, afirma João Pedro Resende, cofundador e CEO.

O crescimento segue em ritmo forte na Wellhub, que em 2025 projeta aumento de pelo menos 50% na carteira de clientes, atualmente com 22 mil empresas. Internacionalização também faz parte da estratégia – a companhia comprou em dezembro de 2024 a concorrente italiana Fitprime e em março de 2025 a alemã Urban Sports Club.

Só que, ao longo do caminho, a ex-Gympass precisou reinventar o negócio. Passou do modelo de diárias de academia numa rede credenciada para uma provedora desse e de outros benefícios corporativos ligados a bem-estar, como meditação, nutrição e terapia. Como se vê, não há receita pronta – mas sobra disposição para escrever um novo capítulo que também entre para a história do empreendedorismo no país.

“Quase 1 bilhão de pessoas usaram nosso serviço”

João Del Valle, CEO  — Foto: Divulgação

Ebanx
Setor: 
Pagamentos
Fundadores: 
Alphonse Voigt, João Del Valle e Wagner Ruiz
Ano de fundação: 
2012
Ano em que virou unicórnio:
 2019

“O Ebanx processa hoje mais de 2 milhões de transações todos os dias, com uma plataforma que agrega mais de 200 formas de pagamento, que já foram usadas por quase 1 bilhão de pessoas. A empresa expandiu sua presença global, ampliando de oito para 29 o número de países com a operação desde 2019, quando atingiu o status de unicórnio. Conquistar essa posição exige validação do mercado e investimento. Manter-se com esse status exige consistência, resiliência e inovação contínua. Cada fase tem seus desafios. Nossa trajetória sempre foi guiada pelo impacto gerado no mercado, e não apenas pelo valuation. A empresa nasceu em 2012, momento em que o e-commerce local estava começando e o internacional ainda era inacessível para a maioria dos brasileiros. Na época, compras online em sites estrangeiros eram restritas a quem tinha cartão internacional, o que criava uma barreira para milhões de pessoas no Brasil e na América Latina. Nosso primeiro marco foi integrar o boleto bancário como método de pagamento no AliExpress, em 2013. Isso viabilizou compras internacionais para consumidores brasileiros. Diferentemente de muitas startups, nossa empresa atingiu o breakeven rapidamente e operou por vários anos sem captação externa. A primeira rodada de investimento aconteceu apenas em 2018. Chegar ao status de unicórnio é um marco importante, mas essa não é a verdadeira jornada. No caso do Ebanx, o crescimento sustentável sempre foi um foco central – o objetivo nunca foi apenas atingir uma avaliação de mais de US$ 1 bilhão, mas sim ampliar o acesso à economia digital global por meio de pagamentos em países emergentes.”

“Nascemos digitais e hoje conseguimos vender produtos físicos”

João Pedro Resende, CEO  — Foto: Divulgação
João Pedro Resende, CEO — Foto: Divulgação

Hotmart
Setor: 
Cursos online
Fundadores: 
João Pedro Resende e Mateus Bicalho
Ano de fundação: 
2011
Ano em que virou unicórnio: 
2020

“Um dos nossos pontos fortes é ter acertado muito cedo o modelo de negócio. Ele evoluiu sem grandes quebras. Acrescentamos outras linhas de receita, mas o modelo nunca mudou. O que mudou, ao longo do tempo, foram os produtos e os clientes. Temos algumas avenidas de crescimento, como continuar a expansão internacional. Só nos países que falam espanhol temos mais uns dois “Brasis” para crescer. E tem ainda Estados Unidos e Europa, onde também já temos presença. Outro horizonte que há pouco tempo era impensável para nós é começar a trabalhar com produtos físicos [associados aos cursos]. E tem esse desafio que é de todos os setores, de saber usar a inteligência artificial da melhor maneira para impulsionar o negócio e beneficiar o cliente. Em nossa história, tivemos foco em lucratividade desde o início e construímos um modelo de negócio e um produto que nos permitiram escalar para outros países. Queríamos correr o risco da expansão internacional. Digo isso porque o mercado brasileiro é gigante e permite construir empresas muito grandes sem sair daqui. Esse potencial interno diminui o incentivo para o empreendedor cruzar fronteiras. Em 2011, fizemos muitos contatos com investidores, que renderam zero naquele ano. Só que surgiu uma competição para startups, chamada “Sua ideia vale 1 milhão”, organizada pelo site de comparação de preços Buscapé. Entre 800 empresas competindo, ao longo de nove etapas, nós vencemos. Assim, o Buscapé se tornou nosso investidor-anjo. Desde essa primeira injeção de capital, levamos nove anos para alcançar o status de unicórnio, em 2020. Nove anos mostra que é difícil chegar. Se você contar a quantidade de empresas criadas no Brasil e quantas se tornaram unicór-nios, percebe que é difícil demais chegar a esse status.”

