Clonar contas do Whatsapp passou a ser febre entre os criminosos.
De acordo com uma matéria divulgada pela TV Centro América em janeiro deste ano, a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso informou que só aqui, no ano de 2020, mais 3.400 pessoas foram vítimas de estelionato, o que corresponde a 16% a mais, que em 2019.
A pesquisa dizia ainda, que 23% dos crimes eram na modalidade de clonagem de Whatsapp, 15% de uso indevido de dados pessoais, 10% de boleto falso e 8% de golpes por sites de comércio eletrônico.
Embora existam inúmeras manobras utilizadas pelos estelionatários para sequestrarem a conta do aplicativo, hoje eu quero comentar sobre a modalidade menos tecnológica de todas: aquela em que a própria vítima entrega seus dados ao criminoso.
Mas antes, permita-me contar uma breve história.
Na quinta-feira eu havia dormido tarde. A mesma tríade de sempre: Muito trabalho, pouco tempo para descansar e criança pequena. Coisa que só que tem filho entenderá.
No dia seguinte, acordei cedo e mesmo já tendo sido alertada sobre essa mania pouco saudável de pegar o celular antes do café da manhã, abri os olhos e dei o famoso “scroll” no Instagram.
“Comecei o dia bem”, pensei.
Havia recebido uma mensagem que dizia que eu estaria concorrendo a um sorteio entre os clientes de uma empresa. Para participar, eu só precisaria informar meu nome completo e celular com DDD.
Gentil que sou, agradeci a oportunidade, e sem nem mesmo titubear, passei o meu nome e telefone para o bandido.
No instante em que apertei o ENTER, recebi o seguinte SMS: “Sua conta do whatsapp será registrada em um novo celular. Nunca compartilhe este código”.
Se havia resquícios de sono, naquela hora eu pulei alto.
Em estado de alerta, levantei da cama apagando os dados que tinha enviado e já fui logo abrindo o perfil da empresa, que obviamente era falso.
O criminoso percebendo que eu não havia enviado o código, me mandou mais uma mensagem, pedindo para que eu repetisse o procedimento.
Eu disse que enviaria o código sim, mas direto para a polícia e fui bloqueada de imediato.
Não tendo certeza de que eu estava em um ambiente seguro, avisei meus contatos sobre o acontecido e pedi que não respondessem qualquer solicitação do meu celular.
Algumas horas depois, pude respirar tranquila, percebi que tudo não tinha passado de uma tentativa de fraude.
Este golpe em que quase caí, funciona da seguinte maneira: o estelionatário inicia a comunicação com a vítima, por telefonemas ou mensagens.
A conversa é sempre a mesma, ou é para participar de uma pesquisa, ou concorrer a prêmios oriundos de sorteios.
Os menos criativos, utilizando a desculpa da atualização cadastral.
Eles conversam de forma polida, escrevem com uma gramática impecável e possuem um profissionalismo ímpar, capaz de tornar quase que imperceptível o crime.
Após ganharem a confiança da vítima, solicitam que a mesma verifique e informe o código enviado pelo whatsapp.
Aqui mora o perigo!
Uma vez informado a chave de acesso, o estelionatário desconecta o whatsapp do seu aparelho e o transfere para outro.
Com a foto, conversas e lista de contatos em mãos, ele inicia a comunicação com seus amigos e familiares, pedindo dinheiro “emprestado”.
Mas vamos ao que importa: Como se proteger desse tipo de golpe.
O mais importante é treinar a sua intuição para desconfiar de mensagens ou telefonemas que pedem dados pessoais, especialmente o código do seu whatsapp.
Sempre que um familiar, parente, amigo, ou colega de trabalho te mandar uma mensagem pedindo para que seja pago um boleto ou efetuado uma transferência, certifique sobre a legitimidade das informações antes de realizar o empréstimo.
Um simples telefonema para quem pediu o favor, pode evitar o dano catastrófico.
Evite atender ligações ou responder mensagens quando estiver ocupado ou com a cabeça em outro lugar. A chance de um golpista perceber e tirar vantagem da sua distração, é muito grande.
David Modic, pesquisador de crimes cibernéticos, diz que: “Inteligência e experiência não protegem ninguém contra golpes”.
Por isso, nunca menospreze a capacidade de um estelionatário. Eles são habilidosos, manipuladores e não sentem um pingo de culpa. Mesmo sem querer, qualquer um pode ser vítima, pode ser eu, pode ser você.