O resultado está nas reportagens que foram publicadas na edição de maio da revista Época NEGÓCIOS e serão abertas durante esta semana aqui no site
A América Latina está pronta para se tornar uma fonte global de inovação.” A afirmação, feita em um artigo do Fórum Econômico Mundial, publicado em setembro de 2023, está ancorada em indicadores. Segundo o IDB Lab, as startups de tecnologia da região devem alcançar US$ 2 trilhões em valor de mercado até 2030. Em 2020, valiam US$ 220 bilhões. Como grandes negócios levam anos para amadurecer, as empresas destinadas ao sucesso já estão trabalhando. Grande parte delas, no Brasil.
O país é a economia mais inovadora da América Latina e uma das 50 mais inovadoras do mundo, segundo a edição mais recente do Global Innovation Index, realizado pela escola de negócios Insead e a revista britânica World Business. Foi a primeira vez que o Brasil assumiu a liderança regional, desde que o estudo começou a ser feito, em 2007. Segundo o documento, o país foi uma das cinco nações que mais avançaram e, pela terceira vez seguida, teve desempenho acima de seu desenvolvimento econômico.
Estimativas indicam que hoje existem 4,5 milhões de startups no mundo, de acordo com o relatório de 2024 da organização Startup Genome, a ser lançado em junho deste ano. No Brasil, há 19 mil delas, metade da quantidade de startups de toda a América Latina, segundo dados do Distrito.
Boa parte ainda se concentra em São Paulo – 36,3% delas, segundo levantamento realizado pela Abstartups em conjunto com a Deloitte. O eixo de inovação nacional, porém, encontra terreno fértil para migrar para regiões até pouco tempo atrás conhecidas por outras atividades, como o turismo. É o caso de Florianópolis, que construiu essa virada na última década, e de Campina Grande, no interior da Paraíba, dona da maior festa de São João do país. A Universidade Federal instalada na cidade é a maior depositante de patentes de inovação em 2023, como mostram os dados divulgados pelo Inpi, atrás apenas da Petrobras.
Para ver de perto onde a tecnologia abre espaço para novas vocações regionais, a reportagem de Época NEGÓCIOS percorreu as cinco regiões do país. As conclusões são surpreendentes.
Na Região Sudeste, concomitante à celebrada onda das fintechs, floresce em São Paulo uma nova geração de deep techs. É um tipo de startup de tecnologia profunda, que explora um avanço científico inédito, protegido por patentes. Tudo é específico numa empresa assim: o tempo de maturação, o papel de investidores estratégicos, a maneira de avaliar o potencial econômico e, principalmente, o caráter global do negócio. “A cidade pode ser a ponta de lança no desenvolvimento de deep techs em toda a América Latina”, afirma Ignacio Peña, responsável pelo estudo “Deep tech, a nova onda”, publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Na Região Centro-Oeste, o agro é pujante, mas não é tudo. Pesquisas com inteligência artificial servem para o campo, mas também para novas aplicações, como carros autônomos e tecnologias de triagem e reconhecimento de danos a veículos para seguradoras de automóveis. Startups da região como a Synkar, criada em Goiânia, já exporta para mercados como Canadá, e fechou acordos com gigantes como o iFood.
Laboratórios como o Parque Tecnológico da Paraíba, em Campina Grande, levam essa transformação para o interior do país. A cidade se tornou um hub que atrai empresas como Nokia, Nubank e VTEX e produz suas próprias startups.
Na Região Sul, jovens do Brasil e da Argentina podem viajar até Florianópolis a fim de conhecer as mais de 7,3 mil empresas de tecnologia, a maioria reunida na Rota da Inovação. “É parecido com o que se tem no Vale do Silício”, diz Iomani Engelmann, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate). Capital do país com menor potencial de geração solar, devido a questões climáticas, construiu uma vocação nova e se tornou a cidade que mais produz energia fotovoltaica, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em outros casos, como na Amazônia, há múltiplos caminhos em avanço. “A vocação da Região Norte é não ter uma uma vocação. É ter várias”, diz Paulo Simonetti, gestor do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio). Com incentivos da Lei de Informática, o estado do Amazonas se tornou desenvolvedor de tecnologia até para os Estados Unidos. Recentemente, a lei mudou para apoiar startups – e ajudar a destravar o potencial da bioeconomia. Fundos de investimento da Faria Lima abriram escritórios em Manaus, com teses sobre a economia verde.
E quem vê a floresta amazônica de cima, de avião, nem percebe essa revolução. Precisa ir lá conhecer de perto, com os pés. Foi o que fizemos. O resultado está nas reportagens que serão publicadas durante esta semana aqui no site.
Fonte: Época Negócios