“Transportamos uma fatia do PIB que dá até para medir”

Gustavo Mendes, CFO  — Foto: Divulgação
Gustavo Mendes, CFO — Foto: Divulgação

iFood
Setor: 
Entrega rápida
Fundadores: 
Patrick Sigrist, Eduardo Baer, Guilherme Bonifácio e Felipe Fioravante
Ano de fundação:
 2011
Ano em que virou unicórnio: 
2018

“Em 2018, processávamos 10 milhões de pedidos por mês em 400 cidades. Hoje são 110 milhões de pedidos mensais em mais de 1,5 mil municípios brasileiros. O número de entregadores triplicou e o de estabelecimentos parceiros cresceu quase oito vezes. O iFood movimenta R$ 110,7 bilhões anuais, o equivalente a 0,55% do PIB do Brasil. Desde a fundação, em 2011, no interior de São Paulo, a empresa evoluiu de um guia impresso de cardápios para uma empresa tecnológica que lidera o delivery online na América Latina. Ao longo dos anos, recebemos investimentos estratégicos para acelerar o crescimento: a Movile injetou US$ 2,5 milhões em 2013 e virou acionista majoritária em 2014. Alcançamos a marca de R$ 1 bilhão em faturamento em 2017. E o ano de 2018 foi um ponto de virada, com uma rodada de investimentos série G de US$ 500 milhões, liderada por Movile, Prosus e Innova Capital. Nessa trajetória, enfrentamos desafios regulatórios, concorrência acirrada e a necessidade de adaptar os serviços a um público cada vez mais exigente. Incorporamos novas soluções em 2019: permitimos compras em supermercados, farmácias, atacadistas e lojas de pets, entre outros. Em 2020, na pandemia, lançamos o vale-alimentação e o vale-refeição do iFood. Já em 2024, expandimos o portfólio com o iFood Pago, uma unidade de negócios com duas frentes: um banco digital para apoiar o crescimento dos restaurantes parceiros e o iFood Benefícios, que disponibiliza vale-refeição e vale-alimentação para empresas.”

“A Loggi tem o compromisso de democratizar a logística no Brasil”

Thibaud Lecuyer, CEO  — Foto: Divulgação
Thibaud Lecuyer, CEO — Foto: Divulgação

Loggi
Setor:
 Logística
Fundadores: 
Fabien Mendez e Arthur Debert
Ano de fundação:
 2013
Ano em que virou unicórnio: 
2019

“Desde que tornou-se unicórnio, em 2019, a Loggi expandiu os serviços – hoje tem espalhados pelo Brasil dez centros de distribuição, mais de 50 agências e mais de mil pontos de atendimento. Chega a mais de 5 mil municípios, quando antes chegava a pouco mais de 60. Nossa penetração no e-commerce brasileiro era de aproximadamente 7% quando viramos unicórnio e hoje já dobrou. Cada fase tem seus desafios. Hoje, um dos principais é ter sustentabilidade financeira, e rentabilidade atrelada à escalabilidade. À medida que crescemos, é essencial garantir que a infraestrutura e as operações sejam robustas o suficiente para atender com qualidade e eficiência diferentes demandas – no nosso caso, de pequenos, médios e grandes negócios que entregam nacionalmente. Temos o compromisso de democratizar o acesso à logística no Brasil, ou seja, contribuir com o crescimento de pequenos e médios empreendedores. Esse segmento cresceu mais de 150% em 2024 na Loggi. As PMEs agora têm a possibilidade de alavancar suas vendas online com qualidade na entrega nacional de produtos, que antes era reservada aos grandes players. A empresa foi fundada em 2013. Começamos com entregas rápidas dentro das grandes cidades e, três anos depois da fundação, iniciamos a expansão com entregas nacionais, com atuação no segmento de e-commerce. Em 2018, já começamos a usar IA para zoneamento e roteirização. No ano seguinte, recebemos um investimento que elevou o valor de mercado da companhia a mais de US$ 1 bilhão. A trajetória foi marcada por inovação e pelo cuidado com o cliente, abrindo um mercado que era dominado historicamente por um único player, estatal.”

