O cofundador do Alibaba, que sumiu da vida pública após problemas com o governo chinês, fundou uma empresa de agricultura tech
Jack Ma, cofundador do Alibaba, foi durante muitos anos o principal executivo de tecnologia da China e um dos maiores do mundo. Porém, depois de criticar reguladores chineses, em 2020, ele ‘caiu em desgraça’ com o governo local e desapareceu da vida pública.
Desde então, o mundo todo especula sobre o que Ma tem feito. O que se sabe é que, agora, o empresário parece ter encontrado um novo negócio: a agricultura de alta tecnologia.
Confira a seguir um pouco da trajetória do empresário – as informações são do portal Business Insider.
O começo de tudo
Jack Ma, cujo nome de nascimento é Ma Yun, nasceu em uma família pobre em Hangzhou. Ele não se destacou na escola e foi reprovado duas vezes no vestibular antes de passar na terceira tentativa e entrar no Instituto de Professores de Hangzhou.
Após se formar, em 1988, se candidatou a dezenas de empregos e recebeu muitas negativas. Até que foi contratado como professor de inglês. Na época, recebia apenas US$ 12 (aproximadamente R$ 59 na cotação atual) por mês.
Em 1994, Ma iniciou seu próprio negócio de serviços de tradução e, após uma viagem a trabalho para os Estados Unidos no ano seguinte, criou a China Pages, a sua primeira empreitada no mundo online.
A empresa logo faliu, mas ele não desistiu e, em 1999, junto com um grupo de 17 amigos, fundou o hoje gigante Alibaba. O Business Insider desataca que, embora Ma seja indiscutivelmente o empresário de Internet mais bem-sucedido desta geração, ele começou a empreitada sem nenhum conhecimento de marketing ou de computadores.
“Ele era mais professor do que gerente”, analisou Brian Wong, o 52º funcionário do Alibaba, ao Business Insider. “Jack fala o que pensa. Na maior parte, é um ativo positivo em termos de como ele construiu o negócio”, acrescentou ele, que passou quase duas décadas na companhia, chegou a ser vice-presidente e, hoje, é consultor de uma unidade do negócio focada em educação e formação.
Do sucesso à queda
A reportagem do portal norte-americano pontua que, como empresário da Internet, Ma foi fundamental na condução do Alibaba e o seu carisma reuniu o apoio de que precisava.
Para se ter uma ideia dos seus feitos, no mesmo ano em que fundou a empresa, já conseguiu levantar US$ 5 milhões (R$ 25 milhões na cotação atual) do Goldman Sachs e outros US$ 20 milhões (R$ 99 milhões) do SoftBank.
O Alibaba cresceu durante a década de 2000 na China e, nos anos 2010, o empresário começou a sonhar para além do país. E seus sonhos viraram realidade. Em 2014, a companhia começou a ser negociada na Bolsa de Valores de Nova York, e ele se tornou a pessoa mais rica da Ásia no final daquele ano, com uma fortuna estimada em US$ 25 bilhões (R$ 124 bilhões).
Ma ficou conhecido no mundo todo e seu sucesso começou a ofuscar os seus mestres políticos em Pequim. Além disso, ele era muito aberto em algumas declarações isso – o que levou à complicações com o governo chinês.
Por exemplo, em outubro de 2020, criticou abertamente os reguladores chineses, dizendo que eles sufocavam a inovação. A partir daí, sua história mudou.
Um novo Jack Ma
Ma já estava aposentado do Alibaba havia cerca de um ano quando “desapareceu”. Mas mesmo escondido, se manteve ocupado, segundo o Business Insider. Nos últimos dois anos, ele foi visto em vários institutos ao redor do mundo – todos especializados em agricultura de alta tecnologia.
Em outubro de 2021, ele esteve na Espanha para aprender sobre agricultura e tecnologia relacionadas com questões ambientais. Também viajou para Holanda, Japão e Tailândia para estudar o mesmo tema.
Em maio deste mesmo ano, se tornou professor do Tokyo College, da Universidade de Tóquio, do Japão. Mas sua veia empreendedora seguia pulsando e, em novembro do ano passado, constituiu uma empresa chamada Hangzhou Ma’s Kitchen Food.
O South China Morning Post diz que a empresa está envolvida na venda de alimentos pré-embalados e no processamento e varejo de produtos agrícolas. Ma ainda não falou publicamente sobre o negócio e nem comentou porque está migrando para a agricultura.
Wong, ao Business Insider, disse que o empresário sempre se emocionou com a forma como a economia digital ajudou a conectar as comunidades rurais a oportunidades de crescimento. Além disso, sua fundação apoia educadores nessas comunidades.
O ex-funcionário do Alibaba observou que a agricultura é uma extensão do reconhecimento de Ma de que existem questões como as alterações climáticas, a escassez e a desigualdade que precisam de ser abordadas, tendo a tecnologia como motor.
Fonte: Época Negócios