sábado,23 novembro, 2024

O que é quiet quitting e o que ESG tem a ver com isso?

“Quiet quitting” é o novo jargão, muito usado durante as últimas semanas, para caracterizar um fenômeno não tão novo assim nas empresas.

Mas o que é quiet quitting? O termo tem sido utilizado para caracterizar, de forma abrangente, o estabelecimento de limites por parte de funcionários entre trabalho e vida pessoal, não entregando uma performance além do contratado em nome da saúde mental — portanto, saindo no horário e não assumindo funções extras que não foram combinadas previamente, custe o que custar.

O tema ganhou espaço nas redes sociais nos últimos dias.

E o novo termo da moda foi lembrado no Bloomberg Línea Summit, evento ocorrido em São Paulo nesta quarta-feira (15), em mesa sobre ESG – sigla em inglês para ambiental, social e governança – outro jargão que está quente no mundo corporativo.

Suelma Rosa, head de Reputação do Brasil na América Latina da Unilever, Ana Buchaim, diretora-executiva de sustentabilidade na B3 e Mariana Oiticica, co-head de ESG de Investimento de Impacto do BTG Pactual, conversaram sobre as possíveis relações entre os dois termos do momento.

O que o ESG tem a ver com o quiet quitting?

Quando se fala em ESG, temas como emissão de carbono, desmatamento e gestão de resíduos são facilmente lembrados por muitos.

Mas o ESG pode ir além do óbvio e combater problemas até então impensados, como o próprio “quiet quitting”.

Para Suelma Rosa, da Unilever, a também chamada “demissão silenciosa” é efeito de uma pressão econômica de longa data.

“Desde a revolução industrial, focamos tanto em estruturar processos, organizar os meios de produção, que esquecemos de quem estava por trás de tudo isso. É sobre pessoas”, diz.

E para mudar esta percepção, uma consciência ESG se torna fundamental.

“Se tem algo que a pandemia nos trouxe, é a recordação de que a vida é finita e precisamos fazer o melhor dela. É isso o que aconteceu com as pessoas. Encontrar um ambiente que te permita florescer é a chave do sucesso para a gestão de pessoas e para as organizações”.

Buchaim afirma que o contato humano foi essencial para a retomada da pandemia de uma forma saudável nas empresas.

“O que percebemos, durante a pandemia, é que as pessoas estavam cada vez mais distantes da cultura da empresa. Então, assim que possível, mantivemos o formato híbrido, com preferência pelo presencial”, disse.

Segundo a especialista, uma vez que as pessoas voltam ao escritórios, de forma equilibrada pelo formato híbrido, elas desenvolvem melhores laços com seus líderes e ficam mais motivadas.

“A nossa companhia funciona melhor”, pontuou.

Ela cita um estudo de Harvard que, além de dizer que o “quiet quitting” existe há muito tempo, atrela o fenômeno à capacidade do gestor criar um ambiente em que as pessoas conseguem prosperar, em vez de realizarem atividades mecanicistas.

A tão temida demissão silenciosa teria, portanto, soluções extremamente palpáveis e praticáveis — e dentro da alçada do ESG.

Afinal, o dinheiro fala

E quando as pessoas de uma empresa vão bem, a empresa vai bem.

As especialistas também defenderam que a adoção de melhores práticas de governança dentro das empresas tem impacto material nos resultados da companhia, indo muito além de jogadas de marketing ou discursos bonitos.

Buchaim, da B3, afirma que o ESG começa quando uma empresa incorpora em suas análises financeiras externalidades materiais que, anteriormente, não eram consideradas na gestão.

“Companhias que investem em seus funcionários performam mais do que as que não investem, isso é um exemplo do que é incorporar externalidade”, diz.

Ela cita o Índice GPTW B3, criado em parceria com a consultoria global Great Place to Work, com foco nas empresas que possuem as melhores práticas no mercado de trabalho.

O índice, que considera as empresas certificadas pela GPTW como as melhores para se trabalhar, acumula alta de 3,3% nos últimos seis meses. No mesmo período, o Ibovespa subiu 1,4%.

“Esse conhecimento não volta atrás”, afirmou.

E performance, no final das contas, é o que pesa na balança para a maioria dos investidores.

Oiticica, do BTG, lembra que a adoção de práticas ESG não deve ser encarada como uma formalidade ou adequação assessória, e sim como uma estratégia de sobrevivência.

“Os investidores não estão dispostos a abrir mão do retorno. A nossa visão é que os investimentos ESG dão o mesmo retorno que os tradicionais, ou até mais, pois são mais resilientes”, diz.

Por:  Laura Intrieri

Redação
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