“Damos mais poder a 50 mil pequenas e médias empresas”

Tiago Dalvi, CEO — Foto: Guilherme Pupo
Tiago Dalvi, CEO — Foto: Guilherme Pupo

Olist
Setor: 
E-commerce
Fundadores: 
Tiago Dalvi
Ano de fundação: 
2015
Ano em que virou unicórnio: 
2021

“Muita coisa mudou desde quando viramos unicórnio. Saímos de um modelo centrado em marketplaces para um sistema operacional completo. Quintuplicamos o volume de operações. Hoje, o foco é escalar com rentabilidade. Queremos ser o parceiro número 1 das PMEs no Brasil, com produtos robustos, acessíveis e conectados. Hoje, transacionamos cerca de R$ 60 bilhões por ano e atendemos uma base ativa de mais de 50 mil empresas. Recentemente, anunciamos um investimento de R$ 100 milhões na construção de produtos financeiros e seguimos aprofundando esta tese para simplificar a conexão entre varejo e bancos. A Olist nasceu em 2015 com a missão de dar poder para as pequenas e médias empresas. Começamos resolvendo um problema específico: como tornar o pequeno lojista competitivo em grandes marketplaces? A partir daí, ampliamos o escopo e construímos um ecossistema de soluções com ERP, plataforma de e-commerce, conta digital, gateway logístico. Alcançamos o status de unicórnio em 2021, depois de uma série de aquisições estratégicas e forte crescimento. Chegar nesse nível e continuar nele são ambos desafios gigantescos. Para alcançar um valuation de US$ 1 bilhão, qualquer negócio precisa se destacar em seu mercado com um produto que os clientes amem e enxerguem valor. Precisa de um mercado grande o bastante, um time de excelência, capacidade de reinvenção e adaptação e uma equação econômica que permita crescimento e rentabilidade. Para seguir crescendo como unicórnio, você precisa de tudo isso que já listei e ainda mais: disciplina operacional, cultura forte e uma visão clara de longo prazo, traduzida em uma estratégia viável.”

“Mais de 2 milhões de pessoas contaram conosco para encontrar casa”

Lucas Lima, CEO — Foto: Divulgação
Lucas Lima, CEO — Foto: Divulgação

QuintoAndar
Setor: 
Imóveis
Fundadores: 
André Penha e Gabriel Braga
Ano de fundação: 
2013
Ano em que virou unicórnio: 
2019

“Desde 2019, o QuintoAndar passou por uma transformação exponencial. De 60 mil contratos sob gestão, passamos a gerir 300 mil contratos. Cresceu dez vezes o número de imóveis vendidos. Hoje, somos a maior plataforma de moradia da América Latina e reconhecidos como a quinta marca mais valiosa do Brasil. Em 2020, expandimos para compra e venda de imóveis, movimentando mais de R$ 1,2 bilhão por mês e negociando um imóvel a cada 20 minutos. Também fortalecemos nossa presença em diversas regiões do Brasil, alcançando mais de 70 cidades. Trouxemos inovações na precificação de imóveis, com inteligência de dados aplicada ao QPreço, uma ferramenta que ajuda proprietários e inquilinos a entenderem o valor justo do aluguel com base no mercado. Aprimoramos a experiência do usuário com a busca por IA, que entende melhor as preferências e necessidades de cada pessoa, e oferece recomendações mais personalizadas. Ao longo da nossa jornada, alcançamos R$ 200 bilhões em ativos sob gestão, intermediamos mais de 700 mil transações e ajudamos mais de 2 milhões de pessoas a encontrar seu lar. Valuation não é um destino, tampouco uma meta a ser perseguida. Nosso objetivo é inovar para melhorar a experiência de quem busca um lar e fazer isso de forma sustentável. Sempre nos concentramos em gerar valor para clientes e parceiros, escalar nosso produto e transformar o setor imobiliário com tecnologia, sem perder o caráter humano que nos define. Evoluir significa enfrentar mudanças no mercado, adaptar-se às necessidades das pessoas e seguir comprometidos com nossa missão de ajudá-las a amar onde vivem, simplificando o mercado de moradia no Brasil.”

“Contribuímos com a segurança e eficiência da sociedade digital”

Costanza Gallo, CSO  — Foto: Divulgação
Costanza Gallo, CSO — Foto: Divulgação

Unico
Setor: 
Identidade digital
Fundadores: 
Diego Martins, Paulo Alencastro e Rui Jordão
Ano de fundação: 
2007
Ano em que virou unicórnio: 
2021

“Nosso valuation público mais recente, de abril de 2022, é de US$ 2,6 bilhões. De quando nos tornamos unicórnio para cá, praticamente dobramos o número de transações biométricas realizadas anualmente, de 214 milhões (2021) para 608 milhões (2024). O momento atual é promissor para criar uma rede global de identidade, com mais segurança e eficiência para a sociedade digital. Globalmente, empresas estão buscando soluções para autenticar usuários e evitar problemas com golpes e fraudes. Já os governos estão implementando novas regulamentações relativas a identidade e acessos digitais. Acompanhamos esse cenário de perto para balizar nossa estratégia de expansão. Temos um legado de 18 anos de atuação no Brasil, o que demonstra quanto a Unico pode contribuir com uma infraestrutura global de identidades. A empresa nasceu em 2007 com a missão de revolucionar o ecossistema de identidade digital no Brasil. Evoluiu para se tornar a maior empresa de verificação de identidade do país. Ao longo dos anos, expandimos o portfólio e consolidamos a liderança em todos os segmentos de atuação. Em 2021, recebemos o terceiro aporte, de R$ 625 milhões, superando o valor de mercado de US$ 1 bilhão. O ambiente econômico mudou muito nos últimos anos e tornou a eficiência financeira um fator essencial. O custo do capital aumentou, o que exige foco maior na rentabilidade e na otimização de recursos. Nesse cenário, decidimos que a empresa deveria se concentrar no core business: validação de identidade. Reduzimos projetos exploratórios e garantimos que cada iniciativa esteja alinhada às necessidades do mercado de identidade digital. O desafio não é só crescer, mas sustentar um modelo de negócio escalável e rentável.”

“Ajudamos mais de 4,5 milhões de pessoas a evitar o sedentarismo”

Ricardo Guerra, CEO no Brasil — Foto: Divulgação
Ricardo Guerra, CEO no Brasil — Foto: Divulgação

Wellhub (ex-Gympass)
Setor:
 Benefícios
Fundadores: 
Cesar Carvalho, Vinicius Ferriani e João Thayro
Ano de fundação: 
2012
Ano em que virou unicórnio: 
2019

“Estamos com 22 mil clientes em 11 países e esperamos crescer mais de 50% globalmente em 2025. Temos 4,5 milhões de assinantes e crescendo a cada mês. Atingimos a marca histórica de 600 milhões de check-ins na plataforma. Considerando que captamos US$ 555 milhões em investimentos, é como se tivéssemos gastado menos de um dólar para cada pessoa beneficiada. Em meados de 2023, tivemos um valuation de US$ 2,4 bilhões. De lá para cá, quase dobramos esse número. Mas ainda tem muita gente, muita empresa e muito país que não atendemos. Tem muito mais para a frente do que para trás. O status de unicórnio é valorizado pelo mercado, mas raramente mencionamos esse termo. Falamos é sobre as novas empresas, parceiros e usuários que queremos atender. Expandimos internacionalmente em 2014, por pressão dos clientes. Era um indicativo de que tínhamos um modelo de negócio global. Não havia nenhuma outra plataforma como a nossa fazendo B2B no mundo. Em dois anos, estávamos no México, Espanha, Reino Unido, Alemanha e Itália. As rodadas de investimentos foram cada vez maiores até sermos considerados unicórnio, em janeiro de 2019. Quando veio a covid-19, já tínhamos a ideia de avançar com aplicativos. Como já estávamos na Itália, começamos a sentir o impacto da pandemia antes de ela chegar ao Brasil. Nisso, aceleramos a inovação com aplicativos de mindfulness, nutrição e atividades físicas variadas. Assim, apoiamos os usuários isolados socialmente e as academias, enquanto estivessem com as portas fechadas. O grande salto foi deixarmos de ser B2C para ser B2B. Isso ocorreu meio por acaso, por convite de uma empresa que dava reembolso de academia aos funcionários e queria alguém para simplificar esse processo. Aí começamos a guinada. Entendemos que o potencial de mudança cultural dentro das empresas é tremendo. Enquanto a média de pessoas que frequentam academia no Brasil é de 5%, em nossos clientes, o número salta para mais de 40%.”

Por Tiago Jokura